Você já foi pra Nova York. E pra Orlando. E pra Las Vegas. E pro Grand Canyon. E pra Califórnia. E pra Nova Inglaterra. E pro Havaí…
Isso demonstra duas coisas: que você gosta dos Estados Unidos. E que chegou a vez de conhecer Chicago …
The Windy City estava na minha bucket list há um tempão, sempre ouvi falar muito bem de lá, como sendo uma Nova York menor e melhorada mas, como talvez aconteça com a maior parte dos viajantes brasileiros, só a conheci quando tive uma viagem de trabalho para um outro destino próximo e aproveitei a oportunidade para usa-la como hub de entrada no país. Assim, compartilho o que deu pra curtir desta fascinante cidade durante 3 dias, num ritmo intenso de turistagem.
Por que?
Meus planos eram simples e diretos: Chicago é “A” cidade pela sua arquitetura, tanto para quem tem interesse nos seus arranha-céus que consolidaram o International Style no mundo como por reunir o maior conjunto de casas projetadas por Frank Lloyd Wright , pela black music dos seus incríveis bares com bandas de blues ao vivo, pelo acervo do Art Institute of Chicago que é considerado superior até do que o do Metropolitan de NY, pela gastronomia única das históricas “Pizzas Estufadas de Chicago” (Deep Dish Pizzas) e, at last but not at least, pela chance de visitar a lanchonete que inspirou a premiada série “The Bear“.
O que?
Chicago, no centro da América profunda, à margem do gigantesco lago Michigan, fronteira com o Canadá, é a terceira mais populosa cidade do país, com 2.6 milhões de habitantes, com 9.2 milhões em sua área metropolitana total. Foi fundada relativamente recente, em 1837, e reconstruída a partir de 1871, quando foi destruída pelo grande incêndio e adquiriu sua característica de típico downtown compacto com arranha-céus altíssimos de arquitetura que lhe rendeu seu skyline inconfundível. É um dos mais importantes centros de negócio, cultura, arte e gastronomia do planeta, e neste ponto eu acho mais adequado compara-la, para efeito de turismo, com São Paulo, do que com Nova York.
Onde?
Com apenas 3 dias disponíveis na cidade, a variável mais importante era escolher a melhor e mais conveniente localização possível para ficar hospedado e eu respondo que sem dúvida tem que ser em algum ponto ao longo da Michigan Avenue, a mais famosa e importante via da cidade. Se teu budget permitir, fique no trecho norte da avenida, chamado The Magnificent Mile, a partir do Rio Chicago até a beira do lago. Você estará na parte mais elegante da cidade, próximo das melhores atrações, e bem servido por um grande número de opções de linhas de trem. Eu fiquei na parte sul, em frente ao Soldier Field, onde tem opções mais em conta.
Quando?
Se der, procure marcar sua viagem para cair durante um final de semana, em algum mês de clima mais ameno. Os moradores da cidade sugerem os meses de Abril e Maio ou setembro e Outubro, como os melhores em termo de temperatura e ausência de chuva. A cidade não tem o apelido à toa, o vento é realmente congelante. Mas, não tenho queixas: deu para curtir um sabadão perfeito para caminhadas ao ar livre, em pleno novembro, com céu azul, clima ameno sem vento e ainda com algumas arvores conservando o tom vermelho/dourado do fall foliage do outono. E, como as fotos mostram, a cidade ganha uma atmosfera mais agradável em seus momentos de lazer do que nos corridos dias de semana.
Skyline:
Uma dica que quase ninguém vai te contar: Adler Planetarium Skyline Walk. É deste ponto, entre o planetário e o aquário de Chicago, perto do Field Museum, que você tem o melhor ponto para fotografar o skyline de Chicago! Você pode combinar tudo em um único passeio no Grant Park, no sul da Michigan Avenue. E, se conseguir ingressos, é lá que fica o Soldier Field, estádio que completa 1 século este ano, onde o Chicago Bears manda seus jogos na NFL.
The Loop:
O downtown de Chicago é conhecido pelo apelido The Loop, por conta do percurso que os trilhos suspensos do sistema de trens e metrô fazem na região. Você já deve ter visto em vários filmes e séries, é um sistema seguro e eficiente de transporte para todos os pontos turísticos, relativamente silencioso e, ao contrário do que aconteceu em cidades brasileiras, como o Minhocão paulistano, não degradou as ruas pelas quais ele passa, apesar da extrema proximidade com fachadas de edificios. Diria até que eu alguns trechos, como nas pontes que atravessam o rio Chicago, a estrutura de aço aparente dá um certo charme vintage ao urbanismo da região.
