A “NARRATIVA” PALESTINA E SUAS VERDADEIRAS ORIGENS
Eu vou começar esse texto reafirmando minha crença e desejo numa solução de dois estados para o conflito Israelo-Palestino. Entretanto os crescentes brados de “Palestina livre do rio até o mar”, que prestam um desserviço ao processo de paz, demandam uma abordagem dura no sentido de mostrar claramente de onde se originam.
Portanto, esse texto é escrito para você, que apesar de não ser oriundo dessa região, se acha defensor dos palestinos ao juntar-se ao coro que grita essa frase. E já vou avisando, pois se compartilhar esse texto com outros, eles falarão isso mesmo: esse texto é escrito por um judeu que se afirma sionista. Então é um texto enviesado? Espero que você, leitor, faça esse julgamento. E convido-lhe a ver a situação pelos olhos de uma pessoa que tem ligações com a região, mas que se encontra do lado que você provavelmente deve chamar de “opressor”. Mas para quê escutar alguém nessa posição? Se você se der o tempo para fazê-lo, talvez veja uma realidade que jamais imaginou sobre a questão. Por que não se dar a chance? Afinal serão alguns minutos de sua vida, que podem te fazer repensar algumas coisas.
E já que se decidiu ficar, vou começar derrubando tudo o que pensa que sabe sobre o assunto com uma afirmação: se você defende a causa palestina que afirma que o povo judeu é um colonizador imperialista que se utilizou do apoio de potências para subjugar o povo palestino que sempre viveu ali e sempre sonhou com um país para si, você está defendendo uma mentira criada pela KGB em 1963 junto com uma organização chamada OLP (Organização para Libertação da Palestina)! Isso mesmo! Antes dessa data, os povos árabes da região se recusavam a se chamar de palestinos. Você provavelmente está revoltado com essa afirmação? Como ousa falar uma mentira dessas? Pois afirmo categoricamente que isso não só não é uma mentira, como representa factualmente o que aconteceu. E você não precisa acreditar em mim. Vou postar diversas referências históricas, fatos e nomes de pessoas envolvidas para que possa pesquisar por si próprio. Mas vou inicialmente contar a história do que aconteceu.
Para isso voltamos para o fim da segunda guerra. Com a derrota da Alemanha, dois blocos político geográficos foram se formando. De um lado os capitalistas, capitaneados pelos EUA e do lado socialista, a União Soviética. Cada um procurando, naquele momento, se recuperar do conflito mundial, mas também formar alianças com países em todo o mundo. O Oriente Médio não era exceção. Mas era momento da criação de Israel e do Estado Palestino, segundo a partilha, que foi aceita pelos judeus, mas não pelos árabes. E a União Soviética foi uma das que votou a favor da criação dos estados. Só que os interesses soviéticos na região – e seu conjunto geopolítico (petróleo, transporte para a Europa e outros recursos) falaram mais alto, especialmente quando a disputa entre os dois blocos se acirrou com a guerra da Coréia e com a entrada da Alemanha Ocidental na OTAN.
A primeira ação nesse sentido foi auxiliar o Egito a se estruturar para logo em seguida nacionalizar o Canal de Suez, fornecendo armas ao seu exército por intermédio da Checoslováquia, e apoiando a “ação anticolonialista” de Nasser, ao nacionalizar o Canal de Suez, que marcou o fim da era de domínio Franco-britânico na região, além de representar um fiasco militar para Israel. Mos os objetivos soviéticos na região estavam muito além disso – queriam dominar a região, controlando o fluxo de petróleo desta para o Ocidente, se aproveitando do momento de dissenção entre EUA, Inglaterra e França para estabelecer um bloco árabe anti capitalista ultranacionalista. Nisso os soviéticos encontraram campo fértil no sentimento anti ocidental decorrente dos acordos de Sykes Picot e no segregacionismo naturalmente encontrado no radicalismo islâmico. A linha de frente desse movimento seria um acirramento do conflito israelo-árabe, com consequente intervenção ocidental. O movimento soviético foi o de caracterizar Israel como um instrumento imperialista na região, passando então a suprir de armamentos e apoio tático os países da região que se opunham a Israel.
Em alinhamento com essa política, a KGB, em conjunto com Yasser Arafat, Mahmud Abbas e outros líderes de movimentos guerrilheiros contra Israel, se reuniram em 1958 para desenhar um projeto de estruturação de uma organização para se opor a Israel, usando do antissemitismo fomentado pelos líderes árabes em seus interesses de sua destruição.
