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Homo Digiti

Claro que o mundo mudou. Aliás, mudou não: está mudando a cada dia e a cada vez mais rapidamente.

É de se imaginar o que diria Heráclito, o grande filósofo pré-socrático (540 a.C a 470 a.C) que naquele tempo postulou: “a única coisa permanente no mundo é a mudança”. De onde o próprio também conclui que ninguém pode banhar-se duas vezes no mesmo rio, porque da segunda vez, as suas águas já não serão as mesmas…

Aquilo que poderia ser lido como a definição recém postada em alguma rede social para traduzir o nosso tempo, na verdade tem apenas 2.500 anos…

Menos deslumbrados estivessemos com as supostas maravilhas contemporâneas e um pouco mais humildes fossemos para aprender com a história e a filosofia seculares, veríamos que muito pouco de realmente novo tem sido pensado. Mas esse é um outro assunto. O foco deste ensaio é outro e voltamos a ele, mas fica aqui o parêntesis, como convite a reflexão.

Que a evolução siga seu curso, nenhuma surpresa. O mundo segue acelerado e muda, segundo seu ciclo de desenvolvimento. A questão hoje, no entanto, é de outra natureza: uma coisa é a evolução do mundo, outra coisa, bem distinta, é a criação de um mundo, outro, paralelo.

O homo sapiens hoje se relaciona muito mais virtualmente do que na realidade concreta de suas vidas. Em todos os sentidos e aspectos, os relacionamentos virtuais estão se tornando muito mais frequentes do que os reais e determinam um novo padrão de conduta diante da rede (ou das redes).

Como já discutimos preliminarmente em outras ocasiões (vide artigo “In Omnia Respice Finem”), o avanço tecnológico é sempre, em tese, positivo, até o ponto em que a qualidade de vida a cujo serviço deviam estar os avanços, seja colocada em risco justamente pela malbaratação de seu uso.

Como em quase tudo na vida, equilíbrio é a medida certa.

De resto, celeuma parecida, embora de proporções infinitamente menores que as atuais, deu-se com a chegada da Televisão, aí pelos idos dos anos 50 e 60. Que iria acabar com as relações sociais, que seria estupidizante (embora às vezes e em muitos programas seja mesmo), que acabaria com o diálogo e com as interações familiares, que seria o fim do cinema, da arte, da escrita etc.

Hoje parece estudo de arqueologia. Não por acaso a Sony revelou no início deste ano prejuízo na venda de televisores. A TV, antiga besta fera do apocalipse, hoje desperta penalizada simpatia, em acelerada marcha de inevitável obsolescência.

Mas tudo indica que, aquilo que a TV começou, uma nova geração de equipamentos, muitíssimo mais virais (literalmente), está prestes a conseguir terminar.

Basta observar um almoço, de trabalho e mesmo de família no final de semana: sobremesa grátis para quem encontrar uma mesa em que cada um dos ocupantes não estiver ocupado com seu próprio aparelho celular, em ligações paralelas, mensagens ou joguinhos. E vai

piorar enquanto continuarmos presenteando crianças de 8, 9, 10 anos, cada uma com um IPhone…..

Note que não falo de mesas de adolescentes (esses não falam mais, apenas digitam. ),

falo de famílias e de homens e mulheres que, a lazer ou trabalho, estão reunidos à mesa….

cada um chafurdado no microcosmo particular de seus próprios aparelhos.

Refesteladamente infiltradas de forma pandêmica não apenas em todas as casas, como no caso da TV, mas em todas as mãos (no Brasil, já superamos a marca de 200 milhões de celulares, e os smartphones galgam progressivamente mais e mais participação nesse conjunto), as mídias digitais dominaram o mundo.

Não estão mais a nosso serviço, conduzem nossa vida. O homo sapiens foi traído naquilo que o distinguia: sua inteligência. E agora apenas começa a despertar para a intoxicação que se espalhou em escala universal.

