Opinião

Retrospectiva Covid19: 1 ano de Netflix

1 ano do caso 150 da pandemia de Covid19 no Brasil! Um ano! Quem diria, naquele distante março de 2020, quando o vírus de nome esquisito que veio de um morcego chinês, após uma blitzkrieg que dizimou a Lombardia, chegou chegando no Brasil, que os previstos 15 dias de confinamento se tornariam 1 ano e contando?

Março de 2021: Uma estranha sensação de Deja-Vu.
Curva crescente de casos e óbitos, insegurança sobre a virulência e letalidade da nova variante, insegurança de quem serão os grupos mais afetados, lock-down recém-decretado de 2 semanas ( que os especialistas afirmam que terá que ser mais longo…).

E pessoas se aglomerando … e indo em festas … e não usando máscaras …

Muito foi dito sobre as mudanças disruptivas de comportamento neste ano, com quebras de paradigmas e crescimento em meses de empresas com a adoção de novas tecnologias e comportamentos que planejava-se que levariam anos.

Home-Office, delivery, zoom, tele-medicina, e-commerce, tsunamis imobiliários, escritórios em prédios AAA sendo esvaziados e casas com piscinas em condomínios de cidades próximas a grandes capitais disputadas, vendas de bicicletas bombando, aviões comerciais desnecessários parados em terra lotando pátios de aeroportos.

E as resoluções de Novo Normal que todo mundo, em algum momento ou outro, fez no começo da pandemia?
“A pandemia fará o Ser Humano evoluir!“, diziam.
A humanidade será mais solidária, nos tornaremos pessoas melhores, daremos mais valor ao que realmente for importante, além da aparência e do consumo, faremos meditação e mindfulness, aprenderemos a fazer pão com levain, adotaremos pets, …

Você eu não sei.
Eu, na real, só evolui em 2 aspectos:

  • Desenvolvi expertise em avaliar e saber escolher as melhores máscaras para cada situação;
  • Assisti em 1 ano mais séries e filmes na Netflix do que nunca!

Nas páginas amarelas da revista Veja da semana passada foi publicada uma entrevista com o CEO global da rede de cinemas Cinemark. Ele afirma que, passada a pandemia, o cinema voltará a ser o que era, com retomada dos níveis de faturamento, um agradável experiência social em grupo, um programão para namorados, familia, amigos.
Eu li com a sensação de ser o CEO da Kodak numa entrevista do ano 2.000, afirmando que a moda de câmeras digitais vai passar logo e nada superará a sensação de olhar uma foto em papel…
Ele precisa seriamente de um amigo que bata em seu ombro e diga que, já há um bom tempo, o cinema deixou de ser o que era.

Neste mundo onde máscaras viraram acessórios fashion indispensáveis e temos vontade de esmurrar qualquer estranho que se aproxime a menos de 1 metro, apenas block-busters 3D anabolizados de efeitos visuais e mega-watts de sons de explosões justificam o preço caríssimo dos ingressos, somado com o valor de agiotagem da pipoca e estacionamento e ficar 2 horas dentro de uma sala fechada com dezenas de estranhos de máscaras, assistindo algo que poderia estar a um clique de distância de uma TV OLED de mais de 55 polegadas dentro de casa .

Estamos falando do que cada um de nós escolhe fazer no seu tempo livre.

E, se assistir a alguma coisa é a escolha, o que seria de nós neste ano sem a Netflix, Amazon Prime, Apple+, Disney+, HBO Max ?

Alias, numa coisa o CEO da Cinemark acertou: assistir filmes realmente é uma experiência social! Apesar da tecnologia on-demand do streaming, que permite cada um assistir o que quiser a qualquer hora, na prática o que vemos é este comportamento de manada. Cada um dos hits do ano foi concentrado em poucos dias e semanas, monopolizando a atenção das pessoas naquele período.

FOMO. Esta é outra das palavras do ano, acrônimo de Fear Of Missing Out. As redes sociais, que são nossa ferramenta primária de comunicação neste ano de afastamento social, exponenciou o grau de alcance dos spoilers e do buzz após cada episódio da mini-série modinha daquela semana.

Direto da editoria de tempo livre do Papo de Boteco, este é o diário de um ano de pandemia, através de uma retrospectiva dos filmes e séries que prenderam nossa atenção a cada mês:

Janeiro:

The Witcher (Netflix):

Primeiras noticias começavam a pipocar aqui e ali sobre uma nova doença respiratória na China.
Who cares? Lá já teve gripe aviária, SARS, gripe suína. Afinal de contas, China é mesmo um lugar distante e esquistão, de gente que come até morcego! A série que bombou naquele mês parecia que adivinhou que coisas estranhas e inexplicáveis poderiam estar acontecendo em lugares assim.

