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Aquecimento Global sem politização – parte III

Aqui analiso alguns críticos ao Aquecimento Global, tanto lá fora, como no Brasil.

Não sou ingênuo e sei que existem interesses econômicos dos dois lados da moeda, mas também é lógico que há mais dinheiro na mesa por pessoa para o lado que combate o AG, porque existem menos pessoas para distribuir dinheiro e existe mais dinheiro originário de interesses contra o AG.

Dentro desses interesses, destacam-se a indústria de petróleo, gás e carvão, emissores diretos de CO2, a indústria em geral, por causa da emissão de poluentes em geral, (cujo dano potencial no ar, água e terra é relativado pela maioria dos adversários do AG); e o setor agropecuário, que responde por cerca de 1/3 do efeito estufa.

Do outro lado, existem corporações ligadas à energia nuclear ( fissão, fusão) e alternativa (solar, eólica etc), fora grupos ambientalistas, alguns deles mais radicais.

Em muitos casos, há empresas que jogam nos 2 times, como a Shell, mas onde o jogo mais poderoso ainda é na área de energia convencional. No caso da Exxon, com um braço ela investe na energia alternativa e admite o AG, mas com o outro braço, ela combate o AG, financiando organizações que o “refutam”.

Abaixo discorro sobre alguns dos mais conhecidos detratores do AG e seus “patrocinadores” e depois falo um pouco sobre os 2 mais famosos críticos ao AG no Brasil: Ricardo Augusto Felício e Luiz Carlos Molion.

Qual o elo entre o Cigarro e o Aquecimento Global?

Aqui vamos passear um pouco no meio de alguma mais renomados detratores do AG e existe um denominador comum para a maioria deles: Heartland Institute

O nosso “passeio” se inicia pelo PragerU, organização de mídia digital conservadora com fortes ligações religiosas, que publica vídeos sobre assuntos diversos como iniciativa privada, liberdade econômica, religião, aborto, etc.

PragerU usou um dos seus colaboradores, o dinamarquês Bjørn Lomborg, para fazer um vídeo criticando o Acordo de Paris, como se ele fosse um partidário das previsões do Aquecimento Global, o que ele não é, como mostram todos os materiais que Bjørn tem publicado ao longo dos anos, inclusive seu livro de 2001, O Ambientalista Cético.

Bjørn Lomborg não é sequer um cientista da área de exatas. Ele é graduado em estatística e fez mestrado e doutorado em Ciências Políticas. Mesmo assim a PragerU o escalou como protagonista de alguns vídeos sobre o Aquecimento Global, onde ele o minimiza.

Lembrando que Bjørn Lomborg foi o mesmo que em 2008 publicou uma reportagem no The Guardian negando a elevação do nível do mar:

“Nos últimos 2 anos o nível do mar não cresceu. De fato, ele mostra uma leva queda. Os cientistas não deveriam dizer que isso é muito melhor que o esperado.”

Meu Deus! Como um cara graduado em Estatística não sabe que a evolução do nível do mar de dois anos é um mero ruído estatístico dentro de um período de tempo maior, que mostra a tendência inequívoca de elevação do nível do mar?

No gráfico abaixo pode ser visto com clareza que, a despeito de flutuações de curto prazo, o nível do mar sobe, sobe e sobe.

O nível do mar pode cair em um tempo curto, mas geralmente sobe!

Ao invés de discorrer sobre tópicos como a vagueza do acordo de Paris, Bjørn gastou a maior parte do vídeo em relatar as baixas previsões de queda de temperatura caso o Acordo de Paris fosse honrado, afastando-se totalmente da verdade científica, como atesta outra reportagem do mesmo The Guardian.

Só que Bjørn Lomborg é ligado ao Heartland Institute, dentre outras entidades financiadas por setores empresariais norte-americanos.

Pois bem, o Heartland Institute é uma fundação conservadora financiada por diversos setores industriais norte-americanos, que se notabilizou na década de 90 por participar do lobby da indústria de cigarro contra cientistas que caluniavam o cigarro, insinuando que o cigarro poderia fazer mal a saúde dos fumantes passivos. Imagine se isso é verdade! Que calúnia!

Nos anos 2000, o Heartland Institute prosseguiu fazendo lobby, dessa vez contra qualquer restrição de fumar em lugares públicos fechados.