Tanto não degradou que o Loop é a área dos arranha-céus, com restaurantes, lojas, teatros e parques. Lá que se localiza a Willis Tower, de 108 andares, a escultura “Cloud Gate”, no Millennium Park, a grande fonte de Buckingham, em estilo rococó, no Grant Park e o Art Institute of Chicago.
Chicago River:
Mais até do que se situar na beira do Lago Michigan , o elemento urbanístico mais determinante da paisagem de Chicago, na minha opinião, é o canal entre o lago e o Chicago river. É o coração pulsante da cidade, um rio limpo, onde as pessoas pescam aos finais de semana, navegam constantes barcos de tours arquitetônicos com turistas e, na sua margem sul, encontra-se o RIVERWALK, o melhor lugar da cidade para flanar, um calçadão com bares e restaurantes lotados, moradores treinando corrida, crianças brincando, até mesmo remando no rio em caiaques de aluguel ! Enfim, VIDA URBANA. Você até pode fazer o tour de barco, mas não deixe de caminhar pelo riverwalk, de ponta a ponta, parando no bar ou restaurante que mais te chamar a atenção e curtindo a rara experiência de estar a beira de um rio despoluído de uma grande metrópole. Duas dicas: o melhor passeio de barco é aquele que inclui um jantar ao final de tarde no lago Michigan. E, o modo mais economico é pegar um Chicago Water Taxi que faz um ida-e-volta do pier junto ao lago, em River North, até Chinatown, por apenas 10 dólares.
Arquitetura:
A vista do skyline à distância já dá uma boa idéia geral da arquitetura da cidade, mas é caminhando pelas ruas do centro que você a sente de maneira mais intensa. É Nova York, você tem uma rival à altura…
Museu:
Ok, eu confesso: o motivo principal para eu desejar tanto visitar o Art Institute of Chicago não foi pelo seu recheado acervo de Van Goghs, Picassos, Matisses, Renoirs, Modiglianis, Monets, Chagalls, Toulouses, Rembrandt, Degas, El Grecos, Warhols, Boticelli, … o motivo real foi pra tirar uma foto igual a esta aqui:
E, para matar sua curiosidade, é para este quadro que o Ferri, a Sloane e o Cameron estão olhando:
Entrei no museu, fui direto para a sala fotografar a cena do filme, e aí sim pude bancar o turista interessado em arte. Divirtam-se com os highlights do acervo:
E, é muito bom quando a vida nos apronta alguma surpresa agradável. Uma destas aconteceu exatos 5 minutos antes do horário de fechamento do museu: eu não sabia, e descobri que um de meus quadros favoritos fica exposto justamente lá! Meus agradecimentos para as 2 anônimas seguranças do museu que, abrindo uma exceção, me deixaram ficar admirando esta obra que eu adoro durante mais alguns minutos além do permitido … É uma sensação incrível quando temos a oportunidade de ver ao vivo um de nossos quadros favoritos !!!
O Feijão:
Cloud Gate. Este nome não deve significar nada para a imensa maioria das pessoas. Mas, se falar “o Feijão de Chicago“…
É , simplesmente, a mais impressionante obra de arte urbana que eu já vi em toda minha vida! Sério, é impressionante, parece ter sido feita por com uma alta tecnologia alienígena, porque é composta por 168 placas de aço inoxidável completamente polido, absolutamente sem nenhuma união visível em sua perfeita superfície metálica. E tem o tamanho certo, 10 x 20 x 13 metros e pesa 99.5 toneladas, na localização certa: suas curvas orgânicas refletem o entorno do Millenium Park, de maneira a valorizar a paisagem ainda mais. É, talvez, a foto mais instagramável do planeta, um verdadeiro imã de alcance mundial de atração de turistas …
Deu fome?
