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Junho é o mês do Orgulho LGBT. No dia 28 comemora-se o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+. Neste dia, em 1969, ocorreu a Rebelião de Stonewall, em NY, onde gays, lésbicas, travestis e drag queens enfrentaram policiais em um episódio que é considerado o marco-zero da luta pelos direitos LGBT nos EUA e no mundo.

A idéia original seria a conscientização da população sobre a “importância do combate à homofobia e a transfobia para a construção de uma sociedade livre de preconceitos, independente da orientação sexual e identidade de gênero.

Corte para um flashback na minha infância na década de 70:

As Sufragistas ( filme de 2015)

O grande tema de discussão naqueles anos da minha infância era o feminismo, a igualdade de direitos e oportunidades entre homens e mulheres. Só que para mim, na minha família, esse sempre foi um não-assunto. Explico: minha mãe sempre trabalhou, teve uma carreira sólida e respeitada, era independente financeiramente e tudo na minha casa era dividido e decidido igualmente entre meus pais. Não havia uma hierarquia entre eles nas decisões. Assim, igualdade entre homem e mulher era um não-assunto porque para mim isso sempre foi o normal, o esperado, o óbvio.

Mas, depois percebi que o que acontecia na minha casa era uma exceção. Na época, poucas mulheres tinham esta independência finaceira e reconhecimento profissional, que foi algo evoluindo ao longo do tempo. E, isto no mundo ocidental, onde até mesmo o direito ao voto teve que ser conquistado ao longo de décadas. Atualmente, em grande parte dos países da África e Ásia, ainda ocorre esta discriminação, mulheres não tendo a igualdade plena de direitos e independência de decisões em relação aos homens.

2021:

Hoje, 6 de junho de 2021, ocorre pelo 2º ano consecutivo, apenas como evento virtual, a tradicional Parada do Orgulho LGBT de São Paulo . No último evento presencial pré-pandemia, em 2019, estima-se que 3 milhões de pessoas participaram do evento. É um dos mais esperados e lecrativos eventos para a indústria turística paulistana, junto com o GP da F1 e o carnaval.

3 milhões de pessoas. Convenhamos que adquiriu um porte que deixou de ser apenas uma pequena minoria e passou a representar uma parcela considereavel da sociedade.

Na minha opinião, assim como me referi ao feminismo, a orientação sexual e identidade de gênero das pessoas, também deveria ser um não-assunto: faz parte do pacote de direitos individuais de cada um, que diz respeito apenas a ele e deveria ser algo absolutamente tratado como algo normal, esperado, óbvio. Em outras palavras, não deveria ser da conta das outras pessoas com quem cada um se relaciona.

Porém, também usando o feminismo como referência, isso não acontece. Ainda ocorre preconceito, discriminação, ofensas, agressões e o pior, a não aceitação por parte de seus familiares , círculo de amizades ou em ambiente profissional.

Assim como as mulheres, ao longo da história, precisaram “lutar’ para conquistar o obvio direito de serem tratadas como iguais aos homens, atualmente uma das principais agendas do mundo é este movimento para que orientação sexual e identidade de gênero também não seja um fator discriminatório.

Só que é aqui que começa a ocorrer uma diferenciação entre estes 2 movimentos, a maneira como ocorre esta “luta”, que é o tema principal deste texto que você está lendo.

LGGBDTTTIQQAAPP:

Você leu certo o que escrevi. Não foi um gato que ficou batendo aleatoriamente no teclado até digitar as letras LGGBDTTTIQQAAPP.

Atualmente, o nome mais usado e aceito do movimento é LGBTQIA+.

Mas, no exterior, já vêm sendo utilizada como sigla para nomear este movimento a sopa de letrinhas que é o título deste post. As letras representam os termos da lista a seguir:

  • Lesbian
  • Gay
  • Genderqueer
  • Bisexual
  • Demisexual
  • Transgender
  • Transsexual
  • Twospirit
  • Intersex
  • Queer
  • Questioning
  • Asexual
  • Allies
  • Pansexual
  • Polyamorous

Não vou definir o que é cada termo. Quem tiver interesse pode achar aqui.