Um dos principais financiadores do Heartland Institute são as Indústrias Koch, gigante que atua em 60 países, emprega mais de 100.000 pessoas e atua em áreas com extração, fabricação, refino e distribuição de petróleo, químicos, energia, fibras, polímeros, minérios fertilizantes, polpa, papel, fazenda, ativos financeiros, etc.

Os mais famosos cientistas que militam contra o Aquecimento Global antropogênico são John Christy , Roy SpencerIvar Giaever e Richard Lindzen.

Guess what!

Eles são todos oficialmente ligados ao famigerado Heartland Institute. Inclusive eles estão na seção “Who We Are” oficial do site, via links acima, exceto o John Christy, que esteve lá por anos, mas saiu recentemente da lista.

Há poucos cientistas de renome que lutam contra o Aquecimento Global e milagrosamente muitos deles estão vinculados à mesma organização. Conveniente coincidência, não?

O californiano John Christy foi pastor por 9 anos, tendo inclusive sido missionário na África por 3 anos. Ele é o único do grupo que se tornou um verdadeiro climatologista. Os argumentos dele são discutidos aqui.

O norte-americano Roy Spencer, é um meteorologista da mesma universidade que John Christy, que, mesmo não tendo sido pastor como John, por incrível que pareça se declara como um criacionista. Os argumentos e suas réplicas estão aqui.

O norueguês Ivar Giaever (atualmente com 92 anos) ganhou um prêmio Nobel em 1973, mas é físico e não climatologista. Os argumentos dele são expostos aqui.

O norte-americano Richard Lindzen é um renomado físico especializado em meteorologia. Os argumentos deles são debatidos aqui.

No Heartland Institute temos também o ilustre Marc Morano, que, mesmo não tendo nenhuma formação formal na área, é muito ativo tocando o  ClimateDepot, site crítico ao AG. Na prática, Marc trabalha com muitos políticos e pode se dizer que ele ganha a vida como lobista.

Isso sem contar com outras ligações financeiras suspeitas ligadas a esses cientistas: John Christy tem vínculos com o Cato Institute (Indústrias Koch), Roy Spencer é ligado ao George C. Marshall Institute, financiado pela ExxonIvar Giaever é filiado ao Cato Institute (Indústrias Koch) e Richard Lindzen é ligado ao Annapolis Center, financiado pela Exxon.

Quando a maior empresa privada de carvão do mundo, a Peabody Coal, entrou em um tipo de recuperação judicial quem apareceu na lista oficial dos seus credores?

Ninguém menos que Richard Lindzen e Roy Spencer.

Indústria do tabaco pagava para defender o cigarro.

Há alguns anos publiquei um post sobre o vexaminoso papel da indústria do cigarro nas nos anos 60, cooptando cientistas para publicarem artigos e reportagens contra a ideia que o cigarro fazia mal à saúde.

Hoje ninguém mais contesta os males do cigarro.

Cientistas Brasileiros contra o AG

No Brasil, os 2 mais famosos cientistas contra o AG são Ricardo Felício e Luiz Carlos Molion.

Vamos então nos concentrar nessas 2 figuras: no primeiro caso dissecando um gráfico falso e no segundo caso, analisando o currículo, as motivações e alguns argumentos.

Ricardo Felício e o gráfico deturpado

Ricardo Augusto Felício tem graduação (1998 na USP) e mestrado (2003 no INPE), em Meteorologia, mas ele se desviou das exatas, fazendo doutorado em Geografia Física (2007-USP), sendo atualmente professor da USP.

Por curiosidade, Felicio também opina sobre saúde. Ele publicou um vídeo chamando a pandemia de COVID-19 de “fraudemia” e as vacinas de “remedinhos experimentais”.

Apesar da boa formação formal, embora com um desvio via formação em geografia física, o currículo dele é fraco, não tendo nenhum artigo relevante publicado que seja citado via Web of Science. Ele só escreveu 2 artigos fora de fóruns, ambos publicados em periódicos nacionais nos anos de 2014 e 2015, sendo o de 2015 sobre Geografia Física.

Ricardo Felício ficou famoso, depois de sua entrevista no Jô Soares, onde ele desanca sem dó nem piedade o Aquecimento Global, com argumentos que foram organizadamente refutados aqui.

A partir daí a agenda dele não mais parou. De um virtual desconhecido, ele se tornou uma celebridade em certos meios.

Pirula , que mantém um canal bem-sucedido de vídeos científicos no YouTube com quase 1 milhão de inscritos, contestou  Ricardo Felício nesse vídeo de quase 1 hora.

