PT foi o governo mais amigo dos pobres?

Um dos grandes embustes que a esquerda tentar vender seria que o PT teria sido mais eficiente no processo de diminuição da pobreza absoluta que o FHC:
Essa alegação é sustentada por uma série de factoides que podem ser facilmente desmentidos.
Não se nega que o governo do PT, antes da derrocada econômica a partir de 2011 (e da erupção da enorme corrupção oculta na virada de 2014 para 2015), de fato, aumentou o valor real do salário mínimo e ampliou os programas de ajuda aos pobres.
Só que, o PT se coloca além disso e se apresenta como o primeiro e único governo “amigo” dos pobres desde 1500.
Esse texto é uma recauchutagem de um post que fiz em 2015 no Facebook. Só que vários dos links caducaram e tive que recompô-los.
Infelizmente, tudo isso voltou a ser muito atual diante da escolha dos infernos que se avizinha para as eleições de 2022, com o provável segundo turno entre Bolsonaro e Lula.
Bolsonaro já é um desastre amplamente reconhecido por quem não é seu fã convicto, mas o Lula está sendo encarado como um herói perdido, coisa que ele nunca foi, mesmo por alguns de seus antigos detratores.
Na verdade, ele é aquele mesmo populista, capaz de tudo para chegar ao poder e, estando lá, mantê-lo até o final dos tempos para ele ou em nome dos seus escolhidos.
1) O PT acabou com a fome no Brasil
O relatório da FAO de 2014 mostra que os subnutridos caíram para apenas 1,7% da população brasileira, abaixo de 3%, tirando assim o Brasil do mapa da fome. Isso seria uma brilhante realização do PT.
Contraditório:
O brasileiro José Graziano é o presidente da FAO desde 2012. Só que ele também é petista e foi dirigente do programa Fome Zero, que nasceu, mas não prosperou. Ele conseguiu esse cargo e depois manipulou os critérios de forma acintosa.
O relatório anterior da FAO de 2012 compilado na gestão anterior, apresentava para um período quase igual o valor de 6,9% de subnutrição.
No relatório seguinte de 2014, esse valor sofreu uma redução de 75%, enquanto que para o período final do FHC houve uma redução de apenas 12%!
Finalmente, o próprio IPEA mostra que, em 2013, houve aumento da pobreza absoluta no país, fato que foi abafado na campanha de 2014.
Com certeza, em 2014 e 2015 houve um aumento da pobreza absoluta, tendo em vista o recrudescimento da inflação e a economia anêmica que vivemos, agora agravado ainda mais pela pandemia.
Uma métrica aceita mundialmente, compilada pelo Banco Mundial, usa o critério de considerar pobreza absoluta aqueles que vivem com menos que $ 1.25 por dia.
Essa estatística, que é amplamente ignorada pelo PT, foi compilada de forma brilhante por uma antiga página do Facebook “Dados que você não vê”, mostrando que a diminuição da pobreza foi mais intensa no período FHC do que no período Lula e muito mais do que no período Dilma.
Também se enxerga que houve aumento da pobreza no período Collor, hoje aliado do governo.
2) A classe média cresceu muito sob as asas do PT
35 milhões entraram para a classe média nos últimos 10 anos, no governo PT, entrando para a classe média, baseado na faixa de renda de R$ 291 e R$ 1.019 por pessoa.
Contraditório:
É verdade que o Brasil, relativo ao crescimento do PIB, surfou na onda mundial no período 2003-2008, quando o mundo cresceu (até 2007) em níveis que só tiveram precedentes até 1973, antes da crise do Petróleo de 1974. Isso levou a criação de milhões de empregos e uma fase de prosperidade nos primeiros anos do governo Lula, que começou a ruir, diante da crise de 2008.
No entanto, a faixa de renda citada acima é ridícula e não é auditável de forma transparente. Para se ter uma ideia do caráter eleitoreiro dessa classificação, esse número não estava sendo atualizado desde 2013.
Além disso, o critério social da cota para entrada nas universidades estabelecia uma base de 1,5 salários mínimos por pessoa, como máximo para o critério social. Ou seja, a fronteira inclusa na cota social, estaria já na base da classe alta.
Como é fácil inventar números, em uma entrevista ao jornal Washington Post, Dilma fez esse número saltar de 35 milhões para 50 milhões, meses após a eleição, onde se falava em 35 milhões
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Outra forma de ver isso é analisando-se a evolução do Brasil via a redução da Mortalidade Infantil. Gosto muito desse indicador porque nele confluem elementos de saúde básica, saneamento e nutrição em uma só métrica e também porque é uma métrica pouco manipulável e não muito dependente de critérios complexos.
Por esse critério, prova-se facilmente que o governo FHC foi mais eficiente que o governo PT tanto de forma relativa como absoluta na redução da Mortalidade Infantil.
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O pilar dessa diminuição, segundo os militantes esquerdistas, teria sido o programa Bolsa Família e o aumento real do salário mínimo. Esse mesmo pessoal finge ignorar o tremendo efeito benéfico para os mais pobres do fim do período hiperinflacionário, que grassava no Brasil.
3) PT fez o primeiro programa assistencial aos pobres
O PT criou o programa Bolsa Família e seu antecessor, o Bolsa Escola (quando alguém lembra de citar) era apenas uma bolsa esmola.
Contraditório:
Nada mais longe da verdade, como reconhece a própria UNESCO . Documento interno do próprio governo reconhece que 5,5 milhões de famílias eram beneficiadas no final de 2002 pelo Bolsa Escola.
Esse número aumentou para 14 milhões de famílias, o valor por família aumentou de R$ 15,00 por criança em 2002 e para R$ 35 em 2015 , o que dá um ligeiro aumento real em relação à inflação do período 2002 a 2014 de 124,1% pelo IPCA.
É verdade, no entanto, que o valor despendido pelo governo aumentou mais do que isso porque o governo ampliou o teto de filhos de 3 para 5 e incluiu mais 2 filhos adolescentes com R$ 42,00, totalizando um máximo de 7 filhos.
4) O PT aumentou o salário minimo como ninguém
O PT foi o primeiro governo que proporcionou aumentos do salário mínimo acima da inflação.
Contraditório:
O período FHC deu um aumento do salário mínimo de R$ 70,00 para R$ 200,00, perfazendo 42,4% de aumento real, 22,5% a mais do que o aumento do PIB. O período Lula deu um aumento de R$ 200 para R$ 545, o que perfaz um aumento real maior (63,3%), mas com o mesmo deslocamento em relação ao PIB (22,4%).
Já o período Dilma aumentou de R$ 545 para R$ 728. Dobrando-se o período de 4 anos chega-se a um aumento real hipotético de 26,2% (menor dos 3 governos), 13,4% do aumento descontado do PIB (idem).
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Pois é. O que nos espera? Não dá para ficar otimista…