O extraordinário fascínio sensorial a provocar e instigar a curiosidade por novidades brotando em frações de segundo por toda a parte, ao alcance do suave toque dos dedos, tornou-se irresistível demais para ser domado. Fugiu ao controle.

A sensação de que estamos nus quando não portamos os smarphones ou esquecemos o celular, a ansiedade que engana os sentidos, sempre imaginando que o seu celular tocou, ou vai tocar, ou pode tocar, os dedos que inadvertidos e autônomos, desprendem-se da mão para tocar e apalpar a tela do mini-universo portátil, à busca de uma possível nova mensagem, nova postagem, nova novidade, a cada segundo….

Esse é o novo padrão de conveniência, comodidade e facilidade prometido? Essa a qualidade de vida, que nos permite transitar em “liberdade”? A agonia sufocante da hiperconectividade já é fenômeno patológico.

Nunca se venderam tantos antidepressivos e calmantes de toda a sorte e natureza como hoje. É um estado latente de altíssima ansiedade, histeria interior e neurose social para acompanhar todas as informações, notícias, notas, comentários e opiniões produzidas em hectobytes por segundo.

Enquanto proliferam de maneira insana os jorros de informações e opiniões inúteis e estúpidas de toda a ordem, que precisam ser lidas, comentadas e respondidas. O amplo acesso à informação, sem dúvida um avanço extraordinário, por outro lado deu lugar à absoluta atomização da edição: cada um é senhor e editor de si mesmo, diz o que quer sobre e quando quiser – e o diz no mesmo espaço aberto de consultas e comentários, universalizado sem nenhum critério.

Se algum incauto perguntar ao “google” ou outra ferramaneta de busca por exemplo, quem foi Abraham Lincoln, poderá deparar-se com uma página de algum comentarista de ocasião dando conta de que tenha sido um rebelde sulista sanguinário e enlouquecido morto em combate durante a Guerra de Secessão e, pior, “fazer um copy and paste” e apresentar como resultado da pesquisa na aula de história.

No limite, é a reinvenção da história e do pensamento – quem pode dizer o que está certo nesses monturos virtuais? Mais: existe “certo”? Se posso editar, dizer e comentar o que eu quiser, sobre quem eu quiser, quando quiser, quem se atreverá a me “ensinar” alguma coisa? Para que?

Ainda melhor: agora é imperioso saber que o Juquinha está tomando café na praça, que a Julinha está tomando um sorvete “maaaaraaaviiiilhoooosooo” no shopping e que a Aninha acabou de comprar um vestidinho rosinha para o aniversário da sobrinha, “olha só que graaaaciiiinhaaaa”. E se você não “postar” cada minuto de seu dia, bem, você pode estar ficando para trás….

Tudo isso ao mesmo tempo e todo o mundo acontecendo dentro da tela. Impossível distanciar-se dela.

Estamos todos vidrados, de olhos esbugalhados ou de canto de olho, disfarçadamente, mas sempre em busca da tela mágica. O novo mundo real. O outro mundo, o velho, aquele que costumavamos chamar de real, passou a ser paisagem. A realidade migrou para as telas. Virtual hoje é a vida material. Real, é a vida digital.

“Desliguem seu computador. Está na hora de vocês desligarem o telefone e descobrir tudo o que é humano ao nosso redor. Não há nada melhor do que segurar a mão do seu neto quando ele está dando os primeiros passos”.

O que soa como extraído de um discurso tibetano ou lema de retiro espiritual embalado a insenso no Himalaia foi dito, de forma veemente e em tom grave, pelo CEO do Google, Erick Schmidt em dicurso que já correu o mundo, a graduandos da Universidade da Pensilvância, em maio de 2009.

