Esporte

Tudo é mais difícil para o Vila Nova

A lição para a vida do torcedor do time que conquista pouco, mas quando vence, causa muita emoção.

Tornei-me Vilanovense ao chegar em Goiânia, por volta de 1980 / 81. A primeira amizade foi de um garoto mais velho do que eu, Júnior, torcedor fanático pelo Tigrão. O pai dele nos levou ao meu primeiro clássico Vila x Goiás, na geral do Serra Dourada, um 0 a 0 em 1980.

Nessa época, o time goiano era a locomotiva do estado. Tetra campeão goiano 1977/78/79/80, torcida imensa que lotava o estádio todo jogo, e conseguia, até certo ponto, realizar campanhas razoáveis na Taça de Ouro (antigo campeonato brasileiro).

Vila Nova tetra campeão goiano 77/78/79/80

Mas a onda virou. O rival verde da cidade apostou em um jogador vindo do interior chamado Luvanor e fizeram uma campanha inacreditável no Brasileiro de 1983, chegando às quartas de final. Era época de exportação de jogadores para o futebol italiano e Luvanor foi vendido por uma quantia exorbitante, nunca revelada com exatidão, para o pequeno Catania.

O dinheiro, muito bem gasto, fez o Goiás se tornar um time estruturado e sempre competitivo no cenário nacional.

O fato é que depois do Tetra, o Vila Nova venceu apenas 6 campeonatos goianos (1982, 1984, 1993, 1995, 2001, 2005) e 2 campeonatos brasileiros da série C (1996, 2015).

São 40 anos de torcida e esses títulos para comemorar.

Tivemos algumas vitórias menores, como o acesso à série B em 2007 e 2013, e um jogo histórico (5 a 3 no Goiás em 1999, depois de estar perdendo por 3 a 0 e com um jogador expulso, com direito a gol do meio campo).

Das rivalidades regionais, a que possui maior distância é a de Goiás. O Goiás possui 151 vitórias contra 80 do Vila Nova no clássico Derby do Cerrado.

Além disso, são 28 títulos goianos do Goiás contra 15 do Vila Nova. Desses 28, o Goiás conquistou 23 de 1980 para cá.

Então, ser Vilanovense é muito maior do que ser apenas torcedor para comemorar vitórias, títulos. Precisa ter casca dura, ou adquirir. Tudo é mais difícil para o Vila Nova.

À medida que fui perdendo a inocência, o Vila Nova me causava inúmeras frustrações, ano após ano. Mas não deixava de lado, pelo contrário, fui ficando fanático, até demais.

Mas tenho muitas histórias vitoriosas para contar. As inúmeras derrotas foram me fazendo crescer e amadurecer.

Em 1985, na última participação do Vila Nova na primeira divisão do futebol brasileiro, quando o campeonato ainda era tomado por mais de 40 clubes, o Vila enfrentava o Bangu de Marinho e cia no meio de semana. Eu, com 13 anos, já andava sozinho pelas ruas de Goiânia e combinei de encontrar com o amigo mais velho, Júnior, na pracinha em frente à casa de minha Avó Nice.

Eis que estaciona na praça uma camionete de Carlos Alberto Barros, notório torcedor do Tigrão, pai de meus amigos Fábio, Sérgio e Marcus. Pegamos carona na caçamba e assistimos um jogão, 3 a 2 para o Vila Nova. Ao final do jogo, corremos para o estacionamento onde estava a camionete de Barros, aguardando a carona bem-vinda. Na praça, saíram todos correndo cada um para suas casas, gritando Vilaaaaa! e acordando a pacata vizinhança.

Depois de começo ruim, o Vila reagiu no returno e quase se classificou para a fase seguinte, em um grupo de 11 clubes onde classificariam 2. Bangu (finalista) e Brasil (semifinalista) passaram. Depois de 1985, não jogamos mais primeira divisão. Tudo é mais difícil para o Vila Nova.

Em 1989, com 15 anos, morando em Campinas, estudando no colégio Anglo para o vestibular, ligava para minha mãe e a fazia ler a reportagem inteira do jogo do Vila. Tempos duros em que internet ainda era sonho.

