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2o turno: 51,8% Lula e 48,2% Bolso

Usei a pesquisa da Atlas Intel, divulgada ontem (13/10) que dá 52,4% dos votos válidos para o Lula e 47,6% dos votos válidos para o Bolsonaro. Isto corresponde a uma diferença de 4,8% com um erro estimado em 1%.

Adotei o Atlas como minha empresa favorita de pesquisa por razões detalhadas em tópico no final deste texto.

Método do estudo

Combinei a pesquisa Atlas referida com a estatística de abstenção do TSE cruzada com dados estratificados da população por faixa etária e nível educacional (IBGE), e, ainda, com os dados abertos da própria pesquisa da Atlas.

No resultado final do estudo, a diferença entre Lula e Bolsonaro cai 1,2% chegando aos 3,6% (51,8% para Lula e 48,2% para Bolsonaro), com 4,1 milhões de diferença contra os 5,5 milhões da pesquisa da Atlas, considerando a hipótese da previsão da abstenção aumentar 1,9% sobre o nível do primeiro turno.

No entanto, estes 5,5 milhões de diferença não levam em conta qualquer migração de votos devido ao fato que o eleitor do Lula tem mais chance de se abster, porque tanto o segmento de 60 anos ou mais quanto os setores com menor nível de educação, tendem a votar mais no Lula nesta eleição.

A minha previsão de abstenção usou o fato que, em todas as eleições que foram para 2o. turno, o nível de abstenção cresce em relação ao 1o. turno. Quanto maior a abstenção, mais o Lula perde votos. De fato, ´e verdade que pessoas mais novas (entre 16 e 24 anos) votam mais no Lula, mas esse grupo não tem uma abstenção marcadamente diferente da média, portanto isto não gera muita perda de voto diferenciada por candidato.

Com este quadro, a chance maior, obviamente, é do Lula vencer (Eu diria que em torno de 80%).

De um lado temos a máquina do governo e dos estados e mais o ativismo nas redes sociais favorecendo Bolsonaro e, por outro lado, a rejeição mais alta do Bolsonaro e o voto altamente consolidado, o que favorece o Lula. Só que estes fatores, no meu entender, são mais concretos do que aqueles, o que me levou a apostar um pouco mais no Lula do que está se apostando nas bolsas de apostas (a Bet Fair está recebendo 1 e pagando 1,4 se der Lula e recebendo 1 e pagando 3,5 se der Bolsonaro).

Se surgir uma nova pesquisa da Atlas Intel, está passa a ser, a princípio, uma boa aproximação: simplesmente pegar a diferença encontrada no percentual de votos válidos entre os 2 candidatos e reduzi-la em 1,2%.

Quem é a AtlasIntel

Tomei conhecimento da Atlas em 27/Set a partir de sua pesquisa publicada pela Data Poder. No entanto, o que me chamou a atenção foi a apresentação da pesquisas com suas 56 páginas.

Ela me impressionou pelo maior conjunto de detalhes que já vi em uma pesquisa eleitoral feita no Brasil, o que contrasta com a falta de informações de pesquisas congêneres de outros institutos.

Vou passar a palavra para a própria Atlas:.

Os entrevistados são recrutados organicamente durante a navegação de rotina na web em territórios geolocalizados em qualquer dispositivo (smartphones, tablets, laptops ou PCs).Em comparação com pesquisas presenciais domiciliares ou em pontos de fluxo, RDR (Random Digital Recruitment) evita o eventual impacto psicológico da interação humana sobre o respondente na hora da entrevista: o respondente pode responder o questionário em condições de pleno anonimato sem temer causar uma impressão negativa para o entrevistador ou para pessoas que eventualmente podem estar ouvindo as respostas compartilhadas durante a entrevista.

Ele é adaptativo à qualquer tela. …Para garantir a representatividade em nível nacional, as amostras da Atlas Intel são pós-estratificadas usando um algoritmo iterativo em um conjunto mínimo de variáveis de destino: sexo, faixa etária, nível educacional, nível de renda, região e comportamento eleitoral anterior. As amostras resultantes do processo de pós-estratificação se assemelham ao perfil da população adulta do Brasil, inclusive da população que possui um acesso mais limitado à tecnologia.