Teria perdido o juízo? Ao contrário, de posse e domínio de seu juízo perfeito, Erick Schmidt está tentando recobrar o juízo de milhões de navegadores, tão completamente à deriva mar adentro do mundo virtual, que correm o risco de jamais voltarem à terra firme do mundo real: “Saiam da frente das telas e tenham alguma vida real longe delas!” Nada se compara e, principalmente, nada substitui a experiência humana REAL.

Quando pede moderação aos jovens, de resto, seus clientes, o que está tratando de fazer é justamente preservar a freguesia. Antes que pereçam pelo excesso e pela inevitável ingestão subsequente. É mais ou menos a preocupação que teriam (ou têm) as redes de fast food. Ou os fabricantes de bebidas alcoólicas, ou ainda as refinarias de açucar: o excesso mata o cliente. Recomenda-se moderação.

Um livro genial acaba de bater o recorde de vendas do New York Times e já está disponível em português: “O Blackberry de Hamlet”, de William Powers, jornalista americano, aqui publicado pela Editora Alaúde.

Um verdadeiro primor de criatividade, senso crítico (e auto-crítica) e lucidez.

Não contarei o livro porque recomendo vivamente sua leitura. Mas vale por exemplo mencionar que, pelo que o título indica, Powers traça paralelos entre épocas e suas crises e conflitos com a evolução tecnológica, remetendo a Sócrates que, na Grécia antiga, relutava em aceitar a escrita, a “nova tecnologia” então emergente, porque considerava que poderia empobrecer a riqueza dos debates e discursos orais, onde repousava, segundo ele, todo o estímulo à verdadeira inteligência…

Um fascinante paralelo que mostra as mesmas dificuldades de aceitação, transição e acomodação das novas tecnologias, em todos os tempos, mostrando como sempre foram possíveis, finalmente, os avanços de cada época, superadas as naturais perplexidades

iniciais apontando o caminho para a convergência, possível, sim, da era digital com equilíbrio e sanidade na vida contemporânea (o subtítulo: “Filosofia prática para viver bem na era digital”, logo esclarece o otimismo do autor da obra afinal de todas as contas).

É notável o capítulo em que ele conta o que sentiu e como “superou” o dia em que acidentalmente, em um passeio de barco, perdeu seu celular (um moderno smartphone com “toda a sua vida” embutida nele). Do pânico inicial à inusitada leveza e alegria de sentir-se pela primeira vez livre para reencontrar-se consigo mesmo, a narrativa é uma pérola.

Para ao final concluir, concordando com o que todos os filósofos e pensadores trazidos na obra sempre postularam, independente do embate particular de cada época: o indispensável e necessário distanciamento do ruído, do mundo exterior e, portanto, das conexões onipresentes de hoje, para encontrar-se consigo mesmo e com a essência dos valores da vida humana.

Desconectar-se. Poderia ser uma recomendação, mas hoje é mais do que isso: é condição de vida. A hiperconectividade, se não é causa, hoje é séria agravante de nossa ansiedade, angústia, solidão, neurose e histeria, pessoais e sociais.

Não temos mais paciência e ponderação para quase nada e a dispersão midiática crescente nos faz tangenciar a falta de consideração e respeito a quase tudo e a quase todos à nossa volta. Assunto que em muito pouco tempo será de saúde pública, por ora atendido e remediado por antidepressivos em larga escala. E todos sabemos (e tememos) que, desgraçadamente, não há nenhum exagero nessa afirmação.

Toda a fenomenal bolha planetária virtual é de ser observada com cautela e boa dose de desconfiança, não apenas nos hábitos e adesão, mas também nas análises de mercado.

