Opinião

É mentira, Terta?

João Agripino Doria fez a vida transitando entre os setores da comunicação e da política. Já teve programa na TV e entrelaçava estratégias de relacionamentos para colher dividendos políticos, até conseguir ocupar um posto de visibilidade no cenário paulista e, depois, nacional, quando assumiu o governo de São Paulo.

Seu id, ego e superego achavam pouco e a presidência da República deixou de ser objetivo para se tornar obsessão. A leitura equivocada da realidade o fez perder o foco e a vergonha na cara, se algum dia a teve.

Perdeu o norte, e se tornou incapaz de avaliar cenários simples, como o anúncio da nova vacina desenvolvida pelo Butantan, anunciada em prosa e verso como uma das maiores contribuições para o Brasil, “quiçá para o mundo”, disse, com a entonação que lhe renderia um Oscar, se estivesse em Hollywood.

Das atitudes à linguagem corporal, Doria respira hipotéticas estratégias de marketing. Mas se esquece de fazer a lição de casa e, as evidências indicam, não ouve especialista, até porque “especialista soy yo“.

O anúncio da Butanvac foi um desastre. Ao omitir o Instituto Mount Sinai (NY) — detentor da tecnologia — cometeu o derradeiro erro crasso que o expôs ao ridículo, carregando consigo a reputação do centenário Butantan. Não seria demérito assumir a parceria, mas a megalomania, aliada à ambição política, o impediu de enxergar aspectos cartesianos da comunicação: listinha básica de prós e contras, vulnerabilidades, riscos e outras coisinhas mais.

Esses erros colocam o próprio governador e a instituição Butantan no limbo da história.

Como eu já afirmara em outras oportunidades, Doria e Bolsonaro são vírus da mesma cepa: passam por cima de tudo e todos para alcançar um objetivo, mas infelizmente subestimam a inteligência alheia e a óbvia e ululante rapidez da comunicação digital.

Ao Butantan, coube o vexatório adiamento de explicações firmes e convincentes sobre a omissão.

Se Doria representa a terceira via que tanto precisamos nesse momento, podemos dormir tranquilos, porque esse país não corre o menor risco de dar certo.

Silvana Destro

Silvana Destro é jornalista, voltada à comunicação corporativa há quase três décadas, atualmente com forte atuação em gerenciamento de crises de imagem e reputação. Mãe do Pedro, do João e avó de Maria Clara.

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Um Comentário

  1. E um absurdo a postura desta pessoa, João Agripino Doria! Ele se sente o dono do mundo, não tem escrúpulos. E chama todos de idiota.

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