2021 será o Verão das Road Trips pelo Brasil. Fiz esta afirmação no primeiro dos relatos sobre viagens de carro que fiz, ao longo dos últimos 4 anos, publicados aqui no Papo de Boteco: Minas Gerais , Região Sul e Costa do Descobrimento e das Baleias, no sul da Bahia. Para fechar com chave de ouro esta série, a Costa dos Corais é o trecho do litoral, entre Recife-PE e Maceió-AL, com as praias mais caribeanas do Brasil.
Acredito que as férias de verão terá esta pegada simplesmente porque a maior parte dos países que costumamos visitar estão com suas fronteiras fechadas para o turista brasileiro: Europa, Estados Unidos e vizinhos da América do Sul. Além disso, muita gente ainda não se sente com segurança de fazer uma longa viagem aérea, porque o interior de um avião, lotado, numa viagem de várias horas, é considerado uma das situações de maior risco de contágio, apesar dos filtros HEPA do sistema de ar condicionado das aeronaves reterem o vírus da Covid19.
É uma oportunidade do Brasil reverter o que o Ricardo Freire, do Viaje na Viagem, chama de Déficit da Balança Comercial do Turismo. O Brasil, no mercado de turismo internacional, apesar de ser o nº 1 do mundo em Recursos Naturais, é um país deficitário: mais turistas brasileiros viajam para o exterior e injetam receitas em países como França, Estados Unidos ou Itália, do que recebemos estrangeiros para passar férias aqui.
E, lembrando que:
Turismo é a única ‘indústria’ que não dá para sair de um país e se mudar para a China[googlemaps https://www.google.com/maps/embed?pb=!1m52!1m12!1m3!1d1009231.6179609869!2d-35.898965641507765!3d-8.850609507915308!2m3!1f0!2f0!3f0!3m2!1i1024!2i768!4f13.1!4m37!3e0!4m5!1s0x7ab196f88c446e5%3A0x3c9ef52922447fd4!2sRecife%20-%20PE!3m2!1d-8.0522404!2d-34.9286096!4m5!1s0x7aa92264444c639%3A0x22d2d29248113c5e!2sPorto%20de%20Galinhas%2C%20Ipojuca%20-%20PE!3m2!1d-8.5066086!2d-35.005686499999996!4m5!1s0x7aa82437ea03031%3A0x336f75ffd9e3f152!2sPraia%20dos%20Carneiros%2C%20Tamandar%C3%A9%20-%20PE!3m2!1d-8.7143226!2d-35.0866426!4m5!1s0x7008aacdc3580a9%3A0x7821c44c827ad3cd!2sMaragogi%20-%20AL!3m2!1d-9.010362599999999!2d-35.220844899999996!4m5!1s0x700fd3bd24492b9%3A0xdcd9540c15e67784!2sS%C3%A3o%20Miguel%20dos%20Milagres%2C%20AL!3m2!1d-9.2678356!2d-35.374683499999996!4m5!1s0x70146fcd6688849%3A0xee2c725b43e07653!2zTWFjZWnDsywgQUw!3m2!1d-9.6498487!2d-35.7089492!5e0!3m2!1spt-BR!2sbr!4v1602856191508!5m2!1spt-BR!2sbr&w=600&h=450]
Recife / Olinda:
Que tal começar uma viagem pelo litoral por uma capital onde a idéia é não pegar praia?
Se hospede em Boa Viagem, o bairro turístico praiano, mas tenha em mente que os melhores programas para se fazer em Recife estão fora da areia.
Pra começar, curta o Centro Histórico e sua zona portuária revitalizada, que o deixou com uma cara de Puerto Madero (olhe de novo uma referência estrangeira!).
Olinda:
Na outra metade do dia, a idéia é flanar ao acaso pelas ladeiras de Olinda. Curta seus bares, restaurantes, galerias, igrejas, museu de bonecos.
Dois Primos transformaram suas paixões pela arte e história em cartões postais da cidade, programas culturais, que nada tem a ver com o mar.
O Instituto Ricardo Brennand é um complexo de edificações em estilo medieval que abriga uma vasta coleção de peças históricas como pinturas, tapeçarias, esculturas, pinturas, entre outras. Já a Oficina Brennand, do seu primo ceramista Francisco, é uma antiga olaria transformada em uma imprevisível e belo museu-atelier. Cheque os horários de funcionamento, mas o ideal é fazer um programa de dia inteiro, indo visitar a Oficina numa manhã e o Instituto durante a tarde.
Oficina Francisco Brennand:
A visita é como entrar num sonho do nosso Gaudí pernambucano, com suas criaturas míticas e eróticas em formas delirantes.
Instituto Ricardo Brennand:
Um castelo medieval gótico, cercado por mata atlântica tropical, este outro sonho excêntrico é como uma metáfora do que poderia ter sido o nordeste brasileiro sobre colonização holandesa. Dentro, o acervo de uma pinacoteca com a maior coleção privada de pinturas do paisagista Frans Post, que retratou o Brasil durante a ocupação holandesa de Pernambuco, gravuras, cartas, tapeçarias Gobelin e moedas da época do Brasil holandês, biblioteca com 20 mil itens, quadros e reeplicas de esculturas famosas e, principalmente, uma das mais importantes coleções de armaria do mundo, com 3 mil peças.
Porto de Galinhas:
E quem diria que aquela praia de nome pitoresco, colorida e alto astral, se tornaria o principal destino turístico do Pernambuco continental (alô, Fernando de Noronha, ainda farei um post sobre você…) , com praias de água transparente e corais formando piscinas naturais, alguns dos melhores resorts do Brasil e restaurantes estrelados numa centro de vila que parece ter sido desenhada por um diretor de arte num dia inspirado?
