Esporte

Série C também é vida

Dois quadrangulares decidirão os quatro times que jogarão a Série B ano que vem e os dois finalistas do Campeonato. Tem favorito? Sim, e com palpite que equilibra razão e emoção.

O Campeonato Brasileiro da série C ganhou novo formato de disputa nesse ano. Após um turno e returno em dois grupos de dez times. Quatro classificados de cada grupo formaram dois grupos de quatro times de acordo com a classificação.

De cada grupo, dois times garantirão o acesso para a Série B do ano que vem, sendo que o melhor de cada grupo faz a final em dois jogos.

Os dois quadrangulares iniciam nesse sábado, 12 de dezembro.

Já relatei em outros posts que não gosto do Brasileirão em pontos corridos, como nesse aqui.

Essa forma de disputa se mostra interessante, e apresento alguns argumentos:

– Caso um time já consiga subir com rodada de antecedência, muito provavelmente ainda lutará na última rodada pra ser campeão do grupo e consequentemente finalista.

– No formato antigo de mata-mata, que eu particularmente gosto, após a fase de classificação, com quartas de final decisiva, às vezes, é eliminado, de cara, o melhor time da fase anterior, Fortaleza que o diga.

O Fortaleza foi o melhor da fase inicial em 2014, caiu nas quartas de final para o Macaé,4º lugar do outro grupo. Foi o melhor da fase inicial em 2015, caiu para o Brasil de Pelotas, 4º lugar do outro grupo. Foi o melhor do seu grupo em 2016, caiu para o Juventude, 4º lugar do outro grupo. Quando foi 3º do seu grupo em 2017, decidindo fora contra o Tupi, venceu e subiu e para a série B.

– São 8 times brigando até o final.

– E, por fim, a fase inicial, regionalizada (mesmo que regiões grandes), barateia a competição.

Mas quem são os postulantes nesse ano? Temos favoritos?

Antecipo que há, pelo menos, um favorito, mas pelo formato, que igualou tudo nesse momento da competição, tudo é possível.

Podemos dissecar um pouco cada time.

GRUPO C

Santa Cruz

O Santa Cruz fez a melhor campanha entre todos os times dos dois grupos anteriores, com 37 pontos, melhor ataque com 32 gols, e melhor saldo, 16. Seu grupo foi da união de times das regiões norte, centro oeste e nordeste. Quando disparou na pontuação, tratou de cuidar dos atletas e jogou no final em banho-maria. 

É o favorito entre todos. Se eu tivesse que apostar todas as fichas em apenas um time seria o Santinha. Foi Campeão em 2013.

E se não estivéssemos em pandemia, sem dúvida a torcida no Gigante do Arruda seria a mola propulsora, como foi em 1999 e 2005 pela série B.

O Santa Cruz tem uma torcida incrível, diante de todas as mazelas do clube.

Tem, no entanto, uma historinha que não combina com sua tradição, que foi o jogo de compadres com o Goiás na rodada final do quadrangular decisivo da série B em 1999. O Goiás sairia campeão com o empate e o Santa Cruz sairia classificado. A bola não saiu do meio campo, a própria torcida esmeraldina vaiou o vexame em campo.

Ituano

O treinador Vinícius Bergantin está há impressionantes 3 anos e meio no comando da equipe, e isso quer dizer entrosamento. Pelo menos é o que o Ituano deve apostar. Seu estádio tem um gramado impecável.

Foi 2º lugar no equilibrado grupo de times do sul e sudeste. Mas o que chama a atenção foi a recuperação no returno. Fez 1V 4E e 4D no 1º turno e 7V 1E e 1D no 2º turno.

Nos bastidores, é inegável a força da Federação Paulista.

Então o Ituano, campeão da série C em 2005, é time a ser respeitado.

Vila Nova

Se na série B, o Vila Nova tem histórico de fracassos na reta final (1997, 1999, 2008, 2017) na série C é o Rei do pedaço. Venceu de forma invicta em 96, subiu em 2007 e 2013, e foi campeão novamente em 2015.

Ficou em 3º lugar na fase de classificação, também se classificando antecipadamente.

O time fez campanha regular, com uma defesa forte e ataque eficiente.

