Esporte

Quais as lições a aprender do fracasso da seleção feminina?

A desclassificação precoce da seleção brasileira feminina nesta Copa do Mundo traz algumas reflexões. Acima de tudo é preciso evitar reações precipitadas e emocionais, do tipo “terra arrasada”. Pelo contrário, talvez as lições deste fracasso sejam o caminho para um sucesso nos Jogos Olímpicos, já tão próximos.

Indo por partes;

  1. O futebol feminino evoluiu muito, e isto é bom prá todo mundo. A zebra passeia pela Copa, e mostra que a velha frase “não tem mais bobo no futebol” se aplica agora também ao feminino;
  2. O Brasil também evoluiu, e os resultados obtidos contra Alemanha e Inglaterra antes da Copa são um claro indicativo disto. Prá mim o que pesou na Copa foi o fator emocional (ver adiante);
  3. O oba-oba e, pior que isto, o ambiente de lacração delirante criado pelos meios de comunicação, pesou nos ombros das nossas guerreiras, quase todas de origem humilde e muito pouco acostumadas ao tratamento de celebridades que receberam de uma hora para outra. Debates inúteis como comparar salários com os dos homens tiraram o foco do time, que deveria ser futebol. Ai, a carruagem virou abóbora. Sem surpresas.
  4. Sobre Marta; ela é uma celebridade, e já sabe se virar com isto. Só que foi convocada mais como celebridade do que pela parte técnica (mais ou menos como aconteceu com Cristiano Ronaldo na Copa masculina). Prova disto é que nunca foi titular nos amistosos de preparação. Era prá ficar no grupo, como exemplo e inspiração e, de vez em quando, entrar no segundo tempo para preocupar as adversárias;
  5. Por isto entendo que o maior erro da técnica sueca Pia Sundhage foi colocar Marta desde o início contra a Jamaica. Foi um sinal claro de desespero e falta de confiança no grupo, preferindo acreditar que Marta resolveria tudo sozinha. Só que ela não é mais a mesma e a qualidade das marcadoras melhorou muito. O efeito colateral foi que as jogadoras se sentiram intimidadas e o time não rendeu em conjunto. Uma decisão catastrófica, que complicou um jogo que não seria muito difícil.
  6. Fechando; acho muito covarde a atitude de comentaristas que agora querem crucificar todo mundo por uma suposta “amarelada”. Não, estas bravas meninas não merecem nada além de carinho e aplausos. Não foram elas que criaram o “Gran Circus Seleção da Lacração”. Na verdade, elas foram vítimas disto tudo. O negócio delas é jogar bola (e muito bem, diga-se). Tenho certeza de que ainda vão nos dar muitas alegrias dentro do campo. E Marta é e será a Rainha eternamente. Deixemos a lacração prá quem não tem capacidade para fazer nada melhor do que isto. Parafraseando o inesquecível Ibrahim Sued, os cães (da lacração) ladram e a caravana (do futebol) passa.

Que venha Paris-2024.

Marcio Hervé

Márcio Hervé, 71 anos, engenheiro aposentado da Petrobras, gaúcho radicado no Rio desde 1976 mas gremista até hoje. Especializado em Gestão de Projetos, é palestrante, professor, tem um livro publicado (Surfando a Terceira Onda no Gerenciamento de Projetos) e escreve artigos sobre qualquer assunto desde os tempos do jornal mural do colégio; hoje, mais moderno, usa o LinkedIn, o Facebook, o Boteco ou qualquer lugar que aceite publicá-lo. Tem um casal de filhos e um casal de netos., mas não é dono de ninguém; só vale se for por amor.

Artigos relacionados

Um Comentário

  1. Concordo, nossa seleção é uma vitima do cenário atual. Que venha Paris 24. Pensamos para frente, mais um tempinho para nossa tecnica aprender portugues… abs

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo
%d blogueiros gostam disto:
Send this to a friend