A causa anti-discriminação é justa, séria e urgente.
Mas não há interesse na militância radical em criar qualquer tipo de simpatia para conscientizar o grande público, não priorizam esclarecer, mas sim se afastam cada vez mais das preocupações reais . Priorizam o conflito, não o consenso.

Vou destacar 2 pontos, que acho os principais e os mais errados nesta estratégia, se é que possa ser chamada assim.

O menos importante é a perda de tempo, energia, foco com assuntos absolutamente secundários que atraem a antipatia do grande público. Atitudes lacradoras como querer impor para toda a sociedade seu dialeto que simplesmente não funciona como linguagem falada, neutralizando gêneros e exigindo a adoção da “linguagem inclusiva”, com o uso de palavras como “alunxs” ou “alunes”, “amigxs” ou “amigues” e similares.
Isso em termos de linguística é uma aberração.
É sinal de pessoas que simplesmente ignoram o contato humano direto, pois é uma forma de comunicação que só funciona através de textos.
É se afastar do Mundo Real.
Pior: transforma a causa numa piada no mundo real!

O que nos leva ao 2º ponto, que é o mais importante.

Branding:

Branding  é uma estratégia de projetar a identidade de uma marca. Seu objetivo principal é despertar sensações e criação de conexões fortes, confiança e empatia nas pessoas, para se alcançar os objetivos estratégicos planejados.

Feminismo é feminismo. Ponto. Engloba todas as demandas das mulheres. Existe a unificação de objetivos, de público-alvo.

Já uma sigla formada por um acrônimo enorme que constantemente é atualizada, com o acréscimo de novas letras, que precisa ser explicada constantemente, é inútil.

Pior, ela explicita aquilo que justamente pretendem combater: a Discriminação.

Dentro do movimento, se cada uma das orientações sexuais, se cada uma das identidade de gênero, exige que seja explicitado o quanto é única e especial, com a criação de mais e mais definições, com sua respectiva letra na sigla, transmite para a sociedade a desunião que ocorre entre si. Que L se diferencia de G que não quer ser confundido com B que é diferente de T e por aí vai.

Se perde o foco, se perde a força e aquele publico enorme da foto da Paulista deixa de ser uma potência de 3 milhões e passa a ser vários sub-grupos de 100 mil. Ainda é representativo? Sim, é. Mas com muito menos peso.

Atualmente, mesmo dentro do movimento existe um patrulhamento entre esses sub-grupos. Recentemente, na última edição do BBB, foi marcante a divisão e discriminação entre um grupo dos participantes homossexuais, contra um outro, por ser bissexual. Praticaram aquilo que justamente mais criticam na sociedade como um todo: a intolerância.

A mensagem que transmitem é que a única pauta absolutamente unânime é que acham que os heterossexuais, fora do movimento, são “reaças conservadores homotransqueerfóbicos“.

Se você chegou até este ponto do texto, quero agradecer sua atenção e recomendar a leitura de outros 2 textos daqui do Papo de Boteco, do Márcio Hervé, que também escreveu sobre o mesmo assunto, mas com muito mais verve e qualidade:

Finalmente, dedico este post à memória do ator Paulo Gustavo, que “foi muito mais importante para a luta pela mudança de costumes do que muitos que se dizem “militantes” mas que, com sua fala raivosa e cheia de mágoas, acabam por gerar reações no mesmo nível.

https://youtu.be/1lup06OsQxI

Gui

Sou o Gui. Fiz arquitetura, pós em marketing, MBA em comércio eletrônico. Desde criança , quando adorava ler Julio Verne, eu gosto de explorar, descobrir novidades. Aqui no Papodeboteco vou conversar contigo sobre descobrir como podemos explorar nosso tempo livre.

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