Segundo Ion Michai Pacepa, ex-chefe do Serviço de Inteligência da Romênia, o projeto foi meticulosamente elaborado: primeiramente a KGB destruiu dados oficiais que ligavam o nascimento de Yasser Arafat no Egito, dando a ele uma certidão de nascimento em Jerusalém e – portanto – legitimidade para liderar a organização. Outros da organização tiveram mesmo tratamento. Em seguida elaboraram uma narrativa baseada na história de refugiados para o povo árabe deslocado pela guerra de independência (lembrando que um equivalente de judeus foi expulso dos países árabes da região, sendo todo absorvido por Israel) – um documento preparado pelo departamento de desinformação da KGB chamado de “Falastinuna”. Em seguida incluíram nessa narrativa a temática de chamar os EUA de imperialistas e Israel de sionistas colonialistas. Com a narrativa pronta para o povo palestino, associando-o ao nome Palestina, ficou fácil falar “a Palestina para os Palestinos”… obviamente se “esquecendo” que a grande maioria sequer era nascida na região, incluindo aí seus líderes… Num terceiro momento elaboraram a carta constitutiva da OLP. Em seu artigo 24 eles abdicam de interesses territoriais na Judéia e Samaria (hoje chamados de Cisjordânia), dizendo ser do reino Hashemita da Jordânia e de Gaza, afirmando que seus interesses são na “devolução” das terras onde se encontra Israel. Ou seja, curiosamente o território que ocupavam “magicamente” sumiu de seu desejo, restando o clamor pela região exata onde Israel existia. Aliás, essa versão, originalmente emitida em 1964, foi substituída por outra em 1968 onde esse detalhe foi omitido. Era tudo que precisavam: uma narrativa construída colocando-os como povo oprimido, registros alterados para evitar questionamentos sobre essa história, e uma organização feita para defendê-la. Agora era colocar em prática o plano.
As cartas constitutivas podem ser encontradas nesses links:
1964:https://www.gov.il/en/Departments/General/11-national-covenant-of-the-palestine-liberation-organization-28-may-1964
1968:https://www.gov.il/en/Departments/General/33-the-palestinian-national-covenant-17-july-1968
E qual era o plano? Expulsar os judeus de Israel – do rio até o mar. E o que fazer depois disso? Esse era um outro problema, como vou explicar.
O fato é que nenhuma das versões da carta constitutiva clamava pela constituição de um estado palestino. Somente criticavam o sionismo, considerado por eles um movimento colonialista invasor que deveria ser expulso da região. E clamavam pelo fim do Estado de Israel. Ela fala em seu artigo 1 (da versão mais nova): “A Palestina é a casa do povo árabe palestino e parte integral da grande Árábia e o povo da Palestina é parte da nação Árabe, deixando claro que o povo árabe palestino é parte do povo árabe, não um povo separado. E em seu artigo 3, deixam claro que uma vez que a “liberação” de sua “terra nativa”, o povo exerceria sua autodeterminação somente de acordo com sua vontade e escolha, deixando claro desde o começo que a formação de um estado nacional nunca foi sua primeira intenção. Em outros diversos artigos eles deixam claro que estão na fase de liberar a Palestina e que irão formar um grupo de guerreiros para cumprir essa missão.
Há farta documentação comprovando essas afirmativas. Parte delas pode ser vista nesses links:
https://stanfordreview.org/deception-palestinian-nationalism/
http://www.inform.nu/Articles/Vol22/ISJv22p157-182Cohen6127.pdf
https://www.wsj.com/articles/SB106419296113226300
Bem, a narrativa está criada, a organização também, e sua carta constitutiva. Quais os próximos passos? A KGB deu todo o treinamento e infraestrutura para aparelhar a organização. Arafat foi treinado na Balashikha special-ops school em Moscow. Seu documento “Falastinuna” (nossa Palestina) foi transformado numa revista mensal e distribuída para todos os estudantes Palestinos, e traduzido para diversas línguas a fim de ser divulgada em todo o mundo socialista.
Em seguida deram ao Arafat uma ideologia e uma imagem, idealizada com base no Mufti Haj Amin al-Husseini, o Mufti de Jerusalém, amigo de Hitler e parceiro na criação da Solução Final, que pretendia ver usada na região caso este tivesse ganho a Segunda Guerra. Uma pessoa que ele afirmou em 1978 ter “orgulho de estar seguindo seus passos”.