Passou seis rodadas sem tomar gol e dez rodadas tomando apenas um gol. Acabou por ser a segunda melhor defesa.

Sofre há alguns anos da falta de homem-gol, por isso muitos empates na primeira fase, sete no total, cinco em 0 a 0.

O histórico de time de chegada na série C é o combustível para levar o Vila ao acesso.

Alan Mineiro, destaque do Vila e carrasco nos clássicos regionais, recuperou-se de grave contusão e voltou ao time na reta final da fase de classificação.

Além disso, chegaram novos reforços no final da primeira fase que podem contribuir para o esquema do treinador Bolívar.

Sem a Pandemia, seria o outro time que poderia contar com a sua fiel torcida no estádio.

Brusque

O Brusque é uma verdadeira incógnita.

Fez exatamente o inverso do Ituano: 7V 1E e 1D no turno e 1V 4E e 4D no returno.

Tomou uma goleada histórica e inexplicável do Volta Redonda por 8 a 1 na penúltima rodada.

Um time no mínimo curioso.

Talvez poderemos eliminar o Brusque da disputa já na primeira rodada, contra o Santa Cruz, caso passe por humilhação semelhante. Ou não.

GRUPO D

Ypiranga-RS

Neto Pessoa é o vice artilheiro do campeonato com 10 gols. O time faz muitos gols 31, mas toma outros tantos, 26.

Mas ter artilheiro em jogos decisivos é uma baita vantagem, como diria o craque Neto.

Terá dificuldades em Belém, com a dupla RE-PA, que possuem boas defesas.

Teve altos e baixos na reta final da primeira fase.

Londrina

É o time mais carimbado com série C do grupo. Fez a final de 2015 com o Vila Nova.

No grupo maluco da região sul e sudeste, da fase inicial, foi o mais regular, com 15 pontos no turno e 14 no returno. Chegou em 3º lugar.

Adenilson e Celsinho são os destaques.

No confronto direto com o Ypiranga venceu uma e perdeu outra.

Remo

O rei dos empates, foram 7, empatando com o Vila Nova nesse quesito. Empatou com o Vila Nova nos dois confrontos, em 0 a 0, e teve outros quatro confrontos terminados sem gols. O único ponto conquistado pelo Imperatriz – MA no grupo foi em um 0 a 0 com o Remo.

O time tem uma defesa forte. Isso é fato.

Mas precisará de algo mais. Sofre do mesmo problema do Vila Nova, a falta de homem-gol.

Foi Campeão da Série C em 2003.

Paysandu

Fez 18 dos seus 29 pontos no returno.

Chega talvez com mais apetite e o fato de ter clássico regional no grupo pode equilibrar a disputa.

Tem tradição de série A e B, chegou mais vezes e ficou durante mais tempo do que o Remo nos últimos anos.

Mas especialmente nesse ano, não há uma equipe muito superior à outra na dupla RE-PA.

Vão os dois para a série B? Somente um deles? Nenhum dos dois gigantes paraenses?

Trabalhei no Pará em 2005, quando o Paysandu estava na Série A e posso dizer que é contagiante o fanatismo dos torcedores no estado.

Torço para que pelo menos um deles suba de divisão.

É muito triste ver o norte do país alijado da elite do futebol. E série B nem é elite.

Transmissão pelo DAZN

Quem garante o acesso? Meus palpites:

No grupo C, fico com a razão, Santa Cruz e com a torcida pelo Vila Nova, mas será com disputa intensa com o Ituano.

No grupo D, a razão é o Londrina, com a torcida pela disputa entre os paraenses pela outra vaga.

Série C também é vida.

Vinícius Perilo

Vinícius Perilo, 47 anos, é engenheiro civil apaixonado por todos os esportes. Tudo começou no Ursinho Misha em Moscou 80, e, a partir daí, acompanhando ídolos como Oscar, Hortência, Bernard, Jacqueline, Ricardo Prado, Joaquim Cruz. Ama futebol como todo brasileiro, faz parte da geração que chorou de tristeza a derrota de 82 e de alegria com o Tetra em 94. Realizou um sonho de criança e conduziu a Tocha Olímpica para a Rio 16. Ainda acredita no Brasil olímpico.

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