Naquele ano, em um clássico com o Goiás, peguei um ônibus para Goiânia para passar o fim de semana e poder ir ao Serra Dourada. Pelo horário da volta, meu Pai teve que me buscar no intervalo do jogo, e ainda fiz questão de passar na casa de minha Avó Nice para me despedir. O Vila Nova havia montado um time experiente para tentar voltar a conquistar o Goianão. Trouxe o zagueiro Vágner Bacharel (ex- Palmeiras, ex- Guarani, falecido tragicamente, após choque de cabeça em jogo defendendo o Paraná), o volante Rocha (ex-Botafogo, ex- Palmeiras) e o meia Cléo (ex-Internacional).

Meu amigo de infância Fábio Castro, filho de Carlos Alberto Barros, levou para o Serra Dourada, pela primeira vez, fumaça vermelha, no empate em 1 a 1 contra o América de Morrinhos, e eu acabei por ver a cena de Campinas, assistindo ao Jornal Nacional.

Na final, sucumbimos ao time que jogava há anos junto. O Goiás tinha Uidemar, o zagueiro Gomes, Péricles e o Vilanovense Túlio Maravilha, ainda no início de carreira.

Em 1992, O Vila Nova não tinha mais chances de ser campeão goiano e enfrentava o Goiatuba em Goiânia. Se o Goiatuba vencesse seria campeão, evitando o Tetra inédito do Goiás. Fui no jogo e vi pela única vez a torcida colorada comemorando os gols que o Vila Nova tomava do Goiatuba na vitória azulina por 2 a 0. Isso pegou muito mal. O Goiás iria se vingar.

Em 1993, depois de 9 anos sem título goiano, o Vila apostou em mesclar jogadores experientes, garotada da base e um centroavante raiz.

Bé veio contratado do Itapuranga – GO, e tinha faro de gol. Dizem as más línguas que Bé, antes de adentrar o campo de jogo, tinha que tomar um aperitivo. Uma pinga para esquentar os ânimos.

Lendas à parte, Bé foi um grande jogador e levou o Vila Nova à final, depois de intermináveis 42 jogos.

Mais três jogos finais com o Goiás e uma prorrogação para decidir o título, Bé cruzou para o garoto da base Ricardo Batata cabecear e tirar o Vila Nova da fila, 2 a 1. Eu estudava na USP em São Carlos, morava com um amigo torcedor do Goiás, o hoje médico Wilder Alves. Ouvi o jogo pelo rádio, Wilder foi dormir, prevendo a derrota.

Na manhã seguinte, Wilder me cumprimentou pelo título, da forma educada, polida, com que lhe é peculiar. Um gentleman.

Mas Vilanovense raiz extrapola. Outro amigo, Ricardo De Val Borges, hoje servidor público estadual, Gestor de Tecnologia da Informação, me liga cedinho, rouco, pra contar que invadiu o gramado e levou para casa um pedaço de grama e outro da rede do gol do título. Grande Ricardo!

Vice-campeão goiano no ano seguinte, depois de expulsão logo no início da final com o Goiás, o Vila aposta de novo na base. Surgia a dupla Roni (ex-Fluminense) e Luciano (ex-São Paulo).

Os garotos do Vila fazem um campeonato goiano de 1995 maravilhoso, em outros intermináveis 44 jogos.

O confronto com o Goiás foi antecipado, nas quartas de final, com o Vila jogando pelo empate.

Eu estava em Goiânia e pude ir com meu pai. Depois de um 0 a 2, viramos para 3 a 2, com direito a um gol de bicicleta de Roni, depois que o goleiro esmeraldino Kleber tentou em vão dar um chapéu no atacante colorado. O Goiás empatou nos acréscimos mas a vaga para a semifinal era do Vila.

Fomos campeões em um jogo dramático com o Anápolis na prorrogação. O Anápolis empatou a partida faltando poucos minutos para o término do tempo normal e ia garantindo o título depois de 30 anos. Luciano fez o gol aos 42 do segundo tempo levando o jogo para a prorrogação e Gilvan fez de falta o gol do título. Meu Pai, torcedor do Anápolis, tentou aparentar indiferença. E eu não. Comemorei como louco. Tudo é mais difícil para o Vila Nova, e quando temos conquistas, a comemoração é exagerada, está implícito.