Resumindo, a pesquisa mostra links aleatórios em locais sorteados por critérios de zoneamento, que ao clicar em um link (não sei como alcança o eleitor de forma orgânica) gera o formulário preenchido de forma anônima, sem vergonha ou inibição por parte do respondente, com algum tratamento (que não tenho acesso) para considerar os desprovidos de aparatos eletrônicos.

Em uma frase: Achei bem interessante e promissora a metodologia adotada!.

A Atlas é da Atlas Intelligence, uma empresa brasileira, mas que atua também fora. Seus sócios são o CEO Andrei Roman e o CTO Thiago Costa, ambos com PhD em Harvard.

Para quem tiver curiosidade, Andrei deu uma entrevista aqui sobre as pesquisas e o segundo turno.

Segundo eles, a Atlas é a única empresa brasileira de pesquisa certificada pelo FiveThirtyEight do estatístico Nate Silver, autor do famoso livro “O Sinal e o Ruído”. E, de fato, eles são citados no site da FiveThirtyEight, onde aparecem com conceito A em uma nota, que tem valores variando entre A, A-, A/B, B+, B, B-, B/C, C+, C ,C- e C/D.

Pelo que eles declaram:

  • A AtlasIntel foi a melhor empresa de pesquisa na Eleição Presidencial de 2020 nos Estados Unidos. As pesquisas Atlas tiveram um erro médio de 2 pontos, o menor entre mais de 30 institutos de pesquisa.
  • Em 2020, as pesquisas da AtlasIntel para as primárias democratas nos EUA tiveram o menor erro médio.
  • As pesquisas Atlas tiveram o melhor desempenho entre os institutos de pesquisa nas Eleições Municipais 2020 no Brasil, e também em eleições na Argentina, Colômbia e o plebiscito da constituição no Chile.

Meus acertos em previsões anteriores

2T de 2018: Em 8 de outubro de 2018, cravei a vitória do Bolsonaro com um erro de apenas 0,7% para mais e errei a votação do Lula em 6,1% para menos.

1T de 2022: Em 27 de setembro de 2022, acertei os números com erro de 0,57% para mais para o Lula e 0,80% a menos para o Bolsonaro. Trabalhei também com dados de abstenção, mas de mais baixa qualidade e acurácia.

Previsão ainda subjúdice, como esta

2T de 2022: Em 5 de outubro de 2022, mostrei a grande dificuldade do Bolso levar o 2o. turno de 2022, a partir de uma matriz de transferência de votos. Neste caso, fiz a previsão dos números finais, que bateu 100% com a previsão deste artigo, mas não publiquei. No texto, só “forcei” a matriz de transferência pró-Bolsonaro para mostrar que é um pouco difícil o Bolsonaro vencer.

Palavras finais

Este artigo não é opinativo e faço questão de manter este tom até o final.

Trata-se apenas uma análise fria e desapaixonada, sem nenhuma manipulação da minha parte. Quando iniciei a fazê-la tive até a sensação que os 2 candidatos ficariam ainda mais parelhos, fato que não se realizou no final.

Para quem tenha curiosidade, não votarei no segundo turno porque estarei viajando.

Paulo Buchsbaum

Fui geofísico da Petrobras, depois fiz mestrado em Tecnologia na PUC-RJ, fui professor universitário da PUC e UFF, hoje sou consultor de negócios e já escrevi 3 livros: "Frases Geniais", "Do Bestial ao Genial" e um livro de administração: "Negócios S/A". Tenho o lance de exatas, mas me interesso e leio sobre quase tudo e tenho paixão por escrever, atirando em muitas direções.

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2 Comentários

  1. Obrigado pelo texto! E obrigado por apresentar-me a AtlasIntel. Muito bom saber que estamos evoluindo também nesse mundo das pesquisas.

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