Esporte

Quando o maior da história encontra o melhor do mundo…

Quem é o maior tenista de todos os tempos? A final de Wimbledon pode ter respondido.

“Quem é o maior de todos os tempos?” Esta é uma pergunta-clichê que todo fã de esporte sempre faz.

Pelé ou Maradona? Phelps ou Spitz? Bolt ou Lewis? Senna ou Schumacher? Jordan ou LeBron? Ali ou Tyson?


Mas, quase sempre, queremos comparar esportistas de épocas diferentes.
É um problema, porque esportes em épocas distintas, tem realidades distintas. Os adversários não são os mesmos , existem fases com maior ou menor competitividade e, principalmente, não passam pelo critério definitivo: o confronto direto!

Imagine , no equivalente da F1, Schumacher, Hamilton , Senna e Verstappen correndo nos mesmos anos , um contra o outro, e um deles sendo o maior vencedor.

Já no tênis, nos últimos 20 anos, somos privilegiados em poder acompanhar simultaneamente a carreira de 3 fenômenos, os maiores de todos os tempos, e dá para afirmar que existe um GOAT neste esporte.

Roger Federer

Venceu 103 torneios. 20 títulos de Grand Slam. 6 Australian Open, 1 Roland Garros, 8 Wimbledon, 5 US Open. 1251 vitórias em 1526 partidas de simples disputadas. 15 anos de intervalo entre seu primeiro major (Wimbledon -2003) e sua última dança ( Australia Open-2018).

É unanimemente considerado o mais talentoso tenista de todos os tempos e tornou-se uma eterna lenda do esporte, pela elegância em quadra, altíssimo nível estético de seu jogo e uma imagem de simpatia que encanta os fãs do esporte no mundo inteiro. Você não encontrará uma pessoa que diga que não gosta do Federer, ou critique algum aspecto de sua carreira.

Se fosse mostrar os melhores lances da sua carreira, o vídeo teria muitos minutos. Assim, pelo último aspecto que citei, vou ilustrar quem ele é pela maneira como foi recepcionado este ano em Wimbledon, com minutos de aplausos na sua chegada ao camarote real, vestido de terno, como se dizia que era a roupa correta para ele usar nas quadras, pela elegância de seu jogo. O reconhecimento da torcida mais exigente do mundo diz tudo.

Rafael Nadal

Rei do Saibro, com inacreditáveis 14 títulos de Roland Garros (112 vitórias em 115 partidas disputadas em Paris, aproveitamento recorde de 98%), superando a lenda Bjorn Borg. Primeiro tenista a atingir a marca de 22 títulos de Grand Slam, somando com seus 2 na Austrália e Wimbledon e 4 nos Estados Unidos. Pentacampeão da Copa Davis, com a armada espanhola. Uma longevidade ainda maior que a de Federer, com intervalo de 18 anos entre o primeiro e o mais recente título de um major (Roland Garros 2005-2022).

Dono do raríssimo Golden Slam, pela medalha de ouro conquistada na olimpíada de Pequim . Apenas, Steffi Graf, Andre Agassi e Serena Williams também tem esta marca.

Tem a força física de um touro ibérico na quadra, e talvez seja o tenista mais raçudo de todos os tempos: pra ele não tem bola perdida, não se entrega nunca, alcançou históricas viradas em partidas aparentemente perdidas.

Para ilustrar quem é Rafael Nadal, não tem como fugir do icônico: sua supremacia em Roland Garros. Algo que só tem paralelo no esporte moderno com Usain Bolt nas provas de 100 e 200 metros ao longo de toda sua carreira, em que antes de cada largada, já sabíamos de antemão que ele seria o vencedor.

Novak Djokovic

Aos 36 anos, tem um inacreditável preparo físico, no mesmo nível de adversários quase 20 anos mais jovens, e se mantem no auge nos últimos 10 anos, sem tendência de queda no nível de seu jogo. Entra como o favorito a ser batido, em qualquer torneio que participe. Até mesmo no saibro de Roland Garros, teoricamente a superfície que menos favorece seu estilo de jogo, ele tem um tricampeonato, que se soma aos 3 US Open, 7 títulos em Wimbledon e 10 na Austrália, totalizando a recorde marca de 23 Grand Slams na carreira, e contando … 16 anos de intervalo entre seu primeiro e último major (Australia-2008 e Roland Garros-2023). Consistência e regularidade: é o tenista com mais semanas no primeiro lugar do ranking da ATP (388 versus 310 de Federer), único a ganhar no mínimo 3 vezes cada um dos Grand Slam.

