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Tokyo2020 será a olimpíada mais chocha de todos os tempos

Rio de Janeiro, 21 de agosto de 2016. Eu estava no Maracanã assistindo a cerimônia de encerramento da Olimpíada do Rio de Janeiro. Como já é tradição, teve uma parte em que abrem alguns minutos para que a próxima cidade-sede faça uma mini-apresentação promovendo a próxima edição dos jogos.

Assistindo o espetáculo high-tech ao vivo de música e dança, o vídeo promocional exibido no telão e a participação em pessoa de surpresa do primeiro-ministro japonês Shinzo Abe, vestido de Super-Mario, imediatamente tive a certeza que os jogos olímpicos de 2020 teriam uma organização impecável, seriam tecnicamente perfeitos, tudo funcionaria 100% corretamente. E, que não seria tão legal, divertida, simpática, acolhedora e alto-astral como tinha sido a olimpíada Rio2016.

Foi neste instante que eu comecei a Zicar a olímpiada de 2020!

Aliás, não consigo imaginar 2 cidades mais antagônicas no mundo do que Rio e Tóquio. Não deixa de ser uma ironia do destino justo esta sequência de sedes para os jogos.

Mas, precisamos voltar algumas casas pra contar o relato neste #tbt olímpico..

Flashback: Janeiro de 2016

Corta para 7 meses antes. O Brasil estava num tremendo baixo astral em relação à olimpíada. Provavelmente escaldados pelo 7a1 da Copa do Mundo de futebol 2 anos antes, ou observando as inúmeras obras de infraestrutura que foram prometidas como “legado” porém não entregues nas 12 sedes da competição, os brasileiros estavam pessimistas. As conversas giravam ao redor de temas como “passaríamos vergonha” perante o mundo inteiro ou “teria ataque terrorista” no Rio de Janeiro.

Eu estava exatamente o oposto disto: sou de São Paulo, e a idéia de uma olimpíada acontecendo a apenas 400 kms de onde moro era uma oportunidade daquelas que só acontecem uma vez na vida!

O problema era que a minha habitual falta de sorte continuava a mesma: Não tinha sido sorteado nas rodadas iniciais de venda de ingressos!

Finalmente, num dia em janeiro, recebo o e-mail do COI !
Não tinha conseguido ingressos para nenhuma das competições que tinha colocado como primeiras opções, mas não podia reclamar: podia comprar ingressos para as cerimônias no Maracanã, a de abertura e encerramento, que eram os 2 Golden Tickets que eu mais queria!

Meu planejamento era pegar a ponte aérea pro Rio nos 3 finais de semana da olimpíada e assistir competições ao longo das sextas até os domingos, espalhadas pelos diversos locais de competições pela cidade.

Reservei hospedagem em hotéis no Flamengo: pertinho do aeroporto, com estação de metrô, num ponto central tanto para acesso ao Parque Olímpico na Barra, como ao Maracanã no Centro, Lagoa Rodrigo de Freitas na zona sul, Engenhão na zona norte e Deodoro que fica… fica … bem, não tenho a menor idéia de como se chama aquela região.

Flashback: Metade do ano de 2016

A data de abertura dos jogos do Rio se aproximava. O país passou, daquele pessimismo de janeiro, para uma verdadeira panela de pressão, por conta do clima político polarizado durante o processo do impeachment da presidAnta Dilma que corria paralelamente. Achavam que a olimpíada seria a tempestade perfeita, que protestos violentos aconteceriam, que terroristas internacionais infiltrados como turistas sabotariam os jogos, além da nossa própria incompetência em organizar a competição.

Meus amigos se dividiam entre os que me achavam louco, por ir por vontade própria para aquela “zona de guerra”, e os que me achavam irresponsável, por levar minha filha de 7 anos junto…

E, agora, é o momento ideal para eu citar a primeira das referências importantes deste relato. Ricardo Freire, do site Viaje na Viagem, escreveu o seguinte, a respeito da Copa do Mundo de 2014:

” … a Copa foi um sucesso também. Isso não ficou evidente porque o 7×1 nos deixou apopléticos no final — e logo em seguida entramos nas eleições mais fratricidas de todos os tempos. Mas fomos anfitriões carismáticos, a aviação funcionou à perfeição, os visitantes se esbaldaram. Eu fui a favor da Copa desde o primeiro momento, por acreditar que seria uma oportunidade única para o turismo estrangeiro no Brasil pegar no tranco. Só que de nada adianta o motor pegar no tranco se não tiver gasolina no tanque. Ao não fazer nenhum follow-up de marketing promocional, o Brasil jogou fora um plano de mídia de R$ 8 bilhões (o custo dos estádios). Ficaram só os elefantes brancos do padrão Fifa de superfaturamento.

Copa e Olimpíada são ações de marketing!”