Em 1996, depois de um campeonato goiano ruim, o Vila Nova resolveu dedicar-se aos torneios nacionais. Montou uma estrutura melhor e fez uma campanha histórica na Série C. Campeão invicto. No jogo do acesso, na semifinal, o Porto-PE tinha três jovens ariscos, o lateral esquerdo Marquinhos, o meia Josué e o atacante Araújo. Saem ganhando, o Vila Nova vira o jogo, mas toma o empate que daria a vaga aos pernambucanos. O Vila Nova se impõe com Tim e Sabino e vence por 5 a 3. Meu afilhado Ticó estava comigo no estádio.

Depois do jogo, o Goiás contratou os três garotos do Porto por merrecas reais.

Na final, duas vitórias sobre o Botafogo-SP e taça na mão.

Vila Nova campeão brasileiro invicto da Série C 1996

Em 1997 uma grande decepção. Depois de fazer bela campanha nas fases iniciais, o Vila Nova chega ao quadrangular final com América-MG, Ponte Preta e Náutico.

Havia vencido O Naútico facilmente por duas vezes na primeira fase.

Na vitória em Goiânia, fui com meu afilhado Ticó, praticamente arrastando ele para o estádio. Com 20 minutos, Ticó impaciente começa a reclamar:

– Não acredito que você me carregou até o estádio para assistir essa pelada!

Ticó não parava de reclamar:

– Esse jogo não vale o ingresso que paguei! Deveríamos ter ido para o boteco!

Os torcedores ao redor começam a se incomodar e olhar para Ticó, que continuou reclamando do nível da partida.

Tim, da base colorada, pega uma bola da intermediária e acerta o famoso “pombo sem asas”. Um golaço!

Alguns torcedores abraçam Ticó e gritam alto para ele:

– Pagou o ingresso? Pagou o ingresso?

E ele, meio sem graça, mas também comemorando, só fazia indicação positiva com o dedo polegar.

Fizemos também jogos equilibrados com o América-MG nas primeiras fases, e em um deles, numa vitória colorada por 2 a 0, Tupanzinho, craque do Coelho, pega uma bola perdida pela lateral e eu grito com o zagueiro Vilanovense:

– Quebra o Tupanzinho ! Quebra o Tupanzinho!

Tupanzinho olha para arquibancada, procurando pelo autor do grito e desiste da jogada.

Que besteira eu fiz!

No quadrangular final, a diretoria colorada fez promoção no primeiro jogo em que o adversário era o América Mineiro. O ingresso custou 2 reais. 52 mil pagantes. O palco perfeito para o Vila Nova. Mas foi de Tupanzinho.

O ex-Talismã do Corinthians fez dois gols e comemora urrando para a torcida. O recado foi para mim.

O Vila Nova fez apenas um ponto no quadrangular final, perdendo para o então freguês Náutico, para a Ponte Preta duas vezes e duas vezes para o América. Terminou melancolicamente o brasileiro ainda com um caso de doping por uso de cocaína. Tudo é mais difícil para o Vila Nova.

Em um clássico em 1998, eu e meus amigos tivemos que correr de pivetes na saída do estádio, após a partida, porque queriam tomar a camisa para queimar. Nunca mais fui com a camisa do Vila Nova em jogo contra o Goiás. Tudo tem limite.

Ainda no goianão de 1998, o Vila Nova foi novamente prejudicado na final com expulsão antes dos 10 minutos de partida. O Goiás era Tri campeão goiano.

Em 1999, o Vila Nova volta a formar um belo time. O campeonato goiano seria em pontos corridos. Primeiro turno, 11 jogos, 10 vitórias, e liderança. No clássico, o histórico 5 a 3 de virada, depois de estar perdendo por 3 a 0, com gol do meio campo marcado pelo zagueiro Leonardo Valença, que depois do gol antológico foi contratado pelo Atlético-PR. Eu estava nas cadeiras e havia um garoto ao meu lado, que, desanimado após o terceiro gol esmeraldino, ameaçava chorar. Eu, agoniado com a cena, tentei acalmá-lo falando que iríamos virar (não acreditava no que dizia, é claro). O Vila Nova com um a menos, era uma presa fácil. Mas os Deuses do futebol desceram no Serra e a virada aconteceu. O garoto gritava olé ao final do jogo.

