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Onde está Wally?

Observe a foto acima, tirada na Fontana di Trevi, em Roma, na manhã deste domingo dia 31 de outubro, Dia das Bruxas, reunindo os chefes de governo dos países do G20 antes de iniciarem o segundo e último dia da reunião das 20 maiores economias do mundo na capital italiana. Quem você não está vendo na foto?

Nosso presidente Bolsonaro, novamente, como vêm acontecendo desde que assumiu já a quase 3 anos, passa mais uma reunião de líderes isolado, sem ter conversas com outros chefes de estado, nestes encontros que permitem aproximações pessoais, fundamentais para aquele networking que é tão útil para otimizar negociações futuras entre as partes.

A cúpula será encerrada no fim da manhã deste domingo após 48 horas de encontro. De Roma, a maior parte dos líderes seguirá diretamente para Glasgow, na Escócia, para participar da Conferência sobre o Clima das Nações Unidas, a COP 26. Bolsonaro, além de ser um dos poucos chefes de estado que não estará em Glasgow, também abandonou a cúpula do G20 antes de seu final.

Isso me parece uma repetição do padrão de comportamento dele, de Inadequação nos ambientes em que está inserido:

  • Na carreira militar, se formou oficial em 1977 , mas foi pra reserva 11 anos depois, em 1988, após ter ficado preso por 15 dias e ser julgado, por suas ações ao pleitear aumento no soldo dos militares;
  • No legislativo, foi deputado federal por 7 mandatos consecutivos, entre 1991 e 2018.
    Nestes 27 anos na Câmara, passou por 9 partidos: PDC (1991-1993), PPR (1993-95), PPB (1995-2003), PTB (2003-2005), PFL (2005), PP (2005-2016), PSC (2016-2017) e PSL (2018-2019).
  • Concorreu à presidência da Câmara 3 vezes, em 2005, 2011 e 2017, quando recebeu apenas quatro votos, em um universo de 513 deputados.
  • Como deputado federal, apresentou 162 Projetos de Lei (PL), 1 Projeto de Lei Complementar (PLC) e 5 Propostas de Emenda à Constituição (PEC), sendo relator de 73 deles. 
    Destes 171, conseguiu aprovar apenas 3: 1 PEC que prevê emissão de recibos junto ao voto nas urnas eletrônicas; uma proposta que estende o benefício de isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para bens de informática e outra que autoriza o uso da fosfoetanolamina, conhecida no Brasil como “pílula do câncer”. Bolsonaro justificou a aprovação de uma única emenda alegando que “não recebia apoio suficiente dos demais congressistas por sofrer discriminação por possuir ideais direitistas“.

Agora, como presidente da república, repete, tanto interna quanto externamente, este padrão . Não consegue atrair parceiros nem promover consensos para que suas propostas, projetos, ideais e visões sejam bem sucedidamente implantados.

Ele foi eleito presidente em 2018 por ser um Outsider, um Lobo Solitário (que era mesmo sua Persona enquanto deputado) e isso o tornava o melhor candidato para atender o zeitgeist presente no Brasil em 2018, com o eleitorado com uma sentimento fortemente anti-PT e contra o Lulismo.

Só que, como presidente, ele passou longe de cumprir a necessidade de ser articulador, de liderar e promover engajamento ao seu projeto de governo, tanto junto aos outros 2 poderes da república, como entre a população em geral e imprensa, dentro do Brasil, e junto a outros chefes de estado , organismos internacionais e e formadores de opinião, internacionalmente.

Não justifica culpar agentes externos por este fracasso (STF, Congresso, pandemia, crise hídrica, etc…). Se fosse fácil, qualquer um poderia ser presidente. Ele , na real, não se mostrou à altura do cargo que conquistou nas urnas em 2018. Além de não ter entregue e cumprido a grande maioria de suas principais promessa de campanha.

O país está pagando o preço por esta incompetência e continuará pagando por mais alguns anos após o término de seu mandato.

Internamente, estamos hoje pior do que estávamos em 2018.

Externamente, a imagem do Brasil e dos brasileiros sofreu um abalo incomensurável. Nossa persona, o modo como o país e sua população era “enxergado” pelos estrangeiros teve um forte abalo, e isso tem consequências que também levarão anos para serem revertidas.

E, pior, ele ainda pode deixar uma “herança maldita”, se sua péssima performance na presidência resultar na eleição Daquele-Que-Não-Pode-Ser-Nomeado.

Bolsonaro isolado junto com seu ministro Paulo Guedes, na antesala dos líderes do G20

Gui

Sou o Gui. Fiz arquitetura, pós em marketing, MBA em comércio eletrônico. Desde criança , quando adorava ler Julio Verne, eu gosto de explorar, descobrir novidades. Aqui no Papodeboteco vou conversar contigo sobre descobrir como podemos explorar nosso tempo livre.

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3 Comentários

  1. Gui,

    Infelizmente o presidente está com dificuldades para administrar a herança maldita que recebeu, pois lhe falta a competência necessária. Com relação a política externa, penso que o jogo político é extremamente importante, mas trata-se de conversas multilaterais e muita gente precisa do Brasil, logo isolar o presidente do Brasil poderá fazer falta.

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