Conforme escrevi no post anterior, 2021 será o verão das road trips? , vou compartilhar os relatos de 4 viagens de carro que fiz pelo Brasil nos verões dos últimos anos.
A road trip de estréia será por Minas Gerais, porque:
- Fica no centro do país, que o torna a road trip mais acessível para os vizinhos ao redor;
- Minas Gerais é um dos estados menos afetados pela pandemia de covid19 no país, como o Victor Loyola detalha tão bem neste post de leitura fundamental;
- “Pede” para ser percorrido de carro, pela distribuição geográfica de suas principais atrações.
Espero que você aprecie este post como um diário de viagem, para ver se minha experiência e fotos combinam com teu gosto e te inspire a fazer algo parecido.
Para obter informações mais detalhadas e completas, para planejar a sua própria, recomendo ir consultar o Viaje na Viagem, do Ricardo Freire.
‘Bora, vamos pôr o pé na estrada!
De Sampa a BH, pela Fernão Dias:
600 kms de pista duplicada em boas condições, dá umas 7 ou 8 horas de estrada, numa viagem tranquila. Varginha, mais ou menos na metade do caminho, é minha sugestão de parada pra almoço.
Belo Horizonte:
Fiquei hospedado neste hotel numa localização perfeita na região central da capital, a meio quarteirão da Praça da Liberdade, o atual coração cultural da cidade, com seus museus no entorno e muito próximo dos bairros da Savassi e Lourdes, com rica vida social e gastronômica.
Duas atrações ao redor da Praça se destacam: o Edifício Niemeyer e o Museu das Minas e do Metal .
BêAgá , como toda grande capital, tem inúmeras atrações turísticas, mas o programa obrigatório e imperdível para mim é ir conhecer a obra-prima do Oscar Niemeyer: a Igreja da Pampulha.
Tanto suas icônicas curvas externas, quanto o fantástico interior valem por uma aula de arquitetura moderna, lembrando que os painéis e pinturas são de Cândido Portinari e o paisagismo externo de Burle Marx.
Não dá pra falar em viagem pra Minas Gerais sem falar de comida mineira, uai!
Desde o café da manhã do primeiro dia no hotel você já começa sua dieta de imersão nestas delícias. Mas, Belo Horizonte, como grande capital, tem grande oferta de opções, das mais típicas e turistáveis, até alta gastronomia.
Inhotim:
A 60 kms de BH, ou 1 hora de viagem, fica o Instituto Inhotim, o melhor passeio que você ainda não fez , na “definição definitiva” do Ricardo Freire. Eu confesso que tinha ressalvas com o lugar, achava muito barulho por nada e tal … mas, visitando , realmente mais do que descobrir, você sente Inhotim.
É o outro programa obrigatório numa viagem a Belo Horizonte.
Dá para se passar o dia inteiro por lá e, como fecha cedo, a dica é fazer o check-out do hotel de BH logo cedo, chegar em Brumadinho no horário de abertura do museu, para dar tempo de conhecer todas as atrações em um dia, já com a bagagem do porta-malas. De lá, pegar a estrada pra próxima escala da road-trip mineira.
Ouro Preto:
A partir de Brumadinho, Ouro Preto fica a 140 kms de distancia, contornando Belo Horizonte, numa viagem de pouco mais de 2 horas. No verão, saindo de Inhotim no horário de fechamento do museu, dá pra chegar a tempo de ver o final do entardecer na linda estrada ao redor de Ouro Preto e a mágica luz do por-do-Sol nas históricas ruas de Ouro Preto.
2 dicas pra Ouro Preto : se hospede no coração da cidade, perto da Praça Tiradentes e leve na bagagem seu melhor par de calçado pra caminhada. Lá se anda. Muito. E pra cima e pra baixo (estranhamente, parece que muito mais pra cima...)
Caminhar pelas suas ruas e vielas é aula de história do Brasil direto na veia. Você quase que aprende por osmose aquilo que era ensinado nas aulas em que dormia na escola.
Não se contente apenas com o visual externo de sua arquitetura.
As igrejas e museus, por fora, encantam.
Mas, por dentro, é que fascinam.
Mas, o mais legal, é que a importância histórica de Ouro Preto não a transforma num destino chato.
É uma cidade vibrante, enérgica, tanto por ser cosmopolita, acostumada a receber turistas do mundo inteiro, como pela quantidade de universitários que estudam lá.
Cada portinha, cada corredor estreito, cada porão de suas construções centenárias, esconde surpresas que valem a pena serem descobertas:
Outra das atrações imperdíveis é o passeio na Mina da Passagem, na estrada para Mariana, a maior mina de ouro aberta a visitação do mundo.
A descida para as galerias subterrâneas é através de um trolley, num percurso tem 315 metros de extensão e atinge 120 metros de profundidade, onde tem um lago de águas cristalinas.
A próxima escala de hospedagem desta road trip é Tiradentes.