No segundo turno, acabou o dinheiro, promessas não cumpridas com o elenco, e o Vila foi sendo derrotado aos poucos. O goleiro Harlei foi para o departamento médico e só voltou a jogar vestindo a camisa do Goiás no brasileiro. Tudo é mais difícil para o Vila Nova.

O Goiás alcançava o Tetra goiano.

No Brasileiro da Série B, O Vila Nova faz boa campanha e encontra novamente com o América Mineiro nas quartas de final em três jogos. Gilberto Silva e Fabrício são os destaques do Coelho. O Vila Nova traz Túlio Maravilha na reta final da primeira fase.

Dessa vez, o Vila supera o América em jogos eletrizantes.

No quadrangular final, times de camisa e o rival. Vila Nova, Goiás, Bahia e Santa Cruz fazem jogos históricos, todos com estádios lotados.

Mas o Vila Nova perde os dois confrontos caseiros, mesmo jogando melhor. Harlei é o melhor jogador, faz defesas incríveis, inclusive uma à la Gordon Banks em cabeçada de Túlio. Dois jogos com resultado magro, 1 a 0 para o Goiás.

Mesmo vencendo o Santa Cruz na penúltima rodada, o Vila Nova precisava vencer o Bahia na última rodada e dependia que o Goiás vencesse o Santa Cruz. O Goiás já havia conseguido o acesso e bastava o empate para ser campeão e o Santa Cruz precisava do empate para subir. O resultado disso foi uma vergonha no Serra Dourada no jogo que ficou conhecido como Duelo de Compadres entre Goiás e Santa Cruz. A bola não saiu do meio campo. A própria torcida esmeraldina vaiou o Goiás no primeiro tempo. No segundo tempo, resolveu comemorar.

O Goiás se vingava de 1992 e a entregada do Vila para o Goiatuba.

O Vila ainda acabou derrotado pelo Bahia.

Tudo é mais difícil para o Vila Nova.

 O Tigrão desmontou o belo time e foi para o campeonato goiano de 2000 como franco atirador.

O Goiás tinha um timaço. Fernandão, Araújo, Josué, Harlei.

No primeiro jogo da final, depois de muita insistência, convenci meu afilhado Ticó e me acompanhar. Avisei solenemente que não éramos favoritos, muito pelo contrário, mas que também não iria ser a barbada que a imprensa tentava noticiar.

O Vila Nova jogou como Vila Nova. Muita raça, muito suor.

Com o jogo em 2 a 2 e o Vila partindo para a virada, o árbitro Elmo Resende expulsa o artilheiro do Vila, Anderson, sem muita explicação.

Aos 42 do segundo tempo, bola na área do Vila Nova e o árbitro apita pênalti inexistente para o Goiás. Após a partida o árbitro cometeu a gafe de falar para a imprensa que o pênalti havia sido em Fernandão, enquanto as imagens mostraram claramente Fernandão sozinho na área.

Depois de muita reclamação, o Goiás converte a penalidade, vence o jogo e só precisaria de um empate nos dois eventuais jogos seguintes.

Estávamos em uma turma grande no estádio, e avisei para meu afilhado que teríamos que encontrar todos no estacionamento, pois cada um ficou na área reservada para sua torcida durante o jogo. Ele diz que já está indo e fica desolado olhando para o campo já esvaziado.

Aguardamos mais de vinte minutos Ticó chegar. Ele chega dizendo que só saiu depois que desligaram a luz do estádio e afirmou que nunca mais iria no estádio assistir um clássico entre Vila e Goiás. Todo mundo riu, mas ele cumpre a promessa até hoje.

No dia seguinte, um feriado, eu escrevo uma carta para o Jornal O Popular, o principal de Goiânia. A carta é publicada no dia seguinte ao W.O. que o Vila concedeu ao Goiás no jogo seguinte. Goiás Penta Campeão. Eu gosto de dizer que é o Penta da vergonha.

A Federação Goiana de Futebol, ao invés de colocar panos quentes, rebaixa administrativamente o Vila Nova para a segunda divisão, e o Vila teve que jogar simultaneamente no segundo semestre, brasileiro e goiano da segunda divisão.

Tudo é mais difícil para o Vila Nova.

Em 2001 o Vila Nova monta o melhor time que vi jogar.