The Bear, 3 temporadas disponíveis na Apple TV, é uma de minhas séries favoritas atualmemente. Foi inspirada num local real de Chicago, o Mr. Beef on Orleans, uma lanchonete existente desde 1979. Enquanto escrevo estou até salivando de lembrar o sabor do sanduiche que comi lá, como não poderia deixar de ser, chamado “The Bear”. Minha única frustração trazida desta viagem por Chicago foi o fato de só ter conseguido ir comer lá 1 única vez …
E sabe porque só comi 1 única vez lá? Porque minha prioridade foi fazer um outro tour gastronômico , exclusivo de Chicago…
O morador de Chicago não discute por causa de esportes: Todos torcem pro Bulls na NBA, pro Bears na NFL, pro Cubs no baseball e pro Blackhawks no hóquei.
Mas, o verdadeiro Fla-Flu é disputado na escolha da melhor Deep Dish Pizza da cidade! Giordano’s, Lou Malnatti’s ou Uno ? Recomendo você clicar neste link aqui para ler sobre a história da criação deste ícone gastronômico da cidade. Eu, que sou um pizzólogo juramentado, adorei as tretas por trás da origem destes 3 concorrentes…
Resumidamente, Chicago foi destino de intensa imigração italiana no final do seculo 19 e inicio do 20, principalmente de napolitanos. Relatos apontam que a Deep Dish foi criada em 1943 na pizzaria Uno, cujo gerente na época era … o pai dos fundadores da Lou Malnatti’s ! E depois você pensa que a disputa entre gangs italianas era coisa do Al Capone…
Disclaimer: Fui nas 3, não consegui cravar uma favorita. É, você vai ter que ir nas 3 também e descobrir por sua conta…
Bônus: Oak Park
Agradeço a meu amigo Luiz Felipe Teixeira Pinto, excelente arquiteto e profundo conhecedor de história da arquitetura, a dica de ir conhecer Oak Park. É um destino para viajantes mais informados e aficionados em história e arquitetura. Seu despretensioso e elegante charme suburbano disfarça sua importância histórica: o local abriga a maior coleção mundial de estruturas projetadas por Frank Lloyd Wright, inclusive sua casa/estudio, que se tornou um museu com visitação pública, e é a terra natal do autor norte-americano Ernest Hemingway.
Frank lloyd Wright Historic District:
Hemingway District:
Saideira:
Bares de Blues. É o que faltava pra completar meu relato da minha passagem por Chicago. Fui em dois, um típico de turista, outro raiz.
House of Blues:
É bem programão de turista, mas daqueles obrigatórios, que valem a pena! Boa musica, sem cobrança de ingressos, se paga apenas o que for consumido de bebidas e comidas. E, de bônus, dá pra tirar a foto com Jake e Elwood, The Blue Brothers , clássico , cult e imperdível filme de 1980 , com John Belushi e Dan Akroid.
Buddy Guy’s Legends:
Localizado no coração do The Loop, tem bandas tocando ao vivo todos os dias. E, no domigo, quando fui, ainda fui brindado pela presença da própria lenda viva, dando uma palhinha cantando uma música com um vozeirão que preenche todo o espaço do clube. Clique aqui para assistir o video dele cantando . É cobrado um couvert artistico quase que simbólico , de 15 dólares, mais o que for consumido no local, que tem excelentes pratos da culinária da Louisiana.
https://buddyguy.com/
Gostou? Se animou a viajar para lá? Já conhece a cidade? Deixe seu comentário com sua experiência, relato ou perguntas que você deseje saber mais para planejar sua viagem.
Ou, clique Aqui que você será direcionado para o site oficial de turismo de Chicago.
Dica: a United Airlines tem vôo direto São Paulo > Chicago, sem escalas.
E, se você é fã de cinema que nem eu, clique Aqui que será direcionado para um site que relaciona filmes famosos que tiveram locações em Chicago.
Adorei o artigo Gui, bela viagem. Estive em Chicago há muitos anos e agora deu vontade de voltar .. suas Fotos são lindas !
Obrigado pelo feedback, Carla! A minha intenção era bem esta, espero ter lhe sido util. Abração!
Muito bom, gosto muito de Chicago, concordo com vc, muito mais para São Paulo e costume dizer que é mais acolhedora tambem. Talvez por ter uma relação familiar por la, influencie o “gostar” mais de Chicago. Otimas fotos que fazem querer retornar mais e mais vezes.
Belo texto, lindas fotos. Adorei!
Ótimo artigo! Já visitei Chicago e gostei demais, voltarei muito em breve.