Se fosse futebol, enquanto Federer tem a plasticidade e beleza de jogo de um Lionel Messi, Djokovic é uma máquina programada para vencer, como um Cristiano Ronaldo.

E, esta última característica é ao mesmo tempo seu ponto forte e sua fraqueza. Ele é o mais competitivo dos 3, o mais focado em resultados e por isso, e também devido a outros fatores extra-quadra, o único com imagem negativa junto a boa parte do público fã do esporte.

Pensando por este lado, ouso dizer que a maneira como se comportou após ter sido derrotado na final de Wimbledon, e seus elogios reconhecendo a grandeza de Carlos Alcaraz na entrevista pós-jogo, era o que faltava na carreira de Djokovic para ser sacramentado como o maior de todos os tempos. Ele deixou de ser apenas uma máquina e mostrou-se humano. Provou que, além de saber ganhar, também sabe perder.

Qual do Big Three é o G.O.A.T.?

Antes, a pergunta: por que este short-list do melhor de todos os tempos ser um destes 3?

Porque assim como no futebol o título na copa do mundo é a principal métrica de avaliação, no tênis os títulos de Grand Slam tem este mesmo reconhecimento.

Apenas 8 tenistas conseguiram completar o “Career Grand Slam”, vencer os 4 torneios, no mínimo 1 vez:

  • Fred Perry
  • Don Budge
  • Rod Laver
  • Roy Emerson
  • Andre Agassi
  • Roger Federer
  • Rafael Nadal
  • Novak Djokovic

E, numa rápida passada de olhos numa lista com os mais famosos vencedores deste conjunto de torneios, revela como estes 3 estão numa prateleira muito acima da de outras lendas do esporte:

Número de TítulosVencedores
23Novak Djokovic
22Rafael Nadal
20Roger Federer
….….
14Peter Sampras
12Roy Emerson
11Rod Laver | Bjorn Borg
10Bill Tilden
8Fred Perry | Ken Rosewall | Jimmy Connors | Ivan Lendl | Andre Agassi
7John McEnroe| Mats Wilander| Henri Cochet| René Lacoste
6Boris Becker | Stefan Edberg | John Newcombe | Don Budge
5Jack Crawford
4Jim Courier | Guillermo Vilas |Manoel Santana | Tony Trabert
3Gustavo Kuerten |Andy Murray |Arthur Ashe
A lista completa de vencedores você pode encontrar clicando aqui, na wikipedia

Mas, tênis, não é apenas a análise quantitativa das estatísticas: também consideremos longevidade, confronto direto, resiliência, competitividade.

Nole é o primeiro em todas as estatísticas, numa era em que enfrentou em quadra os outros 2 maiores. Entre 2008, quando Djokovic ganhou seu primeiro Grand Slam, e 2018, quando Federer ganhou o seu último, foi uma década de confrontos diretos entre o Big Three.

Nos confrontos diretos, temos:

  • 40 Fedals, com 24 vitórias pro espanhol e 16 pro suíço (60% x 40%);
  • Djokovic e Federer se enfrentaram 50 vezes, com 27 vitórias pro sérvio e 23 para Federer (54% x 46%);
  • Finalmente, Nadal e Djokovic é o confronto direto mais equilibrado, mas mesmo assim com leve vantagem pro sérvio: 30 partidas ganhas, contra 28 perdidas (52% x 48%).

Ao vencer Roger Federer na final de Wimbledon em 2014, Djokovic se tornou o primeiro a vencer o suíço (que, à época, era considerado o maior tenista da história) em todos os quatro Grand Slams. 

Ele e Robin Soderling (quem?) são os únicos tenistas que conseguiram derrotar Rafael Nadal no saibro de Roland Garros (Djoko 2 vezes!).

Cenas dos próximos capítulos: a Era Alcaraz

E, finalmente, chegamos ao New Kid in the Block: Carlos Alcaraz.

