Brasil

A primeira pesquisa para valer…

A pesquisa Ibope divulgada hoje, que foi a campo entre 1 e 3 de Setembro, é a primeira sem a presença do presidiário, que parece não estar se importando muito em viabilizar seu poste, haja vista sua insistência em múltiplos recursos fadados ao fracasso.

Bolsonaro, com 22% tem uma boa e uma má notícia. A primeira é que sua resiliência inicial indica que ele tem muitas chances de chegar ao segundo turno. Por outro lado, sua rejeição altíssima o colocaria hoje como azarão nessa fase, perdendo de todos adversários, exceto de Haddad, com quem disputaria voto a voto.

Ciro Gomes foi o que mais se beneficiou com a saída do Santo Jararaca, empatando com Marina, que ficou estável em 12%. A seguir, Alckmin com 9%, variando positivamente em dois pontos. O poste, com tímidos 6%, está empatado tecnicamente com Amoedo e Álvaro Dias, com 3%.

Se o divino preso ajudar, a tendência é que seu poste ganhe pontos. A dúvida é quanto e se haverá tempo hábil para transferência. Apesar da pressão que vem recebendo para crescer, Alckmin ainda é capaz de fazê-lo, pois tem baixa rejeição, mas um tremendo desafio: as intenções de voto em Amoedo, Álvaro Dias e Meirelles somam 8%, praticamente se igualando ao seu índice. Esse é um eleitorado com perfil para votar no tucano, mas que está cansado do PSDB. Resta saber se no momento crucial, Geraldo poderia se beneficiar de um potencial voto útil. Sua campanha tem mirado em converter os votos bolsonaristas, e não necessariamente essa é a melhor estratégia. De qualquer maneira, mesmo um movimento discreto de subida o faria empatar com Ciro e Marina.

Há ainda um contingente imenso de quase 30% entre votos nulos, brancos e indecisos, quantidade suficiente para virar a eleição de cabeça para baixo.

Pelo andar da carruagem, é possível que cheguemos às vésperas da eleição com um empate quádruplo no segundo lugar, e grandes chances de que o melhor entre os quatro largue com vantagem em uma curtíssima campanha de segundo turno.

Destaque-se o crescimento de Amoedo, que saiu de traço para 3%. Dificilmente ele terá envergadura para voos mais altos, e se conseguir superar a marca dos 5% será um feito extraordinario, uma vez que seu eleitorado se encontra no topo da pirâmide e o pouco tempo de TV dificulta a propagação de votos para outros segmentos.

Em resumo:

– Bolsonaro parece ser forte em pontos corridos e ruim de mata mata;

– A exposição limitada é um desafio para Marina, que não cai, mas precisa crescer para se garantir no segundo turno. Ao contrário de Bolsonaro, ela está com dificuldade nos pontos corridos, só que é a mais forte no mata mata;

– Quanto mais o divino preso se mantiver em seu teatrinho, melhor para Ciro, pois a ascensão do poste é contida. Pela direita, ele torce para que Alckmin continue sofrendo;

– Geraldo precisa mostrar força e ao menos empatar com Marina e Ciro, assim ele seria capaz de se apresentar como voto útil viável. Se não o fizer, pode perdê-los para Marina, uma possível alternativa ao centro, e Bolsonaro, em sua empreitada quixotesca para ganhar no primeiro turno;

– Haddad é um pau mandado. Como ele se prestou a esse papel, não deve estar preocupado em ganhar as eleições, e sim agradar ao chefe. Quanto mais tarde assumir a candidatura de fato, menores são suas chances.

Apertem os cintos e façam suas apostas. O cenário está completamente aberto.

Victor Loyola

Victor Loyola, engenheiro eletrônico que faz carreira no mercado financeiro, e que desde 2012 alimenta seu blog com textos sobre os mais diversos assuntos, agora incluído sob a plataforma do Boteco, cuja missão é disseminar boa leitura, tanto como informação, quanto opinião.

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