À organização em si, além de apoio financeiro em forma de remessas de dinheiro ilegal, a KGB ofereceu treinamento em seus campos de guerrilha na Europa e Cuba, onde esse grupo conviveu lado a lado com grupos revolucionários de toda a América Latina. Motivado pelo apoio soviético ao movimento, Fidel Castro, que era um apoiador de Israel até o meio dos anos 1960, passou a apoiar a OLP e a patrocinar suas atividades, fornecendo treinamento, suprimentos e pessoal à sua causa. Rapidamente todos os movimentos apoiados por Cuba passaram a considerar a OLP e a sua causa, obviamente dentro da narrativa inventada em 1963, como uma irmã de luta revolucionária. Grupos ideologicamente alinhados com a esquerda abertamente aceitaram e divulgaram esta narrativa, que pegou carona nas teses “consolidadas” na década de 1960 e que viraram praticamente dogmas indiscutíveis nos anos que se seguiram. Fidel Castro rompeu relações em definitivo com Israel em 1973, ano da guerra de Yom Kippur. Já a OLP, se vinculou a todos os movimentos revolucionários americanos, com direto envolvimento com os Sandinistas.
Há diversos documentos como este aqui onde maiores detalhes sobre o assunto podem ser encontrados: https://www.cia.gov/readingroom/docs/CIA-RDP85M00363R001102530005-9.pdf
O excelente de todo o descrito acima, que como afirmei, conta com vasta documentação comprobatória (eu postei aqui uma parte do que existe), demonstra de forma clara e incontestável os motivos pelos quais o povo palestino ainda não tem seu estado:
1) Porque não se enxergam como um povo, mas como parte do povo árabe, não sendo portanto prioridade a criação de um estado.
2) Desejam a eliminação de Israel e a construção de um estado palestino em seu lugar.
Se duvida disso, faça-se a seguinte pergunta: o quê impede os palestinos de terem o seu estado fundado e operando HOJE??? A resposta é: NADA!!! Se a liderança palestina decidisse hoje criar seu Estado, encontram em cima da mesa de negociação uma proposta – a última apresentada por Ehud Olmert em 2008 que abrange 95% de suas demandas. E os assentamentos não representariam nenhum empecilho para o acordo. Israel já demonstrou isso quando retirou todos os israelenses de Gaza em 2005, entregando o território para os Palestinos. Entretanto continuamos escutando os gritos de “do rio até o mar”, ecoados por você defensor dos palestinos, que até ler este texto imaginava que os judeus colonizadores expulsaram os palestinos de seu país, tomando-o para si…. sem sequer se ligar que antes de Israel, essa região pertenceu ao Mandato Britânico, aos Otomanos, aos Árabes, aos Cristãos, foi parte de diversos impérios e foi berço e lar do judaísmo desde pelo menos 1.300 AC. Mas você não encontrará nenhum registro da Palestina, sua capital, cultura ou moeda. E não venha falar de números de população… o judaísmo, ao contrário do Islamismo, não é uma religião proselitista e, portanto, será sempre uma minoria no mundo. Somos 0,2% da população mundial. Isso não nos retira o direito à nossa terra ancestral e ao centro de nossa cultura, Jerusalém! E falando em minoria, como é que a narrativa que coloca os judeus como uma maioria imperialista e colonizadora olhando para esse mapa e vendo os quase 500 milhões de árabes (em verde) comparados ao minúsculo território de Israel e seus 8 milhões de judeus (vermelho no meio do mapa)?
Assim como apresento esses fatos sobre Israel, não há ponto na narrativa Palestina que se sustente diante dos fatos. Basta aplicar uma relação de causa x efeito na situação para ver que quase toda iniciativa de Israel se baseou numa resposta a uma ação inicial de ataque ou ameaça da outra parte. E não estou aqui afirmando que Israel é um país bonzinho e isento de sua cota de injustiças. O mesmo pode ser dito dos Palestinos. Portanto colocar Israel no papel de mau da história é não só uma injustiça como uma inversão de valores. Algo que você aprendeu na escola com aquele professor de história ou geografia que adora a turma da esquerda porque aprendeu a endeusar os movimentos revolucionários dos anos 1960 e seus “heróis” Che Guevarianos!…
Portanto, da próxima vez que pensar em gritar “Palestina livre do Rio até o mar”, pense: você está mesmo disposto(a) a se servir de massa de manobra? De papagaio de pirata da KGB? Que tal conhecer a melhor a história da região?