OpiniãoPolítica

Bolsonaro: antes um governo medíocre do que nenhum governo

O melhor de 2 cenários ruins

Quem lê o que eu escrevo, sabe que eu não gosto nem um pouco do Bolsonaro e seu governo, mas paradoxalmente acho bom para o Brasil que Arthur Lira e Rodrigo Pacheco venceram na Câmara e no Senado.

O mercado deve reagir positivamente a isso, o que ajuda a Economia a ser menos desastrosa em 2021.

Melhor um governo que consegue andar de algum modo, do que um país em briga eterna com o Congresso, como tem sido até aqui com a Câmara sob a gestão do Rodrigo Maia; embora, de todo o modo, nada sinalize que o governo teria feito grandes coisas. Na verdade, fora a Reforma da Previdência algo desidratada, o governo nem tentou.

Os eleitos no Congresso são bons nomes? Certamente que não! Basta olhar o histórico deles.

Pelo menos teremos 2 anos de um governo aliado ao Congresso, mas com nomes que não exercerão uma obediência cega, já que são macacos velhos; o que dá certo equilíbrio para limar algumas loucuras.

Não me entendam mal: estou só dentro da hipótese menos ruim, dentro de 2 cenários que não deveriam dar motivo para ninguém ficar otimista.

Se a oposição vencesse, o Brasil ficaria com um governo pato manco por 2 anos e isso oficializa a paralisia e dá um argumento bom para 2022: “o Congresso não quis que nós governássemos“.

Impeachment: quimera de sonhadores

Ao contrário do que alguns “sonhadores” imaginavam, de todo o modo, certamente o impeachment não teria força para prosseguir.

Muitas pessoas confundem seus desejos com a realidade, só que o mundo não é aquilo que desejamos, mas é o que temos para hoje.

A verdade é que o Impeachment só vinga, independente da validade jurídica do motivo, quando o Congresso em peso o quer. E esse não é o caso aqui.

Fora que todo o processo é muito traumático, dentro de um contexto de tanta fragilidade. No final, o impeachment não aconteceria e teriam se passado muitos meses.

O que nos espera?

Pelo menos, esse fato sela definitivamente a fase em que o Bolsonaro achava que poderia governar sozinho, conclamando o povo nas ruas e nas redes sociais.

Agora teremos um governo como qualquer outro, talvez mais tosco e amador que o habitual, com um toque de “defesa” da família, que ficará mais no discurso e no folclore, do que na vida do dia-a-dia. Rezemos para que ministros ideológicos relevantes, como o Ernesto Araújo, sejam expelidos e trocados por pessoas pelo menos mais pragmáticas.

E a corrupção?

De todo o modo a corrupção campeará, como usual; provavelmente em escala menor que o período PT, por causa da blindagem de algumas instituições, como a Petrobras.

Além disso, o “bom” ladrão sabe que não pode matar a galinha dos ovos de ouro, como o PT fez com a Petrobras, Eletrobras, Infraero e Correios, além dos fundos de pensão e os tais “empréstimos” do BNDES; isso sem falar no descaso completo com as contas públicas brasileiras.

Para quem acha que não existe corrupção grande no governo Bolsonaro só poque ela não é visível, saiba que, em geral, a maior parte da corrupção permanece oculta, porque, para que ela se converta em um escândalo, é preciso que algo dê errado.

Como qualquer crime, a corrupção sempre é praticada de olho na impunidade, coisa que o atual comando da PF, MPF e a maioria dos integrantes do STF, de certo modo, nem que seja de forma indireta, contribuem para que isso seja possível.

Epílogo

Espero sinceramente que em 2022 tenhamos alguém em que possamos votar, fora Bolsonaro, PT e Ciro, ainda que dificilmente será um bom nome.

Para mim isso é normal: estou habituado a ter que escolher entre o ruim e o menos pior.

Boas pessoas, em geral, não se tornam candidatos à presidente aqui no Brasil: a política por aqui é um emaranhado de podridão, desde sempre.

Sempre torço pelo melhor para o Brasil, ainda que isso signifique tolerar mais 2 anos de Bolsonaro.

Paulo Buchsbaum

Fui geofísico da Petrobras, depois fiz mestrado em Tecnologia na PUC-RJ, fui professor universitário da PUC e UFF, hoje sou consultor de negócios e já escrevi 3 livros: "Frases Geniais", "Do Bestial ao Genial" e um livro de administração: "Negócios S/A". Tenho o lance de exatas, mas me interesso e leio sobre quase tudo e tenho paixão por escrever, atirando em muitas direções.

Artigos relacionados

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo
Send this to a friend