Mas, existem 2 dicas práticas que você precisa saber antes de agendar sua viagem:
- Porto de Galinhas fica a apenas uma hora de Recife, portanto lota nos feriados e fins de semana de sol. Tente viajar no contra-fluxo: Chegue em Recife para passar o final de semana na capital, com menos trânsito e com o Recife Antigo e Olinda no auge e viaje pra Porto de Galinhas apenas na segunda-feira.
- Visite Porto de Galinhas durante uma semana de lua cheia ou de lua nova porque as piscinas naturais ficam muito mais rasas e cristalinas. Assim, antes de marcar a data da viagem, leia essas duas matérias para ter a melhor experiência possível lá: Como usar a tábua das marés e 7 dicas para não perder a viagem a piscinas naturais.
Vai lá, leia essas 2 matérias e depois volte aqui pra gente continuar nossa road trip.
Agora que você viu que a manha é ir nas piscinas naturais nas manhãs de maré baixa com lua nova ou cheia, imagine fazer isso deslizando por 15 minutos numa jangada sobre o mar transparente contrastando com o coral escuro.
Praia dos Carneiros:
Carneiros é conhecido como um imperdível passeio de bate-e-volta para quem está hospedado em Porto de Galinhas ou Maragogi conhecer a mais charmosa e insólita igrejinha de praia do Brasil.
Mas, cabe a mesma dica que dei sobre a Praia do Espelho, no post sobre o sul da Bahia:
Ficar hospedado lá permite você curtir a praia naqueles períodos que ela fica paradisíaca, semi-deserta, de manhã cedo ou no fim da tarde e à noite, sem os turistas de um dia.
Maragogi:
Tenho uma relação de amor e ódio em relação a Maragogi.
Eu a conheci do jeito errado. Por isso, vou relatar o que fiz de errado, para que você não passe pelos mesmos perrengues e, pelo contrário, curta aquilo que descobri que tem de muito bom por lá.
O jeito errado:
Fui lá priorizando conhecer as Galés de Maragogi, as maiores e mais vistosas piscinas naturais em alto mar do Nordeste. Só que este também é o objeto de desejo de centenas de outros turistas que fazem a mesma coisa, lotando os catamarãs em busca da chance de se deixar fotografar na água transparente em meio a peixinhos.
Além disso, a vila de Maragogi não tem atmosfera de vilarejo de praia. Porto de Galinhas é muito mais charmosa e com opções noturnas.
O jeito certo:
Priorize o agendamento da sua viagem para pegar os dias ideais de passear nas piscinas naturais antes, em Porto de Galinhas.
Logo, dispense o passeio até as Galés de Maragogi.
Além disso, não fique hospedado na cidade. Sugiro ficar hospedado ao norte, nas maravilhosas praias do Antunes, Barra Grande ou Ponta de Mangue.
Escolha um resort, ou pousada que seja auto-suficiente, para você não precisar ir até a cidade à noite pra jantar.
Se possível , cacife o Grand Oca ou a Pousada Rangai.
Faça o passeio de lancha ao longo da orla dessas praias, que tem a cor caribeana que você vê nessas fotos acima, com paradas em bancos de areia.
Rota Ecológica:
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O intenso trânsito de turistas entre Maragogi e Maceió é feito por 130 kms de estrada asfaltada, numa viagem de 2 horas. Só que ela faz um desvio para o interior, deixando uma faixa de litoral entre Japaratinga e Barra de Camaragibe apenas com uma estradinha secundária e uma travessia de balsa no Rio Manguaba, em Porto de Pedras, que poupou esta região do tráfego intenso e do turismo predatório. Esses 50 kms de praias , com os vilarejos de Porto das Pedras, Porto da Rua e São Miguel dos Milagres, ficou conhecido como Rota Ecológica, e tornou-se um pólo de pousadas de charme.
Mesmo neste trecho, a estradinha secundária não corre a beira-mar, ela está quase 1 km afastada da areia. Assim, na prática, a Rota Ecológica é uma sequência de praias semi-desertas, frequentadas em geral apenas pelos hóspedes das pouquíssimas pousadas pé na areia de cada praia. A idéia é chegar, estacionar, e não ligar o carro até o dia de ir embora, curtindo férias de afastamento e relaxamento total, descansando, comendo bem e sendo paparicado pelo serviço impecável oferecido pelos estabelecimentos.
O número de dias ideais de hospedagem aqui é .. o máximo possível!
E, como a idéia é passar a maior parte do tempo na própria praia, a escolha da pousada que seja mais a tua cara é importante. Neste link você tem uma descrição mais detalhada do que encontrar por lá. Spoiler: a maior dificuldade é achar locais que não tenham restrições para aceitar crianças…
Não deixe de reservar um dia para um programa imperdível na Rota Ecológica: visitar o Projeto Peixe-Boi , na praia de Tatuamunha. Tanto adultos, quanto crianças, adoram o contato próximo com esses “bichinhos” adoráveis !
Maceió:
Confesso que não gosto de ficar hospedado em cidades grandes de litoral. Prefiro vilarejos. Mas, tenho 3 exceções: Floripa, Rio de Janeiro e, justamente, Maceió, que tem a orla mais fotogênica das capitais nordestinas.
Suas praias urbanas já são muito aproveitáveis (hospede-se na praia de Ponta Verde, do lado de Pajuçara!) , mas o legal é que, a uma curta distância tanto ao norte ( Praia da Ipioca, onde fica o Hibiscus, um dos melhores beach clubs do Brasil ) quanto ao sul ( Praia do Francês, Barra de São Miguel e, principalmente, Praia do Gunga) existem praias ainda mais bonitas e limpas. Tire um dia, pelo menos, para passar em cada um desses trechos do litoral.
