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Sobre o Tempo

Video-clipe de Right Now ( Van Halen)

Operei o meníxssscu do joelho.”

Quando criança, eu e meus primos, entre nossos 10 e 15 anos, tínhamos esta brincadeira interna na família, de imitar o jeito de falar de um tio nosso “metido a atleta”, que tinha operado os meniscos dos 2 joelhos, e por isso teve que aposentar suas proezas esportivas.

Ele, naquela época, era mais jovem do que eu sou agora. E não corria meia-maratonas, nem pedalava em trilhas de mountain bike, nem fez rapel e rafting, nem esquiou e escalou montanhas, nem explorou cavernas quilômetros adentro abaixo da terra, nem andou de quadriciclo em desertos ou caminhou em trekkings por parques nacionais pelo mundo afora como eu já pude fazer.

Aliás, minha lembrança de meus tios, na faixa entre 40 e 50 anos, era de adultos tão diferentes do que eu sou hoje, aos 54 …

Meus avós então, com seus 70 e tantos anos, tinham uma idade que me parecia inacreditável de antiga. E, me lembro deles, sentados à tarde na varanda, aposentados, ela fazendo crochê, ele fumando seu cigarro, apenas esperando o tempo passar…

Meu avô era o meu “motorista particular”. Era ele quem me levava e buscava da escola, de carro. Adorávamos nossa cumplicidade!

Ele era um frasista sagaz e cativava a todos que o conheciam. Eu não herdei nem 1% de seu carisma, mas muito do que eu me tornei foi moldado naqueles anos em que eu passava a maior parte do meu tempo livre com ele, enquanto meus pais trabalhavam fora. Uma de suas frases eu nunca esqueci: “A vida está errada. A gente trabalha enquanto é jovem e só se aposenta quando já está velho. Devia ser o contrário…

Toda tarde, tínhamos um ritual obrigatório: na volta da escola a caminho de casa, parávamos na lanchonete do bairro pra comer um hamburger. Isso teve consequências irreversíveis, que guardarei pra contar num outro post.

Porque este post ainda não é o sobre hambúrgueres.
É sobre o tempo …

Dia da Marmota ( AKA Feitiço do Tempo)

Tempo.
Desde 23 de março eu tenho falado que estamos vivendo em um interminável Dia da Marmota. Todo mundo conhece esse filme. Quem já não o tinha visto, ouviu falar dele nesses meses e o assistiu, ou pelo menos ficou sabendo sua história e se identificou com seus dias monotonamente repetitivos neste 2020 interminável.
Não se ache diferente: pessoas do mundo inteiro também estão vivendo este Dia da Marmota com você.

Tempo também era um dos temas favoritos de Albert Einstein, outro frasista genial, em suas tiradas que ficaram pra posterioridade:

O tempo é relativo e não pode ser medido exatamente do mesmo modo e por toda a parte.

O tempo e o espaço são modos pelos quais pensamos e não condições nas quais vivemos.

A distinção entre passado, presente e futuro é apenas uma ilusão teimosamente persistente.

A única razão para o tempo é para que não aconteça tudo no mesmo instante.

Falta de tempo é desculpa daqueles que perdem tempo por falta de planejamento.

Esta última é a minha favorita. A relatividade do tempo.

Como ele passa rápido quando fazemos o que gostamos, ou como se arrasta, naquelas obrigações chatérrimas. Quando me casei, pareceu que a festa foi tão rápida que nem consegui conversar com todos os convidados, quando vou num casamento, quase sempre cochilo enquanto o padre fala os votos matrimoniais…

Quantos intermináveis filmes duraram menos de 1h30, quantos livros de 500 páginas não duraram nem um final de semana prolongado…

Como os 5 anos de faculdade pareciam intermináveis, no primeiro dia de aula. Como parece que não duraram nada, no dia da formatura…

Como parecia que os 18 anos nunca chegariam, quando tinha 17. Como parece que foi ontem, agora com 54…

No genial filme A Chegada, de Dennis Villeneuve, baseado num conto de Ted Chiang, a personagem de Amy Adams aprende, com os ETs, que é possível fazer sua mente viajar no tempo, indo e voltando, sem distinguir o que é passado ou futuro, e como isso impacta diretamente no modo como ela lidaria com seu presente. Não darei spoilers, apenas uma dica: assista este filme. Aliás, assista todos os filmes deste diretor.

E, quem nunca quis fazer igual o Super-Homem e girar a Terra ao contrário, fazendo o tempo voltar até aquele turning point que mudou tudo na sua vida?

Aliás, quem nunca parou para mapear os seus turning points?

Quem nunca quis Segundas Chances para mudar aqueles seus turning points?

Sobre o Tempo ( Pato Fu )
Tempo Perdido ( Legião Urbana )

Sobre o Tempo ( Pato Fu )
Tempo, tempo mano velho,
falta um tanto ainda eu sei
Pra você correr macio
Tempo, tempo mano velho,
falta um tanto ainda eu sei
Pra você correr macio
Como zune um novo sedã
Tempo, tempo, tempo mano velho
Tempo, tempo, tempo mano velho
Vai, vai, vai, vai, vai, vai
Tempo amigo seja legal
Conto contigo pela madrugada
Só me derrube no final
Ah ah ah, ah ah
Ah ah ah, ah ah
Tempo, tempo mano velho, falta um tanto ainda eu sei
Pra você correr macio
Como zune um novo sedã
Tempo, tempo, tempo…

Tempo Perdido ( Legião Urbana )
Todos os dias quando acordo
Não tenho mais
O tempo que passou
Mas tenho muito tempo
Temos todo o tempo do mundo
Todos os dias
Antes de dormir
Lembro e esqueço
Como foi o dia
Sempre em frente
Não temos tempo a perder
Nosso suor sagrado
É bem mais belo
Que esse sangue amargo
E tão sério
E selvagem! Selvagem!
Selvagem!
Veja o sol
Dessa manhã tão cinza
A tempestade que chega
É da cor dos teus olhos
Castanhos
Então me abraça forte
E diz mais uma vez
Que já estamos
Distantes de tudo
Temos nosso próprio tempo
Temos nosso próprio tempo
Temos nosso próprio tempo
Não tenho medo do escuro
Mas deixe as luzes
Acesas agora
O que foi escondido
É o que se escondeu
E o que foi prometido
Ninguém prometeu
Nem foi tempo perdido
Somos tão jovens
Tão jovens! Tão jovens!


P.S.:
Aquele tio, o dos meniscos, é o meu favorito. Eu o amava, admirava, desejava ser como ele quando crescesse.
Bem, pelo menos no quesito joelhos, eu cheguei quase lá:
Compartilho contigo estas memórias de um hospital, onde chegou a minha vez de operar o menisco do joelho …
Beijos, Tio Jacy!

Post P.S.:
Acho que perdi o meu menisco original quando desci aquela mesma montanha que o Victor escalou na Patagonia Chilena

Gui

Sou o Gui. Fiz arquitetura, pós em marketing, MBA em comércio eletrônico. Desde criança , quando adorava ler Julio Verne, eu gosto de explorar, descobrir novidades. Aqui no Papodeboteco vou conversar contigo sobre descobrir como podemos explorar nosso tempo livre.

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4 Comentários

  1. Texto delicioso , o tempo de lê-lotambém passou em mano segundos
    É sempre assim com tudo que é bacana
    Precisamos enxergar as brechas felizes nos nossos dias de marmota

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