Bilionários não deveriam existir.
Tem uma boa parcela da sociedade repetindo por aí essa frase como se ela fosse um mantra. E uma boa parte a aceitando como verdade sem questioná-la.
Mas será que isso é verdade? Nenhum bilionário deveria existir?
Vejamos.
Quem afirma que bilionário não deveria existir, muito provavelmente está partindo da premissa de que a economia é um jogo de soma zero. Em outras palavras, que se tem alguém ficando mais rico é porque outros estão ficando mais pobres.
Mas a verdade é que de modo geral, o número de bilionários no mundo foi aumentando, e ao mesmo tempo, o número de pessoas vivendo na pobreza foi diminuindo. Como isso é possível? Isso é possível graças à aderência de cada vez mais países ao sistema de livre mercado, ou capitalismo, como batizou Karl Marx. Esse sistema permite que pessoas gerem riqueza de forma mais acelerada e a sociedade toda se beneficie desse enriquecimento e sua consequente melhoria nas condições de vida. Tudo isso sem precisar tirar nada de ninguém!
Os países com mais bilionários por habitante no mundo são Singapura, seguido de Suíça e Hong Kong. Todos são lugares com baixíssimo nível de pobreza. Portanto não dá pra afirmar que esses bilionários rapelaram a grana do povo para encher os próprios bolsos.
Bilionários como Elon Musk (Tesla) Jeff Bezos (Amazon) ou Bernard Arnault (Louis Vitton) se fizeram através do livre mercado. A eles não interessa existir em meio a um bando de pobres miseráveis. Pra que eles ganhem muito dinheiro, é preciso que haja muita gente com vontade E CONDIÇÕES de comprar seus produtos e serviços. O objetivo deles não é arrancar dinheiro de ninguém à força. Eles querem simplesmente que as pessoas vejam valor no que eles têm para oferecer e condições de comprar essas coisas. Isso é o capitalismo. Um sistema de livres trocas.
Na língua inglesa, a forma de dizer ganhar dinheiro é “to make money”, o que se traduz literalmente em “fazer dinheiro”. A expressão faz sentido, já que a riqueza é realmente algo que se cria, por mentes inteligentes, corajosas, determinadas e com os incentivos certos da sociedade. Talvez devêssemos adotar a expressão aqui também para clarear nossas ideias.
O problema, portanto, não é a existência de bilionários. O problema é quando pessoas ou grupos enriquecem através do uso da força ou da extorsão. Isso acontece de várias formas. Abaixo alguns exemplos:
1. Quando não há instituições fortes, capazes de proteger direitos individuais básicos como à vida e à propriedade privada e o povo vive praticamente numa situação de selvageria. Honduras e Somália por exemplo são alguns dos campeões em homicídios no mundo. Esses países são dominados por gangues que se apropriaram do poder. Um ricaço chefe de gangue de lá não tem legitimidade alguma pois arrancou de forma violenta os bens de outros.
2. Quando políticos, em vez de exercerem a função de garantir a prioridade e liberdade dos cidadãos, tomam o poder e a riqueza pra si. Na Venezuela por exemplo, foram encontradas evidências de desvios em corrupção na casa do bilhão de dólares que foram para a conta de Hugo Chaves. Dinheiro do povo indo pra conta ou mamatas de políticos não é algo estranho a nós brasileiros também, infelizmente.
3. Quando políticos escolhem campeões nacionais. Estes são empresários que irão enriquecer muito rapidamente através de regras diferenciadas e favorecimentos. Em troca, eles devolvem os favores aos políticos em forma de fartas propinas. Um caso clássico é o da empresa Odebrescht. A operação Lava Jato revelou mais de R$ 10 bilhões em propinas para centenas de políticos num esquema de corrupção que durou 9 anos.
Em todos os casos acima, o enriquecimento se deu através da força e extorsão. Eles tiraram dinheiro de alguém para usufruto próprio, seja na base de uma arma apontada na cabeça, ou de roubo de cidadãos através de desvio de dinheiro público. Esses bilionários deveriam existir? Em alto e bom tom: NÃO.
Portanto, a questão não é o quanto de capital cada um acumula, se será dez mil, um milhão, ou um bilhão. É de que forma o indivíduo acumula capital. Se for por mérito próprio, sem uso da força, fruto do seu trabalho, do seu empreendedorismo, da sua disposição em tomar risco, temos mais é que aplaudir e agradecer a esses bilionários, pois seguramente eles dão uma grande contribuição à sociedade. Além de gerar valor, criar coisas que nos fazem viver melhor, estão gerando milhões de empregos e assim elevando o padrão de vida de milhões de pessoas.
Mas se for através da violência e da extorsão, não importa o quanto ele acumulou de dinheiro, importa que foi às custas de outras pessoas, o que é imoral e inaceitável.
Respondendo à pergunta então: bilionários deveriam existir? Sem dúvida! Bilionários legítimos que enriqueceram por mérito próprio devem existir. Que haja cada vez mais deles!
Tatiana Poroger
