Esporte

No Tetra, o gol que Romário perdeu seria anulado pelo VAR

Nesse ano completamos 26 anos do Tetra, e falando novamente das reprises esportivas na Pandemia, a final de 94 teve maior destaque quando a Globo aderiu ao projeto e transmitiu no seu horário nobre, às 16 horas de domingo.

Meus ídolos no futebol são Roberto Dinamite e Romário, então não preciso falar muito da admiração pelo Baixinho e torcida na época pela pressionada e criticada seleção de Dunga e cia. Mas até o ídolo erra e Romário perdeu um gol feito na final, entretanto o que seria imperdoável, ao rever o jogo, mudei a opinião.

Voltando um pouco na história, Romário, antes do início da Copa, assumiu toda a responsabilidade publicamente em caso de revés no torneio, e isso foi uma forma inteligente de tirar o foco em outros atletas visados pela imprensa e torcida. Houve uma pressão enorme pela queda de Parreira nas eliminatórias, um clamor por Telê Santana e por jogadores do Bicampeão do mundo São Paulo (Zetti, Palhinha, Cafu).

Mesmo assim, a seleção foi aos poucos ganhando a confiança da torcida brasileira, até chegarmos à Final, com o País já totalmente parado e concentrado para o jogo.

Tivemos talvez o 0 a 0 mais emocionante da história das Copas.

Foram inúmeras chances do Brasil e a Itália também quase chegou ao seu gol, com Massaro e Baggio, que se estivesse em boas condições físicas poderia ter sido o novo Paolo Rossi.

Mas o que me chamou a atenção ao rever essa final foi que o lance que seria da consagração final de Romário, aos 3 minutos do segundo tempo da prorrogação, era irregular, e nos dias de hoje seria anulado pelo VAR.

Cafu tabelou com Bebeto e cruzou para Romário, livre, tocar a bola para fora.

Bebeto estava impedido, e tanto as transmissões da Band quanto da Globo na época não comentaram o fato, passando, portanto, despercebido.

Mesmo nessa reprise, Romário foi perguntado sobre o lance e emitiu sua opinião sem relato do impedimento do amigo Bebeto.

O bandeirinha não assinalou, nem o árbitro, e o jogo recomeçou com um tiro de meta.

Se Romário tivesse feito o gol, teríamos o nosso “La mano de Dios”, tudo viraria folclore de futebol, mas entendo que para o bem daquela geração, Romário perdeu o gol feito e todos viraram heróis da pátria de chuteiras, de Taffarel a Parreira, inclusive Baresi e Baggio, meio que às avessas e não somente o Baixinho.

Se Romário tivesse feito o gol, não teria provavelmente feito seus mil gols ao final da carreira, e explico:

Ocorre que Romário não batia pênaltis, nem em clubes e nem na seleção, mas ao final do jogo, mais uma vez, assumindo a responsabilidade, pediu a Parreira para bater.

Não havia treinado uma única vez cobranças de pênaltis durante a Copa. No primeiro jogo contra a Rússia, sofreu um pênalti e deixou Raí bater no segundo gol, ou seja, nem com a artilharia se preocupava. Cobrou e converteu na final, o Brasil venceu e Romário tomou gosto em bater pênaltis, o que possibilitou aumentar e muito seus números do meio para o final da carreira, até chegar nos trancos e barrancos aos 1000 gols.

Então me parece que somando tudo, aquele erro de Romário fez bem ao futebol, que não possuía VAR, à seleção, que teve todos os atletas valorizados, e ao Baixinho que passou a cobrar pênaltis.

Por fim, uma curiosidade sobre a foto do Jornal da Tarde de 06 de julho de 1982, citada no primeiro post: O garoto que teve seus 15 minutos de fama às avessas, já era crescido em 94 e se escondeu da imprensa e da família, tendo acompanhado o Tetra na casa de um amigo, pois ficou receoso de uma derrota e o bullying que inevitavelmente sofreria.

Vinícius Perilo

Vinícius Perilo, 47 anos, é engenheiro civil apaixonado por todos os esportes. Tudo começou no Ursinho Misha em Moscou 80, e, a partir daí, acompanhando ídolos como Oscar, Hortência, Bernard, Jacqueline, Ricardo Prado, Joaquim Cruz. Ama futebol como todo brasileiro, faz parte da geração que chorou de tristeza a derrota de 82 e de alegria com o Tetra em 94. Realizou um sonho de criança e conduziu a Tocha Olímpica para a Rio 16. Ainda acredita no Brasil olímpico.

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