Mas, no caminho, após 60 kms, existe um pit-stop obrigatório.
Congonhas:
É a cidade onde fica a obra-prima de Antônio Francisco Lisboa: o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos.
Nunca ouviu falar?
E se eu disser que é onde fica os Doze Profetas do Aleijadinho , o maior ícone do barroco brasileiro?
Isaías , Jeremias, Baruque, Ezequiel, Daniel, Oséias, Joel, Abdias, Amós, Jonas, Habacuque, Naum
Eu falei que tinha 1 pit-stop obrigatório nesta perna da viagem?
Menti. Têm 2.
Você está em Minas Gerais, esqueça sua eterna dieta , assuma o pé na jaca e pare para comer o legítimo rocambole de Lagoa Dourada.
Você terá 120 kms de estrada pra fazer a digestão, até chegar em Tiradentes.
Tiradentes:
Spoiler: é o clímax da viagem, a cidade mais charmosa, elegante e aconchegante deste roteiro. Como não existe almoço grátis, também a mais dispendiosa.
Pousadas de charme, restaurantes de chefs, gente bonita pelas ruas, famosos, globais, youtubers, influencers.
Você chegou à Trancoso de Minas Gerais.
Curta a noite na cidade, faça o footing pela praça onde ocorre o festival de cinema nacional anualmente, perca-se, fique flanando pelas ruas.
Descubra as lojas, galerias, restaurantes e barzinhos que sejam mais a tua cara.
Eu chamei Tiradentes de Trancoso de Minas?
Menti. É a Paraty mineira.
Dica: Na manhã seguinte, pegue um taxi em Tiradentes e vá até sua cidade vizinha, São João Del Rey, a tempo de embarcar no primeiro horário da Maria Fumaça turística entre as duas cidades.
Voltando pra Tiradentes, pegue o carro de novo: é dia para um programa rural-artístico-hippie-casual-chique-gastronômico–automobilístico.
Sim, cabem todos estes adjetivos para o distrito de Bichinho, a uma estrada de terra de distância de Tiradentes.
Fique avisado: hoje é dia de enfiar o pé na jaca, de novo, com a culinária mineira…
Eu chamei Tiradentes de Paraty de Minas?
Menti. É a Visconde de Mauá mineira.
Rural, artístico, hippie, casual, chique, gastronômico … Faltou um, não?
Eu chamei Tiradentes de Visconde de Mauá de Minas?
Menti. É a Detroit mineira.
Está divertido, está charmoso, está descolado … mas, estamos numa cidade histórica de Minas Gerais.
E , isso é sinônimo de visitar igrejas, certo?
Que tal conhecer a segunda Igreja com a maior quantidade de ouro do Brasil, com modestos 482 kg do vil metal em seu interior ?
Eu chamei Tiradentes de Detroit de Minas?
Menti. É o Vaticano mineiro.
São Thomé das Letras:
Preparado pro maior choque térmico da viagem?
Você terá 180 kms e 3 horas de viagem para preparar seu espírito para a mudança … digamos assim … de ares.
Sugiro caprichar na playlist nesta perna da viagem.
Comece com algo que você sentiu no clima de Tiradentes na primeira hora (que tal Coldplay?) … passe para algo de transição na do meio (uma Rita Lee, talvez?) e, na última, até chegar em São Thomé, não tem choro nem vela: Toca Raul!
São Thomé das Letras … como eu poderia descrever esta viagem no espaço-tempo quântico direto para a Era de Aquário?
Quer saber? Melhor nem tentar.
Que as fotos contem…
Hospedagem em São Thomé das Letras é algo precário.
Eu me hospedei e recomendo a Pousada Viva que fica fora da cidade, a 10 minutos de carro e já no caminho para alguma das atrações da região.
Gonçalves:
E a road trip está acabando.
Última escala: uma cidadezinha de montanha, charmosa e aconchegante, como gran-finale, antes de voltar pra vida real de São Paulo.
Podia ser Monte Verde, São Bento do Sapucaí, mas aproveitei para escolher uma que ainda não conhecia e que é a mais distante de São Paulo.
Gonçalves fica a 225 kms de São Thomé das Letras, 3h30 de viagem, e à mesma distância de São Paulo.
Ficarei devendo um relato desta parada, porque só fiquei uma noite aqui, e não deu para sacar bem a vibe do lugar.
Tem pousadas de charme, restaurantes caprichados, muita integração com a natureza, aquele friozinho à noite que pede um vinho com fondue ou truta.
Deu vontade de retornar pra cá, num feriado prolongado.
Pra fechar relato, a inconfundível Pedra do Baú, que confesso que não sei se fica em São Paulo ou Minas Gerais.
Um bom marco para representar uma road trip deste paulista pelos cenários mineiros.
Sensacional!
Obrigado, Geraldo Araujo!
Sensacional! Deu vontade de pegar o carro e ir para Minas!! Excelente!
Obrigado pelo feedback, Simone Barbosa !