Lugares por onde andei

O Reino das Sete Irmãs

Se você for a Londres com tempo suficiente e deseja sair um pouco do circuito de museus, parques, castelos, pubs, lojas e topar uma caminhada ao ar livre, uma boa pedida: o parque das Sete Irmãs, falésias gigantescas localizadas na cidade de Seaford, a duas horas de trem da capital britânica.

O ticket pode ser comprado na hora saindo da estação Victoria e custa £32 ida e volta. Há uma baldeação na cidade de Lewes, a 20 minutos do destino final. Sem atrasos, o trajeto leva ao redor de 1:40. A sinalização na estação londrina pode ser um pouco confusa para turistas, por isso fique atento (a) à plataforma de saída, normalmente entre 14 e 19.

Chegando em Seaford, uma simpática cidadezinha costeira, tome o ônibus que faz o percurso Easthampton – Brighton, em um ponto localizado em frente à igreja, a uns 300 metros da estação. Antes de entrar, certifique-se com o motorista de que está na direção correta . Em 15 minutos, já será possível ver o mar e você descerá no ponto ‘Seven Sisters’. De lá, terá duas opções: se desejar chegar ao topo das falésias, siga em frente pela trilha em direção ao mar, se quiser vê-las de frente e por baixo, caminhe uns 300 metros pela beira da estrada, e no estacionamento de uma pousada, à sua esquerda, você verá a entrada de outra trilha, que o(a) levará ao mar, aos pés das Sete Irmãs.

Foi esse o caminho que escolhemos. No inverno, com vento na cara e uma temperatura de 3C, é imprescindível estar bem agasalhado(a). Não vá com seu melhor tênis, as chuvas frequentes deixam a lama presente em boa parte do trajeto. Eu fiz isso e me dei mal. O visual do percurso, de 20 a 30 minutos de caminhada, é espetacular. A trilha se encontra em um vale, uma faixa estreita de terra entre um canal e lagos que se espalham entre duas colinas, com vários tons de verde e amarelo nas suas vegetações rasteiras, povoadas por gado e pássaros. No horizonte, o canal se encontra com o mar, e uma subida íngreme leva o caminhante ao topo dos penhascos. À esquerda,, ‘Seven Sisters’, à direita, sua melhor vista.

No inverno, não é possível atravessar o canal quando ele se encontra com o mar. São uns 30 metros de distância e água nas canelas, provavelmente quase congelando. Ou seja, nessa época você tem que escolher um dos percursos. Se quiser fazer o outro, precisa voltar ao início e mudar o caminho. Como escurece às 16 horas, é necessário chegar bem cedo. Os dias longos do verão, que terminam às 21 horas, certamente são mais atraentes para esse passeio.

A praia é de pedras, não de areia. O vento torna o mar revolto, de coloração levemente esbranquiçada, por causa do arenito muito branco que constitui os imensos paredões das falésias, a mais alta delas ultrapassa os 160 metros de altura. Mesmo a quase zero grau, com o mar provavelmente congelante, um banhista se aventurava no Stand-up, devidamente emborrachado dos pés à cabeça. Na subida, duas casas na beira do penhasco, ainda nem tão alto, quem sabe uns 30 metros. Ultrapassadas, é possível tirar a foto mais tradicional da região, com uma das casas e as Sete Irmãs de pano de fundo.

A trilha pelo gramado vai longe. Uma placa sinaliza que há um campo de golfe não muito distante dali. Também recomenda cuidado aos passantes, não existe qualquer proteção entre o fim da grama e o precipício. Consegui chegar a uns 3 metros da extremidade, mais que isso o medo não permitiu. Bancos de madeira estão espalhados pelo caminho. Diante dos olhos de quem se esparrama neles, a vista do mar verde esbranquiçado batendo nos pés das Sete Irmãs. Em um dia de céu azul, o contraste das cores é belíssimo.

Duzentos metros adiante, você se depara com um vale e uma escadaria de cimento chega até a praia, onde as ondas batem forte. Um sujeito um pouco distraído é capaz de descê-las e ficar no fundo do mar. O lugar é perigoso. Voltando ao vale, a trilha continua, subindo a colina. Não tive tempo para seguir adiante, mas valeu a pena. Certamente é um passeio candidatíssimo a ser repetido na primavera ou verão, quando estiver por essas bandas.

Essas paisagens deslumbrantes provam que não há região que detenha o monopólio da beleza no planeta; ela está à nossa volta, em todo lugar. As fotos abaixo são uma prova…

 

Victor Loyola

Victor Loyola, engenheiro eletrônico que faz carreira no mercado financeiro, e que desde 2012 alimenta seu blog com textos sobre os mais diversos assuntos, agora incluído sob a plataforma do Boteco, cuja missão é disseminar boa leitura, tanto como informação, quanto opinião.

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