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Por que o Aquecimento Global é real?

Quem tiver interesse e quer algo simples e curto para refletir, esse é o lugar!

Escrevi vários artigos que escrevi sobre o tema no Papo de Boteco, mas todos têm o pecado de ter palavras demais…

Aquecimento Global sem politização – I
Aquecimento Global sem politização – II
Aquecimento Global sem politização – III
Aquecimento Global sem politização – IV

Como acreditar no AG, se é tudo tão complicado?

Essa parte é a única que é mais longa. Peço ao leitor paciência, juro que vai valer à pena.

Há abaixo uma bela experiência imaginária (*1), que pode ser feita apenas com a mente.

Fala-se de fenômenos como correntes marinhas, La Niña, El Niño e também se fala de fenômenos do passado como o Período Quente Medieval e Pequena Era do Gelo.

Tudo parece que é complicado demais.

Se o homem mal consegue prever o tempo para amanhã, como ele pode ousar afirmar que o AG é causado principalmente pelo homem?

Vou descrever abaixo a tal experiência mental, mas antes veja essas 3 figuras:

a – A temperatura média da Terra não sofreu grandes variações desde o nascimento de Cristo, exceto agora….

Período Quente Medieval e Pequena Era do Gelo, nomes pomposos, pouca variação

b) a energia vinda do Sol sofreu variações mínimas desde o século XVII

Não se deixe enganar pela escala. A variação do energia vindo do Sol de 1611 é mínima!!

c) O saldo da energia que entra na Terra e sai da Terra era bem perto de 0. Não mais. Agora entra mais energia do que sai.

Basta ver que há um tempo atrás o gráfico oscilava perto da linha 0

A Terra da frase refere-se ao conjunto do ar perto da superfície (troposfera) e da superfície incluindo o gelo e os mares.

❃❃❃

Agora vamos à nossa experiência mental:

Construa uma enorme caixa isolada termicamente do resto, e ponha água na temperatura ambiente e deixe o ar em cima (esqueça o gelo, vamos simplificar) e depois fecha-a.

Cleison informatica: Experiência: Vulcão de Tinta...

Em um dado momento, com umas cânulas espetadas, injete ar bem quente em cima e água bem quente embaixo, sacuda e depois deixe a caixa em paz.

Agora nossa história começa.

Por um tempo, a água e o ar ficam turbulentos, mas, depois, se a caixa fica imóvel, o sistema entra em equilíbrio em uma dada temperatura, sendo que a temperatura de um corpo expressa quanto calor (energia térmica) está nele.

Durante o período inicial turbulento na caixa tem “ventos”, “correntes” etc. Assim, cada ponto pode ter uma temperatura diferente durante o período “agitado”.

Entretanto, a temperatura média do que tem dentro da caixa NÃO muda mais, porque a energia térmica da caixa está aprisionada. Não entra e nem sai energia, já que a caixa está devidamente isolada.

No caso real (a Terra), entrava e saía aproximadamente a MESMA quantidade de energia. Só que isso dá no mesmo, porque a energia dentro da caixa continua inalterada, e tudo atua como se a caixa estivesse isolada.

Ou seja, se entrasse por baixo com frio e por cima com calor, de forma que a energia que sai por baixo seja exatamente igual à energia que entra em cima, isso poderia inicialmente alterar a temperatura nos dois entornos, mas NÃO alteraria a temperatura média, pelo princípio de conservação de energia.

Assim, durante a turbulência, ninguém pode prever a temperatura de um dado ponto, ainda que saibamos a temperatura média! É exatamente isso o que representa o clima na Terra em um momento e lugar específicos: são fenômenos muito mais malcriados do que a temperatura média. Quase imprevisíveis.

Finalmente, vamos simular os últimos 50 anos. Abra um pouco a caixa por cima e coloque uma chama, para simular o que a figura c acima mostra. A forma como o calor se propaga na caixa, não é tão simples, mas não é relevante.

A caixa começa a aquecer, a temperatura média começa a aumentar. Por quê? Porque agora a caixa está recebendo MAIS energia do que está saindo.

Diferente da caixa, na Terra estão acontecendo coisas o tempo todo! Por quê? Porque existe a gravidade da Lua, do Sol, a órbita, os mares sob efeito da gravidade , a evaporação pelo Sol etc.

Enfim, a Terra é um local “agitado”. E não estou nem falando nos vulcões e terremotos.

Para tornar a caixa mais realista, de tempos em tempos, troque o lugar da chama para alterar a forma de propagar o calor dentro da caixa.

Ou seja, nesse caso, há imprevisibilidade local do “clima” em diferentes pontos da caixa, mas não há dificuldade em estimar a temperatura média, se soubermos quanta energia já entrou.

Qual a temperatura de um dado local em um dado dia na caixa? Não sei. A chama afeta a água e o ar de forma diferente? Sim, mas, de todo o modo, a temperatura média da caixa continuará a subir.

Esse é o experimento mental que ajuda a entender, com o apoio das figuras, porque o passado não importa e fenômenos do clima, ainda que muito importantes e complexos, não mudam o quadro global.

Por que olhar só os últimos 50 anos e não muito mais?

Porque TUDO que variou nos milhões de anos de maneira intensa, não variou quase nada nos últimos 50/60 anos, EXCETO o aumento de gases do efeito estufa na atmosfera e o aumento da temperatura (e suas consequências, como degelo e aumento do nível do mar).

Por que mais CO₂ gera mais calor e não o oposto?

