Política

A esquerda acha que o eleitor é burro. E vai reeleger Bolsonaro

O segundo turno da eleição de 2018 colocou dúvidas profundas em meu espírito. Afinal, de um lado tínhamos um capitão louco, e do outro uma turma que psicografava Lula, o morto-vivo. Pensei seriamente em anular meu voto, mesmo que esta atitude fosse contrária a tudo o que penso sobre democracia.

O que desequilibrou minha balança foi a cretinice da campanha do PT. A imagem de Lula, que serviu para levar um candidato inexpressivo ao segundo turno foi descartada como um papel higiênico usado, o vermelho foi trocado pelo verde e amarelo, enfim, houve uma tentativa de enrolação explícita, que culminou com a cena patética de Manu e Haddad na missa, merecedora do troféu “Alberto Roberto”, o imortal personagem canastrão de Chico Anysio. Achei aquilo tudo tão ridículo que na hora de votar apertei o 17 com a convicção de quem dá descarga. PT nunca mais! Nem que seja prá vir uma merda diferente. E veio.

Democracia só é bom quando eu ganho

Derrotada, a esquerda reagiu de forma infantil, como era de se esperar. Ao invés de analisar os motivos da derrota para um adversário tão ruim, botou a culpa nos eleitores e rotulou de “gado” os 57 milhões que votaram em Bolsonaro – aparentemente sem se dar conta que vai precisar dos votos de boa parte deste “gado” se quiser voltar ao poder. Tudo bem, quem idolatra Fidel Castro não costuma entender de democracia e eleições livres. Normal.

A partir daí, a torcida pelo “quanto pior, melhor” extrapolou todos os limites, e atingiu o auge com o problema do coronavirus. A possibilidade de jogar na conta de Bolsonaro e seus eleitores uma possível ruína econômica e um recorde de mortes no Brasil entusiasmou tanto a galera que levou à criação do termo “corona afetivo”, aplicável aos que comemoraram cada nova morte como se fosse um gol. O próprio Lula cometeu um ato falho ao dizer “ainda bem que veio o coronavírus” (ver https://g1.globo.com/politica/noticia/2020/05/20/ainda-bem-lula-se-desculpa-por-dizer-que-coronavirus-mostrou-necessidade-do-estado.ghtml) . Ele até tentou desdizer o que disse, mas o povo, que não é imbecil como ele gostaria, captou a mensagem. E não gostou. E como agora estamos vendo que a Argentina e seu maravilhoso governo peronista, reverenciado pela esquerda como “exemplo” até alguns meses atrás, começou a fazer água, o pessoal resolveu mudar de assunto.

Carol Sohlberg, a Joanna D’Arc de Ipanema – só que não

A bola da vez é tentar transformar o “Fora Bolsonaro!” protagonizado pela bela e excelente jogadora de vôlei Carol Sohlberg em uma espécie de grito do Ipiranga, ou algo parecido. Já escrevi sobre isto (ver https://papodeboteco.net/opiniao-princ/protesto-raiz-era-assim/)  e entendo que a CBV deu ao assunto a devida importância, ou seja, nenhuma; mandou uma advertência absolutamente inócua em cima da moça e vida que segue. A infeliz declaração de apoio a Bolsonaro feita pelo jogador Robinho, condenado por estupro na Itália e quase contratado pelo Santos, serviu para ressuscitar o assunto, mesmo que uma coisa não tenha nada a ver com a outra. Mas a esquerda tem sua própria lógica.

O Senador Humberto Costa, que não deve ter muito o que fazer na vida, meteu logo um post no assunto (ver https://www.facebook.com/senadorhumberto/posts/1806103752892489) . O sempre confuso comentarista de futebol Walter Casagrande foi na mesma linha editorial (ver https://www.uol.com.br/esporte/ultimas-noticias/2020/10/16/casagrande-robinho-santos.htm) . A ideia é convencer a opinião pública que atletas criminosos são alinhados com o governo, enquanto a mártir do vôlei de praia foi jogada na fogueira por uma simples crítica. Indignação seletiva, feminismo de ocasião, fatos distorcidos, vitimismo explícito, enfim, a esquerda sendo esquerda. Só que, para azar deles, o respeitável público já conhece bem o circo e sabe quem são os palhaços, portanto a repercussão não foi bem a que eles queriam. Mantendo a linha do vitimismo, vi comentários dizendo que “quem critica o Casão é o pessoal da direita que não perdoa o passado de drogas dele”. Mentira (mais uma!); a luta dele contra o vício sempre será respeitada, mas os comentários dele são muito ruins. E este foi péssimo. Simples assim.

O futuro começa hoje

O grande problema é que 2022 está bem mais perto que pensamos, e há que se cuidar do broto, prá que a vida nos dê flor e frutos (obrigado, Milton Nascimento!). Em outras palavras, o cenário que temos é que Bolsonaro, mesmo com toda a sua incrível capacidade de fazer merda e dizer besteiras, continua com cacife para ir pelo menos ao segundo turno. E o pior que pode acontecer é que seu adversário seja novamente o PT, o partido Walking Dead comandado pelo Zumbi de Garanhuns.

Resumindo; se as pessoas de bom senso deste país querem alguém melhor que Bolsonaro na Presidência (o que certamente não é muito difícil), precisam se unir logo em torno de algum nome razoável. Por mim pode ser Moro, Mandetta, Dória, Rodrigo Maia, Amoedo, Tiririca ou Renato Gaúcho; qualquer um, menos aquela turma que já ferrou com o país uma vez e não vê a hora de enganar o povo novamente.

Temos menos de dois anos para resolver isto. Ou aturar Bolsonaro até 2026. Você decide.

Marcio Hervé

Márcio Hervé, 71 anos, engenheiro aposentado da Petrobras, gaúcho radicado no Rio desde 1976 mas gremista até hoje. Especializado em Gestão de Projetos, é palestrante, professor, tem um livro publicado (Surfando a Terceira Onda no Gerenciamento de Projetos) e escreve artigos sobre qualquer assunto desde os tempos do jornal mural do colégio; hoje, mais moderno, usa o LinkedIn, o Facebook, o Boteco ou qualquer lugar que aceite publicá-lo. Tem um casal de filhos e um casal de netos., mas não é dono de ninguém; só vale se for por amor.

Artigos relacionados

Um Comentário

  1. Pela forma como ele se refere aos personagens de esquerda, é de fato bem “isento e lúcido”.
    Daria um bom articulista para a Folha…

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Verifique também
Fechar
Botão Voltar ao topo
%d blogueiros gostam disto:
Send this to a friend