Domingo, 26/05/19
Sou amplamente favorável à reforma da Previdência e ao pacote anti-crime e entendo que o governo, eleito com 57 milhões de votos, tem autoridade moral para aprová-los no Congresso, onde a oposição de fato é minoritária e inofensiva, apesar de ruidosa e criadora de caso.
Desconfiado da motivação original dos ‘protestos’, incomodado com a possível companhia dos radicais de sempre a bradar por ações anti democráticas e sem nenhuma disposição para qualquer ato de desagravo à figura do presidente, preferi não comparecer às manifestações de hoje.
Lamento, mas não me surpreendo que parte da mídia e todos os radicais anti bolsonaristas tentem desqualificar o movimento, apesar de ser direito de qualquer cidadão sair às ruas e se manifestar, mesmo que seja a favor de um governo. Para eles, manifestação só vale se estiver alinhada às suas ideias. São falsos democratas, incapazes de conviver com a divergência.
Os atos de hoje levaram muita gente às ruas, suficiente para superar o ruído oposicionista alavancado pelo recente protesto contra os cortes na educação e para comprovar que o governo segue com apoio popular, apesar de já ter sido maior.
Por outro lado, não me parece que sua magnitude cause algum tipo de intimidação ao Congresso, com quem Bolsonaro anda se debatendo por falta de habilidade política. O Brasil pós 2013 está acostumado a grandes manifestações e a de hoje não está no rol das mais impressionantes, mesmo sendo bastante relevante, pelas circunstâncias.
Quem apostava em um governo cada vez mais enfraquecido, se deu mal. Está provado que trata-se de uma presunção equivocada. Mesmo com todas as trapalhadas, os ‘veja bem, não foi isso que eu quis dizer’, e alguns ministros com um desempenho bem abaixo da expectativa, Bolsonaro mantém forte apelo popular.
Embora tenha encontrado um novo ‘moinho de vento’ para combater, o Centrão, as legiões bolsonaristas não conseguirão eximir o governo de um fracasso, caso a reforma da Previdência seja desidratada a ponto de frear uma esperada, mas ainda invisível recuperação econômica. Em 2019, o PIB andará de lado, reprisando a realidade do mandato tampão de Michel Temer, e um cenário sem viés de alta no segundo semestre complicará qualquer esforço de governabilidade pelas redes sociais.
Pesquisas indicam que o apoio à reforma já está tecnicamente empatado aos que a desaprovam, um feito para um tema cercado de mentiras, dogmas e factóides. Eis um assunto impopular em qualquer lugar do mundo e uma mobilização que consegue atrair grande público país afora, tendo essa como uma das principais bandeiras, é digna de nota. Ajudará no trâmite do texto, não tenho a menor dúvida.
Ainda é cedo para identificar os desdobramentos das manifestações de hoje, mas arrisco-me a contrariar os profetas do apocalipse que cantavam a derrota do governo, qualquer que fosse a adesão. Meu sentimento é que foi um 1×0 para Bolsonaro. Não é uma vitória acachapante, mas como diriam os treinadores brasileiros, o que ‘importa são os três pontos’ .
Mas atenção, o campeonato é longo e ainda está em seu início, há muitas partidas pela frente, o time comandado pelo capitão tem errado passes curtos e gerado contra ataques desnecessários do adversário, que faz cera e joga para empatar. E o empate, como sabemos, é um mau resultado.
Eu continuo na torcida por um país melhor!
Grande abraço, Victor!
sonia.