Fevereiro:

La Casa de Papel 3 (Netflix):

Existe uma coisa pior do que te contarem spoiler. É saber que a temporada da série termina com um final que te deixa sem fôlego, alucinado de expectativa pelo início da próxima para ver como vão resolver a encrenca. Por isso, abri exceção: só assisti a temporada 3 pouco antes da estréia da 4.
Deixa sem fôlego“, parece que é isso que este tal de virus chinês provoca … “como vão resolver a encrenca”, é o que os italianos da Lombardia tem falado, parece que o bicho tá pegando em Milão…

Olhos Que Condenam (Netflix):

Negros são presos injustamente, durante ações nas ruas , e mal tratados por policiais e agentes da policia brancos. Alguém falou Black Lives Matter?

Março:

La Casa de Papel 4 (Netflix):

… e o mundo inteiro ficará trancado em suas casas, para nos assistir!

Abril:

Arremesso Final (Netflix):

Um documentário imperdível, envolvente, mostrando que não existe almoço grátis: para vencer desafios, temos que fazer o nosso melhor, dar o máximo de si, com dedicação e concentração, até mesmo sacrifícios pessoais.
Inspirador: #fiqueemcasa, #vamosvencerapandemia, #isolamentosocial, #somosfortes, #somosdeterminados, #ÉsóMais1mês

https://youtu.be/fZaj37G0NvI

O Resgate (Netflix):

Este foi o batismo de fogo da Netflix. A plataforma mostrou que entrou no jogo para ganhar: lançou um filme com cara de blockbuster, daqueles para se ver no cinema de tela IMAX, com tudo que um orçamento parrudo pode comprar: um super astro anabolizado para enfrentar qualquer dificuldade intransponível e sair do fundo do poço (literalmente), efeitos especiais, exército de dublês, explosões, muitas mortes, locações pelo mundo.
Enquanto isso, pelo mundo, estamos no fundo do poço, com dificuldades intransponíveis, guerra ao virus, hospitais usando todo seu arsenal de efeitos especiais, mas com muitas mortes…

Maio:

Expresso do Amanhã (Netflix):

Uma ficção que mostra um futuro distópico, onde os sobreviventes do planeta são obrigados a viverem trancados num lugar fechado, sem sair pro exterior, com os ricos e pobres usufruindo de vidas beeemmm diferentemente nesta situação, apesar do discurso dos líderes afirmando que “estamos todos no mesmo barco, digo, trem“.

The Undoing (HBO Max):

Esposa casada há muito tempo descobre que o marido perfeito não era bem aquilo que ela pensava. Qualquer semelhança com casais reais há 3 meses convivendo 24 horas um com o outro é mera coincidência …

Junho:

Little Fires Everywhere (Amazon Prime):

Até aquela família perfeita, tipo de comercial de margarina … pode esconder tensões e esqueletos no armário que botam fogo na casa!
Até aquela pessoa descolada, feliz, alto astral, de bem com a vida, que você inveja… pode ter esqueletos no armário!
4 meses juntos, 24 horas ao dia … dá tempo pros esqueletos se arrastarem pra fora do armário.
De quebra, tensões raciais, e o black lives matter aproveitando o inicio do verão no hemisferio norte pra botar os blocks na rua.

Julho:

O Método Kominsky (Netflix):

Quando envelhecer quero duas coisas: ter um amigo como o do Michael Douglas nesta série e atingir um grau de excelência em rabugice como a dele.
Aqui fora, está comprovado: envelhecimento é o principal fator de risco da doença.
Meu avô, a pessoa mais sábia que conheci sempre dizia: “envelhecer é uma merda“.

The Old Guard (Netflix):

Um exército de mercenários imortal, cientistas investigando o que seus organismos teriam de especial, que torna seus corpos imunes a doenças, vírus mortais, tiros, degolações e outras destas banalidades mundanas.
No mundo real, começa a corrida em busca da vacina: maior projeto científico mundial, desde a corrida espacial.

Agosto:

Cobra Kai (Netflix):

Passamos julho na expectativa de que em 1º de agosto nos livraríamos dos, quero dizer, nossos filhos retornariam às aulas, com todas as escolas tendo se preparado e implantado os mais rigorosos protocolos de segurança, seguindo as orientações dos melhores hospitais.
Só que os governantes “striked first, striked hard, with no mercy” : Tomamos um ippon !
Já que não ia ter mais aulas, aproveitei para assistir a série baseada num dos filmes favoritos da minha época de escola, quando sofrer bullying era o maior dos riscos que um aluno podia correr.

Setembro:

O Dilema das Redes (Netflix):

Um documentário que é uma autópsia do mecanismo de fake news, poder dos algoritmos, manipulação de comportamento nas bolhas que as redes sociais disseminaram digitalmente pelo mundo.
No mundo analógico, nenhuma novidade: negacionistas x alarmistas, fake news sobre remédios milagrosos, tratamentos inúteis, vacinas com chips, grande reboot, metamorfose em jacarés, …

Os 7 de Chicago (Netflix):

Manifestações nas ruas, por democracia, igualdade de direitos civis, anti-racismo, repressão policial, inconformismo com a presidência americana.
Só escolha entre “Panteras Negras” ou “Black Lives Matter“, para ser um filme baseado em fatos reais dos anos 60’s ou o Jornal Nacional do dia.