Final Goiano 2001. foto: Acervo particular

No gol Fernando Prass, nas laterais Ayrton e Dejair, volantes Cléber, Carioca e Donizete, meia Serginho e atacantes Wando, Anderson e Túlio Maravilha.

Primeiro Gol vilanovense. Foto: Acervo particular.

Na fase final vieram o zagueiro Rogério Corrêa, que depois do goiano foi para o Atlético-PR ser campeão brasileiro e o atacante Finazzi.

Rogério Correa e Finazzi. Foto: Acervo particular.

Na final, uma vitória emblemática sobre o rival e título goiano. 3 a 1 em um dos maiores públicos da história do confronto.

Poster do campeão. Foto: Acervo particular.

O treinador Arthurzinho caiu nas graças da torcida.

Arthurzinho. Foto: Acervo particular.
Segundo gol vilanovense. Foto: Acervo pessoal.
Túlio Maravilha. Foto: Acervo pessoal.

Mas no Brasileiro tudo desandou. O Vila não se encontrou.

Em 2004, Ticó seria padrinho de Pedro, mas não havia sido batizado na infância. Seu pai teve que fugir do Brasil, pois foi avisado que estava na lista dos militares para ser “preso”.

Na Suécia, a família exilada tinha outras preocupações, batizar não estava no cardápio.

Então, Ticó me convida para ser seu padrinho, para que, batizado, possa ser padrinho de Pedro.

Foi uma honra.

Batizo Ticó, que batiza Pedro.

E passava da hora de levar Pedro ao estádio. Já tinha 6 para 7 anos.

Eu particularmente não queria que influenciássemos Pedro na torcida. Tem que ter muita casca dura para torcer pelo Vila Nova.

Mas Ticó não pensou duas vezes. E Pedro vira mais um fanático pelo Tigrão.

Primeiro jogo de Pedro no estádio serra dourada

Se Ticó deixou de ir ao estádio, Pedro compensa.

Já era 2005 e o Vila formou outra geração de garotos, que chegaram às quartas de final da Copa São Paulo daquele ano, quando caiu nos pênaltis para o Corinthians, que seria campeão.

O time de juniores tinha Fernando (ex-Porto), Pedro Júnior e Paulo Ramos (falecido de infarto).

Aliado à experiência de Tim, Itaqui, Michel Alves, entre outros, o Vila venceu o Goiás na final, nos pênaltis, em jogo para 45 mil pagantes, e conquistou seu último título goiano.

Decisão por pênaltis 2005

Fiz minha irmã pé quente ir comigo. Pedro Júnior e Paulo Ramos foram vendidos para o Grêmio.

Eu e minha irmã Ingrid na final

No Brasileiro da série B, depois de uma arrancada na tabela, segurando o empate com o Grêmio no Olímpico, com direito a pênalti para o Grêmio, expulsão do jogador do Vila e defesa de Michel Alves, o Vila deixou a classificação para a segunda fase escapar na última rodada, ao perder para o ameaçado de rebaixamento Ceará, e, mais uma vez, morremos na praia. Tudo é mais difícil para o Vila Nova.

No final do ano, Carlos Alberto Barros, lembram dele? A carona da camionete em 1985, é eleito Presidente do Vila Nova.

Mas a vida é dura, o Vila Nova faz campanha razoável no Goiano de 2006, cai na semifinal para o Goiás e entra no primeiro Brasileiro da Série B de pontos corridos com um time em formação. Perde as 5 primeiras partidas e só daí em diante é que começa uma reação. Foi tarde demais e mesmo com a administração exemplar de Barros, que fez questão de salientar que pagou tudo em dia naquele ano, o Vila é rebaixado para a Série C. Tudo é mais difícil para o Vila Nova.

Na Série C de 2007, o Vila, contava com Alex Oliveira (ex-Vasco) e Túlio Maravilha de volta ao Tigrão pela terceira vez.

O octogonal final, disputado em turno e returno tinha times tradicionais, como Bahia, o próprio Vila Nova, ABC, Bragantino e Atlético-GO (que recomeçava a vida).

Eu já estava morando em Teresina, e, do nada o Altos do Piauí faz uma boa campanha e também se classifica para o octogonal.