Só digo uma coisa : torço para que tenhamos o privilégio de acompanhar uma carreira com tanta longevidade quanto às dos 3 anteriores .

Quanto a descrever como é seu jogo, eu deixo que o próprio Novak Djokovic fale…

“Acho que ele tem, basicamente, o melhor dos três mundos. Ele tem resiliência mental e muita maturidade para alguém de 20 anos. É impressionante. Ele tem essa mentalidade de touro espanhol e a competitividade e o espírito de luta e a defesa incrível que vimos com Rafa ao longo dos anos. E acho que ele tem um backhand deslizando que tem semelhanças com o meu backhand. Sim, backhands de duas mãos, defesa, conseguir se adaptar. Acho que foi meu ponto forte por muitos anos. Ele também tem isso. Nunca joguei conta um tenista como ele, para ser honesto. Roger e Rafa têm seus próprios pontos fortes e fracos. Carlos é um jogador muito completo. Capacidades incríveis de se adaptar que acho que são chave para longevidade e uma carreira de sucesso em todas as superfícies.”

Novak Djokovic

Carlos Alcaraz é o primeiro tenista, sem ser um do ‘Big Four’ a vencer Wimbledon, desde 2003

Ele nasceu naquele ano.

One More Thing…

Dedicado à minha amiga Georgia Lago, que me disse algo bem bacana, “…até senti vontade de começar a acompanhar o esporte“:

Ela me deu a idéia de destacar as que foram, pra mim, a partida mais importante da carreira de cada um dos 3.

Não por coincidência, são todas finais de 5 sets em Wimbledon, com a participação do Roger Federer. Aproveite, porque são 3 oportunidades de apreciar o jogo daquele que tem o estilo mais bonito do trio:

Wimbledon 2008 – Rafael Nadal 3×2 Roger Federer ( 6–4, 6–4, 56–7, 86–7, 9–7 )


Esta foi a maior partida de tênis que assisti na minha vida!
4 horas e 48 minutos que eu não queria que acabassem nunca!


Foi a vitória mais significativa pro Nadal porque mostrou ao mundo que ele não era um tenista de apenas uma superfície, o saibro de Roland Garros.

E, provou em grande estilo, derrotando o melhor do mundo na “casa do adversário”, a grama da quadra central de Wimbledon, onde ele vinha de um pentacampeonato consecutivo (2003-2007)

Final Full Video

Wimbledon 2014 – Novak Djokovic 3×2 Roger Federer (76–7, 6–4, 7–64, 5–7, 6–4 )

Foi o Turning Point na carreira do Djokovic: se tornou o primeiro tenista a conseguir vencer o suíço (considerado o maior tenista da história) em todos os quatro Grand Slams. Foi a vitória que consolidou o Big Three, colocando o nome do sérvio na mesma prateleira dos outros 2 grandes do esporte.

Final Full Video

Wimbledon 2019 – Novak Djokovic 3×2 Roger Federer (7-6 ,1–6, 7–6, 4–6, 13–12)

Na minha opinião, a partida mais importante da carreira de Roger Federer foi …. uma derrota!

Mas, uma daquelas com gostinho de vitória…

Federer, com quase 38 anos de idade, vinha de um periodo afastado das quadras por lesões, e consideravam que sua carreira já estava comprometida, sem chances de repetir suas grandes conquistas anteriores. Mas, nesta partida, que foi a final mais longa da história de Wimbledon, 4 horas e 55 minutos de jogo, contra o melhor tenista do mundo daquele ano, o suiço calou a boca de quem duvidava dele e provou que ainda tinha lenha pra queimar!

E, para dar o tom dramático, que provoca pesadelos até hoje entre seus fãs mais ardorosos, ainda teve 2 oportunidades concretas de vitória 2 match points no 5º set, que Djokovic conseguiu reverter…

Final Full Video

Gui

Sou o Gui. Fiz arquitetura, pós em marketing, MBA em comércio eletrônico. Desde criança , quando adorava ler Julio Verne, eu gosto de explorar, descobrir novidades. Aqui no Papodeboteco vou conversar contigo sobre descobrir como podemos explorar nosso tempo livre.

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