Esporte

200 dias para as Olimpíadas

Quem já subiu no pódio mas quer chegar no topo? Por onde andam nossos medalhistas olímpicos que nunca foram Ouro? Vão conseguir finalmente serem Campeões Olímpicos?

Em continuação ao Papo de Boteco que tive com vocês, neste post, quando chegamos em 300 dias para as Olimpíadas, e falei dos já consagrados medalhistas de Ouro e a difícil arte de se manter no topo, agora é a vez dos não menos heróis medalhistas olímpicos, que não conseguiram o Ouro.

No Brasil, qualquer atleta olímpico já deveria ser considerado herói esportivo nacional, pois chegar em uma Olimpíada com as condições esportivas que temos por aqui já é digno de muito reconhecimento, imagina então conseguir ir ao pódio?

Atleta que é atleta, pode até valorizar suas próprias conquistas, mas está sempre em busca de algo maior.

Temos alguns atletas e esportes que mesmo tendo chegado ao pódio olímpico, estão em busca do lugar mais alto, então vamos ver como estão nossos já consagrados medalhistas que ainda não sentiram o gosto de ouro olímpico.

Primeira mulher medalhista olímpica individual, Ketleyn Quadros, bronze no judô em Pequim 2008, foi uma das “ligeiramente” esquecidas pela imprensa por seu feito. Ocorre que no final da Olimpíada, Maurren Maggi seria Ouro no salto em distância, deixando o feito “feminino” de Ketleyn em segundo plano.

Ketlyen tem história curiosa, depois da medalha inédita acabou de fora das duas últimas Olimpíadas, e volta agora a figurar entre as melhores do ranking mundial de sua categoria (-63Kg).

Está em 10º lugar no ranking que conta com três japonesas à sua frente e somente uma delas disputa a Olimpíada.

Será um feito mais do que heroico se ir ao pódio, imaginem se conquistar o ouro em Tóquio.  

Também em Pequim, as iatistas Isabel Swan e Fernanda Oliveira foram bronze na classe 470. Foram as primeiras medalhistas femininas brasileiras no iatismo, outro feito esquecido.

Fernanda Oliveira possui cinco participações em Olimpíadas e vai para sua sexta fazendo dupla com Ana Barbacham, com quem veleja desde Londres 2012.

É uma das favoritas à medalha. Os resultados recentes comprovam, mesmo com a paralisação geral por conta da Pandemia.

O ouro depende de outros aspectos, mas estará na briga.

Isabel Swan está na Classe Mista Nacra 17 mas não conseguiu a vaga olímpica.

Os judocas Rafael Silva e Mayra Aguiar possuem dois bronzes, em Londres-12 e Rio-16, e tentam em Tóquio conquistar o tão almejado ouro Olímpico.

Rafael, sexto do ranking mundial, possui em seu calcanhar o outro brasileiro da categoria, David Moura, nono colocado. A briga pela vaga olímpica ainda está em aberto.

Mayra e Audrey. Foto: Acervo pessoal

Mayra está em 5º lugar no ranking, sendo que duas francesas estão à frente e só uma delas vai a Tóquio. A francesa Audrey Tcheumeo, que derrotou Mayra no Rio, de triste lembrança para mim, pois eu estava lá na arquibancada, é a terceira francesa no ranking, em 10º lugar. A briga francesa pela vaga promete.

Mayra caminhando para a Cerimônia de Premiação. Foto: Acervo pessoal

Mayra sofreu uma cirurgia recentemente e a recuperação está a todo vapor.

Hasteamento das bandeiras. Foto: Acervo pessoal

Se voltar à forma, é candidatíssima a finalmente subir no lugar mais alto do pódio.

Comemoração. Foto: Acervo pessoal

Arthur Nory, campeão mundial na barra fixa e bronze no solo nas Olimpíadas Rio-16, é o nome do Brasil na ginástica artística.

Arthur Nory comemora apresentação na Rio-16. Foto: Acervo pessoal

Passou pela sua oitava cirurgia (isso mesmo, não foi só o Fenômeno que teve que matar um leão por dia no esporte de alto rendimento), aproveitando o adiamento dos Jogos.