Em brilhante artigo em O Estado de São Paulo em 21 de maio deste ano, “Redes sociais e homens”, Lúcia Guimarães, após revelar sua devoção pela emissora de rádio local de Nova York sem fins lucrativos (93,9 FM, para quem tiver curiosidade), à qual prefere dedicar boa parte de seu tempo e atenção todos os dias, do que às avalanches de informações globais da internet e redes sociais, lembra que o valor da AON (America OnLine), antiga gigante e maior provedora de acesso à internet do planeta, antes do estoura da primeira grande bolha, no início dos anos 2000, valia US$ 150 bilhões e hoje vale US$ 1 bilhão. Em seu midiático IPO, o Facebook do garotão Zuckerberg passou a ser avaliado em US$ 100 bilhões. Em menos de um mês, já havia perdido mais de 20% do valor inicial. Mais uma vez, recomenda-se cautela. E uma boa dose dela, aliás.

Haverá tanta gente nova assim (o grande ativo dessas empresas são, afinal, os seus subscritores) para seguir engordando as redes de adeptos?

Há muita gente que jura que não aderiu e que jamais o fará. Um pouco por galhofa, outro tanto pela oportunidade de exercitar a crítica de costumes através de suas crônicas, talentos geniais como Luis Fernando Veríssimo e Ruy Castro recentemente escreveram, com graça e sabedoria, a respeito.

O primeiro, em artigo publicado no jornal “O Globo” de 3 de maio deste ano, entitulado “Os resistentes”.

Eis como o inicia, na íntegra do primeiro parágrafo: “Não sucumbi ao telefone celular. Não tenho e nunca terei um telefone celular. Quando preciso usar um, uso o da minha mulher. Mas segurando-o como se fosse um grande inseto, possivelmente venenoso, desconhecido da minha tribo”. Para terminar, em tom de vaticínio profético, assim – e aqui reproduzo, também na íntegra, o último parágrafo: “Ouvi dizer que o celular destrói o cérebro aos poucos. Nos vejo – os que não sucumbiram, os últimos resistentes – como os únicos sãos num mundo imbecilizado pelo micro-ondas de ouvido, com os quais as pessoas trocarão grunhidos pré-históricos, incapazes de um raciocínio ou de uma frase completa, mas ainda conectados. Seremos poucos mas nos manteremos unidos e trocaremos informações. Usando sinais de fumaça”.

Ruy Castro, na Folha de São Paulo de 18 de maio deste ano, pede desculpas a leitores e amigos que eventualmente busquem encontrá-lo nas redes sociais, declarando que jamais esteve ou estará por lá, explicando porque não responde aos convites para que recebe para aderir à rede. Separo alguns trechos, simplesmente impagáveis:

“Não tenho Facebook, nem sei como funciona, e as únicas redes profissionais a que pertenço são as empresas a que presto serviços como escritor ou jornalista….

Como não sei para que servem essas redes, também não sei o que responder e, pior, temo que tais mensagens sejam pegadinhas marotas contendo vírus    O ridículo é que os que

me convidam a tornar-me “amigo” deles já são meus amigos. Têm meu telefone, sabem onde moro, já saímos juntos para pândegas, discutimos futebol, fomos até sócios no passado e, se calhar, um tomou a namorada do outro e vice-versa….” Para concluir assim: “Acredito que os programadores dessas maravilhas eletrônicas tenham pouca prática de vida real. Por serem muito jovens e já terem nascido com um mouse na mão, talvez não saibam que as relações humanas podem se formar a partir de um encontro casual, um aperto de mão, um brilho no olhar”.

Volta ao tema Lúcia Guimarães, em novo artigo em 28 de maio no Estado de São Paulo “Pelo telefone”, em que demonstra que não falamos mais ao telefone e que o email e as mensagens de texto tornaram-se a nova “fala”, lamentavelmente mais pobre, encurtada e distante. E mais: como, para fugir do contato, o email e as mensagens são usados como escudo e desculpa: “Oh, não chegou sua mensagem. acho que estou com problemas em

minha caixa….”. Fugimos ao contato. A voz compromete, engaja. Nas mensagens de texto, acabamos nos refugiando. Fugimos ao contato. Máxima ironia da hiperconectividade, aprendemos a utilizar suas ferramentas para fugir de nossos contatos! Atire a primeira pedra quem puder.