Ricardo Felício, então, agarrando-se no canal do Nando Moura, com 3,2 milhões de inscritos, resolveu “lacrar” Pirula em um vídeo de 1:15 , alegremente compartilhado por diversas internautas.

Pirula respondeu Ricardo Felicio aqui e depois em algumas continuações.

Além disso, existe a resposta de 16 minutos muito bem embasada, do climatologista brasileiro Alexandre Araújo Costa, com um belo currículo, também dividido em vários vídeos. .

Aqui, concentrarei-me no descaramento do Ricardo Felício, ao produzir um gráfico “maquiado” na resposta dele a Pirula, mostrado pelo Alexandre Costa

O gráfico de baixo é uma cópia adulterada do gráfico superior

Esse gráfico apresenta várias características peculiares:

1) Ricardo Felício selecionou apenas 5 meses no ano. Não é, de modo nenhum, a forma mais desejável e expressiva de se mostrar dados de evolução de qualquer variável climatológica que se preze.

2) Junto com a média de extensão de gelo tomada de 1979–2000, Ricardo coleta 2 anos isolados (2007 e 2012), mesmo sabendo que é irrelevante pescar dois anos isolados em considerações de clima global.

3) No gráfico, ele mescla desajeitadamente e preguiçosamente legendas em Português e Inglês.

4) Ele especifica a fonte aproximada (National Snow and Ice Data Center), mas isso remete a um extenso site com toneladas de dados e gráficos.

5) Ricardo não especifica a área utilizada. Pelos números, não pode ser referente a todo o planeta. Isso torna a conferência da acurácia do gráfico, mais complicada.

6) O próprio critério de áreas de mares com 15% de gelo é algo confuso. Qual a razão dessa específica granularidade desse mosaico?

7) Ele vai contra todas as interpretações dos dados feitas pelo próprio site.

8) Pesquisando um pouco, chega-se ao gráfico, que é uma ilustração perdida e pouco importante de um site que apresenta uma riqueza de dados, tabelas e gráficos muito mais relevantes.

9) O Ricardo Felício claramente copiou e editou da fonte citada e alegremente cortou todos os anos entre 2008 e 2011.

10) Felício omitiu completamente o texto que interpreta o gráfico e não se esforçou para incluir dados dos anos posteriores a 2012.

11) Ele não citou que o ano de 2012 estava incompleto e pior, alterou o final do gráfico referente a 2012, omitindo que, no final, o gráfico estava se descolando para baixo.

12) Quando se vê os anos posteriores, o ano de 2012 foi, de fato, um pouco melhor, o que prova… nada.

13) Em suma, para se poupar, Ricardo Felício chupou o gráfico, editou e cortou o que quis e, ainda, não indicou sua fonte, no que pode ser considerado um plágio seguido de uma adulteração.

Acima pode ser visto que o resto de 2012 (fora da janela de meses que o Ricardo Felício usou) foi um desastre.

Se Ricardo Felício tivesse que pegar os 2 anos seguintes (2013 ou 2014), ele não teria sido tão “feliz”.

Um pouco sobre Luiz Carlos Molion

Luiz Carlos Molion, de 74 anos, ao contrário do geógrafo Ricardo Felício, é um cientista com formação muito mais sólida, graduado em Física pela USP e tem PhD em Meteorologia pela Universidade de Wisconsin e foi professor por muitos anos na Universidade Federal de Alagoas, até se aposentar.

Apesar disso, o currículo dele é longe de ser brilhante, mesmo para um pesquisador brasileiro: ele consta em muitos artigos como coautor, mas são apenas 8 artigos indexados pela prestigiosa Web of Science e nenhum deles como autor principal.

Ele publicou apenas 1 deles nos últimos 15 anos, sobre regime de chuvas. Desses 8 artigos, há só 3 artigos que podem ser considerados relevantes pela quantidade de citações no Web of Science.

O primeiro deles foi publicado em 1984, há mais de 36 anos atrás, sobre o fluxo de energia na Amazônia, onde ele aparece como 10º. autor de um total de 15 autores.

O segundo deles é um artigo de 2005,  o único dos 8 que se refere indiretamente ao aquecimento global, que aborda a análise de temperaturas extremas na Amazônia entre 1960 e 2000. Molion aparece listado como 13º autor dos 25 autores do artigo.