Devido à capacidade do seu estádio, o Altos foi obrigado a mandar os jogos finais em Teresina.

E dá-lhe jogo do Vila Nova em Teresina.

Encontrei com torcedores do Vila que viajaram de Goiânia, e dei um certo apoio à eles. Dei carona de carro para o jogo.

O Vila faz uma partida deplorável e perde por 2 a 1. A classificação fica ameaçada.

No dia seguinte levo os torcedores para almoçar em Teresina e dou carona para o aeroporto. Vilanovense apoia Vilanovense.

O jogo em Salvador contra o Bahia passa a ser fundamental para ambos, mas os resultados dos adversários, fazem com que o empate seja suficiente para classificar o Bahia com uma rodada de antecedência e deixar o Vila dependendo de vitória simples na última rodada.

Vila e Bahia empatam em 0 a 0 em Salvador, no último jogo da antiga Fonte Nova. Um acidente trágico ocorreu logo após o término da partida. Na comemoração da torcida pelo acesso, parte da laje da arquibancada desaba e 7 pessoas caem de uma altura de 20 metros, nenhuma delas sobrevive à queda. Muito triste.

Tragédia da Fonte Nova

O Vila Nova vence na última rodada e finalmente consegue o acesso e retorna para a Série B. Muita festa em Goiânia e eu em Teresina assistindo ao jogo pela internet.

Em 2008, ano do título improvável do Itumbiara no Goianão, o Vila Nova monta uma bela equipe para o Brasileiro Série B, contando ainda com os veteranos Alex Oliveira e Túlio Maravilha, além do goleiro Max (ex-Botafogo).

O Vila Nova faz boa campanha durante toda a competição, vence o Corinthians em Goiânia e acaba por perder força novamente na reta final.

Vice-líder com folga no início da rodada 29, o Vila Nova amarga 7 derrotas, 1 empate e apenas 1 vitória, para chegar sem chances de acesso à última rodada. Foi ladeira abaixo. Um desastre. Tudo é mais difícil para o Vila Nova.

 Essa campanha é bem traumática para todo Vilanovense. O time estava muito bem e a torcida confiante. Arbitragens não mais nos “perseguiam”. Faltou combinar com os russos.

Colecionando más campanhas depois disso, o Vila Nova acaba por ser rebaixado para a Série C em 2011. Em 2012 quase foi rebaixado para a série D.

Em 2013, monta um time com o argentino Frontini de centroavante e volta a fazer boa campanha na série C, conseguindo o acesso à Série B em confronto de quartas de final contra o Treze da Paraíba. Caiu na semifinal para o Sampaio Correa, mas o acesso foi comemorado.

O desastre inimaginável aconteceu em 2014. O Vila Nova é rebaixado para segunda divisão do campeonato goiano. Nesse momento, parecia que o Vila iria literalmente fechar as portas. Faz campanha pífia na Série B do brasileiro e é também rebaixado. TUDO É MAIS DIFÍCIL PARA O VILA NOVA.

Mas nada como um dia após o outro.

O Vila retorna em 2015 com sede de bola.

Vence a segundona do Goianão e faz ótima campanha na Série C, conquistando o acesso em confronto com a Portuguesa, em São Paulo, onde Frontini, o argentino, é novamente o herói.

Mas não fica por ai, passa pelo Brasil de Pelotas na semifinal e na final com o Londrina, após derrota, em Londrina, por 1 a 0, goleia em Goiânia por 4 a 1, de virada, para 40 mil pagantes. Dos 10 maiores públicos do campeonato, o Vila Nova teve 5 e conseguiu média de 19 mil pagantes por jogo. A torcida deu o recado, que, como diz o hino, “…o Vila Nova não pode parar…”.

Vila Nova Bi Campeão da Série C!

Em 2017, o Vila Nova fez uma grande campanha na Série B. Consegue vencer o Internacional, e, adivinhem, cai na reta final. Fez apenas 5 pontos nos 8 últimos jogos, precisando de 10 a 12 pontos para conseguir o acesso. A sensação de déjà-vu foi a mais sentida em Goiânia. Terminamos com 58 pontos na sétima colocação.

Boa campanha novamente em 2018 e queda no final, mas dessa vez, bem no final.