Aproveitou também esses duros tempos de pandemia para se desculpar de uma forma mais explícita de um episódio de racismo ocorrido na seleção de ginástica, em 2015, contra o atleta Ângelo Assumpção.

Ângelo havia voltado a ser notícia antes, quando foi demitido no início de 2020, do clube Pinheiros, onde passou boa parte da vida e saiu acusando o clube de racismo. O clube alega outros motivos, entre os quais uma falta de comprometimento e disciplina do atleta com horários e outras obrigações.

O fato é que Ângelo acabou desempregado, mesmo sendo outro atleta de alto nível do esporte nacional.

Depois disso, Nory escreveu nas redes um texto com uma correta avaliação, na minha opinião, do episódio em 2015, e, se não apagou o passado, ao menos demonstra seu crescimento como ser humano.

Nory é favorito em Tóquio, tanto na barra fixa, quanto no solo, e pode brilhar.

No vôlei de praia, Ágatha foi prata na Rio-16, ao lado da então parceira Bárbara.

Agora está com Duda e são uma das favoritas em Tóquio. Já conquistaram o mundial em 2018 e etapas do circuito em 2018 e 2019.

A Pandemia trouxe prejuízos esportivos para as duplas brasileiras por conta da paralisação das competições e treinamentos, mas esperamos que venham com tudo em 2021.

Na canoagem, Isaquias Queiroz deve novamente brilhar.

Detentor do recorde brasileiro com três medalhas em uma mesma Olimpíada (Prata no C1 1000m e no C2 1000m ao lado de Erlon Souza, e bronze na C1 200m na Rio-16), além do mundial na C1 1000m em 2018, Isaquias já está classificado para as provas C1 1000m e C2 1000m junto com Erlon.

É favorito ao Ouro Olímpico e esperamos que, independente do resultado, tenha mais espaço na mídia, pois já é herói esportivo nacional. A canoagem agradece.

O futebol feminino, agora com a campeã Pia como treinadora, não é favorito ao ouro, e, quem sabe, com isso, possa trabalhar sem alarde nem expectativas.

Possui algumas atletas remanescentes das medalhas de prata em Atenas-04 e Pequim-08, que podem escrever uma das páginas mais bonitas e históricas do esporte feminino nacional.

A falta de apoio pesa sempre na necessidade de resultados para o merecido reconhecimento, e, no Brasil não se aceita a medalha de prata no futebol como conquista. Uma pena, pois, com isso, outros países desenvolveram assustadoramente o futebol feminino e o Brasil parou na geração Marta e Cristiane.

Ter que torcer para que venha o ouro olímpico e, aí, depois disso, termos interesse do público e mídia é chover no molhado. O ouro geralmente vem depois de investimentos no esporte. Essa máxima, com algumas exceções, não é seguida no Brasil.

Mas, enfim, o futebol feminino está vivo e vai em busca do ouro inédito.

Ketleyn Quadros, Fernanda Oliveira, Rafael Silva, Mayra Aguiar, Arthur Nory, Ágatha, Isaquias Queiroz, Erlon Souza, Marta e talvez Cristiane e Formiga tem em comum o fato de já terem em seus currículos pelo menos uma medalha olímpica, mas ainda sonharem com o ouro e por terem passado por provações esportivas dignas de um filme que nos leva às lágrimas no final feliz.

Será que algum desses já medalhistas olímpicos vai protagonizar nossas lágrimas de alegria, com o ouro inédito?

Isaquias, Erlon, Nory, Mayra e Fernanda são favoritos.

Torço muito para todos, são merecedores pela carreira.

Os Jogos estão se aproximando, 200 dias voam, xô Covid-19, vêm vacina!

Vinícius Perilo

Vinícius Perilo, 47 anos, é engenheiro civil apaixonado por todos os esportes. Tudo começou no Ursinho Misha em Moscou 80, e, a partir daí, acompanhando ídolos como Oscar, Hortência, Bernard, Jacqueline, Ricardo Prado, Joaquim Cruz. Ama futebol como todo brasileiro, faz parte da geração que chorou de tristeza a derrota de 82 e de alegria com o Tetra em 94. Realizou um sonho de criança e conduziu a Tocha Olímpica para a Rio 16. Ainda acredita no Brasil olímpico.

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