Brasil

Um pouco do país que eu quero…

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Eu quero um país onde todas as pessoas tenham acesso à educação pública de qualidade, que lhes proporcionassem condições de sonhar alto. Onde professores sejam respeitados e sua carreira desejada. Onde educadores e autoridades tenham a ambição de ocupar as melhores posições nos rankings mundiais e não se contentem com a mediocridade. Não quero um país onde um terço da população é analfabeta funcional, nem que comemore avanços quase imperceptíveis. Eu quero um país onde a sociedade cobre as escolas, seus diretores e professores, por melhor qualidade de ensino. Eu quero um país onde a escola não seja simplesmente o local onde é oferecida merenda e nem se roube dinheiro destinado à educação, seu maior patrimônio. A ignorância é o maior gerador de desigualdade. Os ignorantes estão condenados a viver da boa vontade alheia. Eu quero um país sem ignorantes.

Eu quero um país onde saúde pública comece a ser discutida na prevenção de doenças, que proporcione saneamento básico a toda sua gente. Não quero um país onde metade dos domicílios não tenha acesso a esgoto e onde um problema dessa gravidade não seja pauta das campanhas eleitorais. Eu quero um país que proporcione perspectivas e condições de trabalho adequadas a todos os seus profissionais de saúde.

Eu quero um país onde a vida humana seja respeitada. Onde homicídios não sejam endêmicos. Onde gente de má índole se intimide a cometer crimes, por saber que a justiça não falhará, por ser ágil e rigorosa.

Eu quero um país onde as pessoas não visualizem no Estado a figura de um pai protetor, e que almejem estudar, crescer, produzir, inovar. Um país que zele pelo espírito coletivo sem esquecer os anseios individuais, onde os cidadãos tenham ciência de seus deveres e não somente reclamem os seus direitos.

Eu quero um país onde servidores públicos atuem como tal e não utilizem sua função como trampolim para enriquecimento pessoal. Eu quero um país onde público e privado não se misturem. Eu quero um país com pouquíssimas empresas estatais. E que elas não sejam tratadas como patrimônio de grupelhos corruptos.

Eu quero um país que deseje se tornar mais produtivo a cada dia e que faça desse objetivo uma obsessão.

Eu quero um país onde os políticos estejam próximos de seus eleitores e continuamente vigiados por eles. Um país com voto distrital. Eu quero um país com menos partidos e mais ideias, onde não houvesse reeleição para cargos executivos.

Eu quero um país com leis mais simples e claras, menos litigioso. Com mais engenheiros e menos advogados. Onde não haja a ilusão de que basta promulgar uma lei para se resolver um problema.

Eu quero um país onde honesto não seja sinônimo de otário. Onde corruptos passem vergonha e não sejam recebidos com tapinhas nas costas e admirados por suas virtudes. E sejam presos.

Eu quero um país que discuta seus problemas com transparência, onde o poder não seja um ‘fim’ e que perdê-lo não seja uma tragédia, mas parte de um saudável processo de alternância. Eu quero um país que não tolere bandidos, arruaceiros e criminosos de qualquer naipe. Eu quero um país que defenda o Estado democrático, a liberdade de expressão e repudie qualquer forma de totalitarismo e preconceito e que esses princípios conduzam sua política externa.

Eu quero um país mais pragmático, menos burocrático. Onde as pessoas possam confiar umas nas outras.

Eu quero esse país, mas tenho a sensação de que não terei o privilégio de vê-lo nessa vida. Quem sabe os meus bisnetos não consigam?

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Victor Loyola

Victor Loyola, engenheiro eletrônico que faz carreira no mercado financeiro, e que desde 2012 alimenta seu blog com textos sobre os mais diversos assuntos, agora incluído sob a plataforma do Boteco, cuja missão é disseminar boa leitura, tanto como informação, quanto opinião.

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