O paper conclui que nesses 40 anos houve um significante recuo das temperaturas mínimas, com noites mais quentes. Ou seja, parece ser do tempo em que ele ainda não tinha assumido a atual posição contra o Aquecimento Global.

Para encerrar a tríade, resta um artigo de 2006 sobre fluxo de energia na Floresta Amazônica, onde  não consta o Molion como autor (na verdade, ele consta apenas da lista de agradecimentos do artigo), apesar do Lattes indicá-lo como um dos autores, lembrando que o preenchimento do Lattes é de responsabilidade do próprio objeto do currículo.

Ou seja, Molion cometeu aí uma pequena mentirinha.

Em relação às fontes financiadoras do Molion não há transparência. Ao contrário dos EUA, não há informações coletáveis na Internet sobre essa questão.

O que se sabe é que ele dá muitas palestras, especialmente para associações do agronegócio, sindicatos rurais, faculdades ligadas a agronomia e até uma empresa de fertilizantes.

Afinal, a agricultura tem interesse em manter as práticas atuais 100% inalteradas, já que se estima que a Pecuária seja responsável pela emissão de 14,5% do gás do efeito estufa. Já a a Agricultura responde por cerca de 17% e o uso em si da terra, responde por algo entre 7 e 14%.

Vale lembrar que entre os céticos brasileiros do Aquecimento Global no Brasil, Molion é o único com PhD específico na área. Assim, Molion ocupa um nicho interessante no mercado de palestras, dependendo da ideologia de quem quem o contrata. Se o contratante quiser uma palestra de um cientista a favor do AG, há muitas opções, mas se for para ser contrário, o Molion é o mais gabaritado para isso.

Considerações sobre alguns argumentos de Molion

Como ele não é um cientista que de fato ganhou projeção, não há, de forma facilmente acessível, textos ou vídeos de refutação aos argumentos do Molion.

Por esse motivos assisti a um vídeo dele de 10 minutos de 2010, nas suas 2 primeiras afirmações e uma reportagem de 2013 que saiu na Piauí, relativo a sua terceira afirmação:

1) “Eu afirmo que não existe AG, porque já ocorreu no passado períodos que esteve mais aquecido do que agora, por exemplo, se formos no período de 800 a 1200 depois de cristo, chamado período quente medieval, as temperaturas estavam mais elevadas do que agora, e naquela época o homem não liberava carbono, não emitia carbono para a atmosfera.”

As evidências sugerem que o Período Quente Medieval de fato foi mais quente do que hoje em algumas partes, tais como no Atlântico Norte. Esse aquecimento permitiu que os Vikings viajassem mais ao norte do que antes devido à redução do gelo marinho e terrestre no Ártico. Contudo, as evidências também sugerem que alguns lugares estavam muito mais frios do que hoje, incluindo o pacífico tropical. O que precisa ser examinado é a média da temperatura e não temperaturas de lugares específicos.

Na realidade as temperaturas globais têm subido muito além das alcançadas durante o Período Quente Medieval na maior parte do globo. Isso também foi confirmado por um importante artigo escrito, em 2013, por 78 cientistas representando 60 instituições científicas ao redor do mundo.

Outra peça de evidência também sugere que mudanças nos padrões de circulação oceânica tiveram um papel importante ao levar águas mais quentes para o Atlântico Norte. Isso explica muito do extraordinário aquecimento da região.

2) “Entre 1925 e 1946, houve um aquecimento também bastante expressivo que corresponde  praticamente a 70% de todo esse aquecimento que dizem que ocurre nos últimos 150 anos, naquela época houve um aumento de 0,4C, entre 1925 e 1946, e isso muito   provavelmente foi devido à maior atividade solar na primeira metade do século XX, e o fato de  que houve um período, esse período, em que praticamente não ocorreu nenhuma grande erupção vulcânica, de tal forma que a atmosfera ficou limpa, transparente e entrou mais radiação solar e aumentou então a temperatura”.

Resposta: Tal linha de argumentação não faz o menor sentido e não tenho como saber de onde ele extraiu essa sandice.

Enquanto o primeiro ponto ainda pode ser debatido, esse segundo ponto que Molion levanta, é totalmente criado em sua mente, porque, em geral, os interlocutores não têm conhecimento para refutar esse tipo de afirmações em tempo real.  

Note que uma busca em inglês entre 1925 e 1946 no Google com temperatura, aquecimento global etc.; não retorna nada digno de nota.