Na rodada 34, o Vila Nova estava em 5º lugar, a dois pontos do 4º lugar, o Goiás. Mas uma derrota acachapante por 5 a 0 para o Brasil na 35ª rodada e um empate sem gols contra o Criciúma na 37ª rodada decretaram mais um “quase” acesso. Tudo é mais difícil para o Vila Nova.

Tantas vezes batendo na trave para finalmente subir para a Série A, o Vila Nova amarga mais um rebaixamento à Série C em 2019, pareceu que o “quase” cansou o time.

Chegamos em 2020, ano da Pandemia, o campeonato goiano, que por sinal o Vila Nova não conquista desde 2005, é paralisado e só retorna agora em 2021.

No Brasileiro série C, os dois quadrangulares emocionantes na reta final.

O Vila precisava da vitória, o empate talvez serviria, ao Ituano só a vitória.

Mas em Recife, o Brusque, que conseguiu o acesso antecipadamente, pareceu ser o time que sofreu goleada no mínimo estranha para o Volta Redonda na fase inicial por 8 a 1.

O Santa Cruz, que não tinha nada a ver com isso, abriu larga vantagem sobre o Brusque, obrigando o Ituano, não só a vencer o Vila Nova, com também por goleada. Ao Vila Nova o empate não bastava mais, tinha que vencer.

Alan Mineiro sai do jogo exausto aos 26 minutos do segundo tempo para a entrada de Emanuel Biancuchi, o primo do Messi.

Aos 30, Emanuel recebe cartão amarelo.

Aos 31 faz um golaço!

Mas tira a camisa para comemorar e recebe o segundo cartão amarelo e é expulso.

O Ituano precisaria de 3 ou 4 gols para se classificar e se empatasse ou virasse por contagem mínima, classificaria o Santa Cruz, ou seja, estava, na prática, eliminado. Mas honrou a camisa até o final.

Buscou o empate a todo custo. Chutou uma bola no travessão aos 48 do segundo tempo.

Tudo é mais difícil para o Vila Nova. Cardíacos precisando de atendimento em Goiânia e em Palmas, onde resido.

Mas o final é feliz para a torcida Vilanovense.

O Vila Nova conseguiu o acesso e também se classificou para a final, que será contra o Remo!

Biancuchi, o primo do Messi, novo ídolo Vilanovense. Foto: O popular.

O Brusque perdeu a liderança por conta de seu desprezo pela rodada final.

Viva o Vila Nova!

Alegria para mim, para Ricardo De Val Borges, para meu afilhado Marco Antônio Ribeiro Borges, o Ticó, primo de Ricardo, Pedro o sobrinho de Ticó, Carlos Alberto Barros, seus filhos e mais outros milhares de torcedores.

Vinícius e Pedro em 2004, 12 anos antes da data de nascimento de meu filho Vítor.
Pedro em 17 de janeiro de 2021

Seremos Campeões! Rumo ao Tri Brasileiro da Série C.

O Vila Nova está também na final do campeonato brasileiro de aspirantes, contra o Ceará.

Faz ainda jogos finais pela fase inicial do campeonato goiano de 2020.

É muita emoção numa temporada atípica.

Um dia retornaremos à elite do futebol brasileiro. O torcedor acredita e isso já basta para impulsionar a equipe.

Ser Vilanovense é ser casca grossa, aguentar o fundo do poço, mas não se afogar.

Vinícius e Vítor em 18 de janeiro de 2021.

O Vila Nova é estilo de vida, duro, pedregoso, às vezes amargo, mas com vitórias indescritíveis, que nos levam à loucura.

Vinícius Perilo

Vinícius Perilo, 47 anos, é engenheiro civil apaixonado por todos os esportes. Tudo começou no Ursinho Misha em Moscou 80, e, a partir daí, acompanhando ídolos como Oscar, Hortência, Bernard, Jacqueline, Ricardo Prado, Joaquim Cruz. Ama futebol como todo brasileiro, faz parte da geração que chorou de tristeza a derrota de 82 e de alegria com o Tetra em 94. Realizou um sonho de criança e conduziu a Tocha Olímpica para a Rio 16. Ainda acredita no Brasil olímpico.

Artigos relacionados

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Verifique também
Fechar
Botão Voltar ao topo
Send this to a friend