Enola Holmes (Netflix):

Chega! Não aguentamos mais!
Os números estão desabando, a epidemia está acabando, já voltamos a dar as escapadas, ir em restaurantes, pegar praia.
Conhecemos muita gente que pegou esta tal covid e só teve uma gripezinha. Não queremos mais assistir nada sério nem baixo astral!
Queremos um filme divertido, com a bonitinha da Eleven, mais inteligente que o Sherlock Holmes.

Outubro:

Emily in Paris (Netflix):

Ah, tudo dando certo: desativamos os hospitais de campanha porque todos os doentes receberam alta, vacinas em Fase 3, ja quase prontas para serem distribuidas, os restaurantes e bares estão uma delicia, que legal voltar a reencontrar aquela galera que a gente não viu o ano inteiro.
Estamos voltando à vida normal!
Quero ir para Paris!
Eu mereço, após tudo que passamos…

Bom Dia, Verônica (Netflix):

Polícia corrupta … milicianos … psicopatas … genocidas … negacionistas …
Calma.. é só uma série brasileira da Netflix.
Totalmente fictícia…

Tenet (no cinema!!!):

E voltei a ir ver um filme no cinema!!!
No capricho: sala IMAX, filme do Christopher Nolan, locações paradisíacas pelo mundo inteiro, quase todo sem efeitos especiais, só com dublês e muito ensaio … até explodiram um 747 e um aeroporto de verdade!
Não entendi nada da estória, mas os caras usavam máscaras, como a N95 que eu vestia dentro do cinema…

Novembro:

O Gambito da Rainha:

2020 só não é para se esquecer porque ele nos deu a Anya Taylor-Joy!
Ela foi a melhor novidade deste ano tão maluco que a série de maior sucesso foi sobre … xadrez ?!

https://youtu.be/cnqV3wsZlpo

The Mandalorian:

2ª temporada de The Mandalorian.
Nenhuma relação com possível 2ª onda da Covid19, talkey?

The Crown:

Esta série foi o melhor aperitivo pra antecipar o episódio-bônus da entrevista da Oprah com Harry & Megan, feitos um para o outro

Dezembro:

Mank (Netflix):

Filmaço! Outro daqueles da Netflix para mostrar que ela não está no jogo para perder.
Mas, este , merecia a tela de um cinema: é um David Fincher, pô!
É daqueles para se ver num sala cult, e emendar para um jantar num lugar de pouca luz, música ambiente, para se conversar à respeito.

Mulher Maravilha 1984 (Cinema):

Depois de Tenet, o outro único filme do ano que assisti numa sala de cinema. A prova que, para conseguirem sobreviver frente à concorrência do streaming, tem que melhorar muito a qualidade, para fazer valer a pena a pessoa ter o trabalho de sair de casa , ao invés de assistir na TV. Fraquinho, fraquinho…

Janeiro:

Lupin (Netflix):

Soul (Disney+):

Em um ano em que a morte foi o tema recorrente, com quase 3 milhões de vítimas da Covid19 no mundo, a Pixar acertou no tema de seu lançamento coincidente com o zeitgeist atual.
Soul, sobre um jovem músico que morre subitamente, quando estava no auge de sua vida, e sua alma não se conforma com a injustiça da situação.
Spoiler: Ao contrário de muitos destes 3 milhões, ele teve uma segunda chance de voltar…

WandaVision (Disney+):

Após a morte vêm … o Luto!
Negação … Raiva … Negociação … Depressão … Aceitação.
Ao longo dos 9 episódios , Wandavision nos pega pela mão e nos leva a acompanhar Wanda pelas 5 fases do luto.
Outro lançamento alinhado com o Zeitgeist deste ano, melancólico, porém providencial , obrigatório e necessário, para milhões de famílias.

Fevereiro

Cobra Kai (Netflix):

Estamos cansados. Estamos exaustos. Estamos quebrados.
Mas, desistir não é opção.
Ache sua energia interior necessária para se reerguer, reequilibrar, manter em pé.
Pode ser num show do Twisted Sisters, pode ser numa viagem para Okinawa, pode ser aí, dentro da tua casa.

Cidade invisível (Netflix):

Tempos estranhos.
Tão estranhos que boto, Curupira, Saci, Iara, andando pelas ruas do Rio de Janeiro, convive com o Novo Normal…

Eu me Importo (Netflix):

Idosos, o grupo mais vulnerável. Espertalhões se aproveitando de sua situação.
Sistema judiciário falho, com brechas abertas a mal intencionados bem equipados e com relacionamentos que permite explorar ilegalmente a seu favor.
“Eu me Importo”?
Jornal Nacional.

Gui

Sou o Gui. Fiz arquitetura, pós em marketing, MBA em comércio eletrônico. Desde criança , quando adorava ler Julio Verne, eu gosto de explorar, descobrir novidades. Aqui no Papodeboteco vou conversar contigo sobre descobrir como podemos explorar nosso tempo livre.

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