Se olharmos o gráfico de temperatura com média móvel de 11 anos não existiu o tal aquecimento no período, e nem houve maior atividade solar durante esse período.

E mais: em tempos recentes, mesmo com a elevação de temperatura observada, nota-se que a atividade solar em caindo em um certo nível.

Nada de interessante no período de 1925 a 1946

Além do mais, a tal queda de atividade vulcânica no período relatado, também não procede. Assim, o argumento dele é um pastel cheio de vento, sem ligação a qualquer fato observado.

De todo o modo, a contribuição energética dos vulcões ao sistema superfície-ar-oceano-gelo é pequena e o aporte de CO2 é pequeno comparado à atividade humana.

Vulcanismo diminuiu entre 1925 a 1946? Não!

3) Em 2013, Molion declarou que o planeta caminha rumo a um resfriamento – prova disso seria a estabilização das temperaturas desde 1998, apesar do aumento das emissões. 

Resposta: Bem, os dados e gráficos falam por si. Não existe o tal resfriamento da Terra, muito pelo contrário. A temperatura que precisa ser acompanhada é a média global e não a temperatura de locais específicos. Além disso, é preciso considerar a média de 11 anos, que é a duração do ciclo de atividade solar. Finalmente, a aproximação de uma era ou mini era glacial, que poderia justificar uma tendência de resfriamento, se houver um dia, é algo muito lento. Afinal, o que são 10, 20 ou 30 anos para a Terra? A segunda parte desse artigo que escrevi fala sobre isso.

Opiniões por um motivo

Na prática, a maioria das pessoas costumam casar com suas ideias, porque investiram muito tempo nelas. É muito doloroso enfrentar isso, sem afetar sua autoimagem e, desse modo, dificilmente mudam de opinião.

Para certas celebridades e influencers, é mais difícil ainda, porque muitas vezes suas ideias estão, como vimos, conectadas a financiadores.

Note que é bem raro um adversário do AG mudar de ideia, mas acontece. Por exemplo, Chad Myers, um meteorologista que trabalha na CNN, negava abertamente o AG, mas em 2016 terminou mudando de ideia, e até escreveu um artigo confirmando isso.

Considerações Finais

Vale dizer que, a despeito desse artigo, argumentos baseados em destacar as qualidades dos defensores de uma tese ou desqualificar os adversários da mesma tese, podem ser bastante ilustrativos; mas não servem como meio efetivo para se evidenciar alguma coisa.

Nesse sentido, é fácil para alguém que acredita em alguma teoria bizarra, encontrar um cientista gabaritado que a defende, no afã de evidenciá-la.

O cientista Linus Pauling, o único na história que chegou a ser agraciado sozinho 2 vezes com o prêmio Nobel, parecia que acreditava verdadeiramente que ingerir muita Vitamina C diária tinha um importante impacto benéfico à saúde.

Ele, que chegou a tomar 18 g de Vitamina C por dia, além de declarar que as pessoas que tomam vitamina C e outros suplementos nas “quantidades ideais” viveriam 25 a 35 anos a mais. “Mais do que isso”, disse ele, “eles estarão livres de doenças.”.

Pauling é listado como um dos cientistas que sofrem ou sofreram da doença Nobel, denominação satírica que lista diversos agraciados com o prêmio que, a partir de um dado momento, passaram a defender ideias para lá de estranhas.

Desse modo, um defensor do poder terapêutico de megadosagens de vitamina C poderia, por exemplo, contar com o Linus Pauling, mas isso é muito longe de ser suficiente para colocar a Vitamina C no pódio.

O que vale, de fato, são os argumentos em si sobre a ideia em questão. Uma tese, qualquer que seja, precisa de muito mais do que a mera citação de autoridades que a corroborem para ser correta. Por isso escrevi um artigo sobre o AG que abre mão de usar a falácia de autoridade como argumento válido e se atém aos fatos.

Paulo Buchsbaum

Fui geofísico da Petrobras, depois fiz mestrado em Tecnologia na PUC-RJ, fui professor universitário da PUC e UFF, hoje sou consultor de negócios e já escrevi 3 livros: "Frases Geniais", "Do Bestial ao Genial" e um livro de administração: "Negócios S/A". Tenho o lance de exatas, mas me interesso e leio sobre quase tudo e tenho paixão por escrever, atirando em muitas direções.

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