Ora, primeiro o efeito estufa é que nos mantinha vivo em 1900 e hoje, sendo que a concentração de CO₂ era bem menor em 1900. Sem a atmosfera, a temperatura da Terra seria proibitivamente fria, mas se percebe claramente que a Terra é habitável…

Por que a atmosfera faz diferença? Justamente por causa do efeito do CO₂ e outros gases do efeito estufa sobre a temperatura, fato amplamente comprovado pela física e testado em laboratório e até experiências caseiras.

O H₂O também é um gás do efeito estufa de baixa duração que aumenta porque mais temperatura implica em mais evaporação.

Hoje, com mais CO₂ no ar, estamos bem, mas um pouco mais quentes.

Por que culpar o homem pelo CO₂?

O CO2 emitido pelo homem é, de fato, pouco em relação ao total emitido e absorvido pela natureza, mas é ele que está sendo o fiel da balança (e o CO₂ humano deixa rastros nos isótopos de Carbono) e fazendo com que se acumule, junto com outros gases como CH4 (metano)e N2O (óxido nitroso), que também tem contribuição humana.

Uma analogia pode ajudar a entender como algo tão pequeno (o homem) pode mexer em algo tão grande (a Terra):

Nesse novo experimento mental, suponha uma enorme cuba com água (nosso “CO2“) perto da boca com 1 torneira gigante de entrada com vazão de entrada constante de 1.000 litros / minuto. Suponha ainda uma grande torneira de saída com vazão de saída constante de 1.000 litro/minuto. Esse para representa a “Natureza”:

A torneira colocada pelo homem pode ser a torrente, digo gota, d’água

Qual a variação do nível da água com o tempo? Nenhuma, correto? Muita água sai, mas muita água entra.

Suponha agora que alguém (o “homem”) instale uma nova torneira de entrada com vazão de apenas 50 litros / minuto.

É uma vazão pequena relativa ao “ciclo da água natural” para a cuba.

No entanto, é justamente essa pequena torneira que vai fazer a cuba transbordar. Basta dividir o volume em litros vazio da cuba por 50 para estimar o número de minutos que esse “desastre” irá acontecer.

O vulcanismo pode estar nos aquecendo?

O vulcanismo terrestre não é muito expressivo, então a resposta é sim, mas muito pouco.

Agora, quando se refere ao vulcanismo embaixo dos oceanos, não sabemos mensurar toda a atividade vulcânica que lá acontece, porque ocorre em lugares que não vemos…

A questão é que quando se quantifica a energia necessária para aquecer o ar, a água e causar o degelo no ritmo que está acontecendo hoje, precisaria de uma enorme atividade vulcânica (mais intensa do que no passado) não detectada para fazer face a isso, em função da energia térmica média liberada por um vulcão.

E as consequências dessa bagaça?

As consequências de um fato são difíceis de precisar, e terão diferentes efeitos em diferentes partes do planeta. Mais chuvas e mais extremos de chuvas são certos, secas em algumas áreas internas muito prováveis etc. Modelos de previsão são muito mais complexos e imprecisos do que levantar fatos.

O que será feito diante do quadro?

Creio que nada de relevante, provavelmente, porque a política de curto prazo, as eleições, o crescimento do PIB são tudo freios a qualquer ação que saia dos discursos e promessas.

É só olhar a questão da água doce (que, sob a forma não contaminada, é uma minúscula proporção da água total diante de um consumo crescente, problema mais grave que o AG em curto prazo), nada de especial está sendo feito. (Ver em Fresh Water – Wikipedia, Freshwater Crisis – NatGeo e Água doce: o pior problema atual – Paulo Buchsbaum)

Tem como resolver isso tudo?

Energia barata é a única coisa que pode ajudar a resolver muitos dos nossos problemas, porque energia barata torna possível coisas antes quase impossíveis ou proibitivamente caras.

Ela permite reciclar materiais escassos, dessalinizar a água do mar, e até fazer enormes dispositivos para absorver CO₂ e outros gases da atmosfera.

Teremos energia barata em pouco tempo?

Pode ser energia de fissão com tório, energia de fusão, energia solar ou energia eólica (em qualquer combinação) de forma abundante. Estamos avançando, mas não dá para precisar. É muito caro virar a chave.

❃❃❃

Esse vídeo da NASA mostra a evolução da anomalia de temperatura entre 1880 e 2019, sobre o período 1951-1980.

(*1) Quero agradecer ao meu amigo virtual, o arquiteto Eduardo Laterza de São Paulo, que é contra a ideia do AG antropogênico, mas generosamente debateu comigo o tempo todo de mente aberta, com muito brilho e inteligência. Primeiro pelo Facebook, depois por mensagem. No afã de tentar fazê-lo enxergar uma outra visão, bolei essa experiência mental, que considero a melhor e mais simples maneira de tentar convencer uma pessoa que algo está errado no planeta. Não é que eu me coloque como Mr. Right, mas nunca encontrei uma forma tão poderosa de defender o AG antropogênico.

Paulo Buchsbaum

Fui geofísico da Petrobras, depois fiz mestrado em Tecnologia na PUC-RJ, fui professor universitário da PUC e UFF, hoje sou consultor de negócios e já escrevi 3 livros: "Frases Geniais", "Do Bestial ao Genial" e um livro de administração: "Negócios S/A". Tenho o lance de exatas, mas me interesso e leio sobre quase tudo e tenho paixão por escrever, atirando em muitas direções.

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