Por outro lado, são recorrentes os estudos que começam a despontar revelando a necessidade de nos desconectarmos. Recente tese da Universidade da California, em Irvine (divulgado no caderno “Mercado” da Folha de São Paulo em 6 de maio), concluiu que profissionais que não olham a caixa de email regularmente são menos estressados e mais produtivos. E mais, conforme declara Gloria Janet Mark, professora da Universidade e autora do estudo: “descobrimos que, após cinco dias longe do email, os níveis de estresse das pessoas caíram” (!!).

E na Folha de São Paulo de 30 de maio, Arnaldo Niskier (ex-presidente da Academia Brasileira de Letras, Doutor em Educação) discorrendo em seu artigo “Usos e abusos da língua portuguesa”, sobre a crônica falta de leitura e de respeito à língua (escrita, sobretudo), aponta estudo da Universidade de Oregon entitulado “Medium Matters” que concluiu que um leitor de jornal em papel retém o conteúdo mais que um leitor online. E

cita o desabafo do presidente da OAB no Brasil, avaliando o índice de 92,8% de reprovação no exame da entidade em São Paulo: “há pessoas (estamos falando de bacharéis em Direito no estado mais rico da federação….) que chegam à prova e não sabem conjugar verbos ou colocar as palavras no plural”.

Em coluna no Caderno Equilíbrio da Folha de São Paulo de 12 de junho, a genial atriz Denise Fraga conta, com leveza e profundidade, como perdeu o prazer de “flanar de taxi pelo Rio de Janeiro” desde que adquiriu seu Smartphone. Presa à sua tela, deixou de apreciar as ruas e paisagens da cidade em seus passeios de taxi. Arrependida a tempo e ainda lúcida para entender que o novo hábito está “retirando a plenitude das nossas vidas”, emendou-se: desliga o aparelho sempre que entra em um taxi, impondo-se um limite para a digressão virtual e presenteando-se com o grande prazer perdido de observar e interagir com a vida real (e o motorista) enquanto passeia pela cidade.

Todos os sinais amarelos apontam para a necessidade de mudança de rota. Nessa via, seguir adiante sem uma parada técnica para reflexão, distanciamento crítico – e um pouco de silêncio interior – é correr rumo ao abismo.

Ou pode ser pior. E, quem sabe, até divertido, se pudermos imaginar uma fantasia de projeção darwiniana:

Da maneira como andam nossas interações sociais, nossa comunicação e nosso processo de busca de conhecimento – já não falamos, apenas digitamos, o raciocínio encurtado, embotado e preguiçoso porque nos habituamos a receber todas as informações em um flash instantâneo e absolutamente superficial – poderíamos projetar o homem dentro de alguns milhares (ou milhões) de anos como uma criatura sem fala (por absoluto desuso) e com imensos dedos (assim como os do ET, pelo absurdo excesso de demanda da era digital).

Teremos então finalmente chegado à próxima etapa da evolução: o homo sapiens terá dado lugar a uma nova criatura: muda, estúpida e de dedos enormes: o homo digiti – o ‘homem dedos’.

O detalhe é que escrevi em 2012, mas justamente isso é o que me impressionou: revendo aqui meus arquivos hoje, encontrei esse texto com incrível atualidade! Retiradas as referências históricas de citações da época, a análise permanece inteiramente presente e atual

Max Basile

Executivo internacional com mais de 25 anos no mercado de meios pagamento e serviços financeiros. Vivência em posições c-level em empresas líderes no segmento, com liderança de turn around e gestão de times de mais de 100 pessoas. Experiência de 6 anos nos eua e mais de 20 anos de liderança direta de negócios e parcerias na américa latina e europa. Exposição e reconhecimento global, locutor convidado frequente na latam, emea e apac sobre liderança e desenvolvimento de negócios nas áreas de pagamentos e financeiros.

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