Uma diferença fundamental, entre Olimpíada e Copa do Mundo, é que, no caso da competição de futebol, o tal “Padrão FIFA” é um “me engana que eu gosto”. Na Copa 2014 foram 64 partidas de seleções de apenas 32 países, distribuidas ao longo de 1 mês, por 12 cidades. Foram prometidas inúmeras obras de infraestrutura que seriam o “legado” para o país. Muitas delas não foram entregues. E, na real, não fizeram falta: em um país como o Brasil, o que era necessário mesmo, para a Copa, era ter os estádios dentro do tal “Padrão FIFA” construídos ou reformados, um número acima do ideal (8) mas abaixo do que o governo federal na época desejava por motivos extra-e$portivo$ e não-republicano$ (16). Em termos de número de turistas e espectadores para assistir os jogos era algo que as sedes já estavam acostumadas a lidar em qualquer clássico regional de casa cheia. E, em termos de deslocamento, nada que feriados municipais nos dias dos jogos não resolvessem …

Já para uma olimpíada, a cidade-sede tem que fazer a lição de casa corretamente. São mais de 10 mil atletas de mais de 200 países, e outras dezenas de milhares de profissionais de imprensa , prestadores de serviços e voluntários, mais turistas, concentrados numa única cidade , circulando por dezenas de eventos diariamente. A capacidade hoteleira, de transporte urbano, aeroporto internacional, receptivo turístico, segurança, logística e infra-estrutura tem que dar conta de um estresse muito maior.

Além dessa parte, digamos, “tangível” da realização do evento, temos a parte intangível: o que um país ou cidade desejam ao sediar mega eventos como Copa ou Olimpíada. Vou novamente citar o Ricardo Freire, que cravou a explicação definitiva :

O governo vendeu à opinião pública a idéia de que a Copa e Olimpíada são eventos com “função social“. Não são. As obras feitas poderiam beneficiar o povo. Os eventos Copa e Olimpíada se justificariam como promoção comercial do Brasil. A seqüência 2014/2016 foi o mais espetacular plano de mídia já comprado por um país emergente desde o México de 1968/1970. O país estaria dois meses inteiros na tela das TVs do mundo, com muitos repiques ao longo dos dois anos, entrando no mapa de bilhões de pessoas que conhecem pouco ou nada de nós. Era uma oportunidade de ouro, prata e bronze, de um país cujas marcas e hábitos culturais são absolutamente desconhecidos, e cujo turismo internacional é pífio e está muitíssimo aquém das possibilidades, para conquistar corações, mentes e bolsos em escala mundial. As obras superfaturadas para sedia-los seria o preço a pagar por essa mídia que poucos já conseguiram “comprar” (e cujo preço é impossível estimar). Todos os anfitriões das últimas copas e olimpíadas se prepararam para mostrar ao mundo uma nova imagem de seus países e cidades. A Alemanha, em 2006, estendeu o tapete vermelho e se preocupou em ganhar o campeonato da hospitalidade, tornando-se um país mais quente e amigável aos olhos dos visitantes. A China usou a olimpíada de Pequim para se posicionar como nova potência mundial. A Africa do Sul fez da sua copa a vitrine de um país reunificado consigo mesmo. A olimpíada de Londres foi usada como gancho para uma campanha de rejuvenescimento da imagem do Reino Unido, de olho em fazer crescer o turismo no país como um todo.

Flashback: 7 de Julho, que comecem os Jogos!

E finalmente chegou o grande dia!
Pegamos a ponte aérea logo de manhã cedo para poder passear pela cidade, antes de ir à noite assistir a Cerimônia de Abertura no Maracanã.

Foi neste passeio pela cidade que deu para começar a vivenciar como a cidade se preparou para receber a olimpíada e como estava a atmosfera.

Fomos no recém inaugurado VLT-Veículo Leve sobre Trilho, um bonde high-tech que sai do aeroporto Santos Dumont e vai até a principal obra “não-esportiva” da cidade para os jogos, o chamado Porto Maravilha, a revitalização urbana da Região Portuária da cidade, que seria o coração turístico do evento, englobando atrações como o calçadão do Boulevard Olímpico, o Museu do Amanhã, o AquaRio, o mural Etnias, o MAR-Museu de Arte do Rio e a roda-gigante RioStar.

As pessoas estavam felizes. Um puta alto astral. Tanto dos moradores quanto dos turistas. Curtindo aquele momento único. O frisson de expectativa das últimas horas antes da abertura da primeira olimpíada no Brasil!

Cerimônia de Abertura:

Minha certeza que a cerimônia de abertura da olimpíada seria um evento bem sucedido é porque … ninguém faz festas melhores que os brasileiros!
Somos péssimos na administração do dia a dia. Mas, parecemos suíços na eficiência com que organizamos eventos especiais. Taí os desfiles de carnaval carioca de todos os anos pra comprovar meu ponto…

Só que nunca, nem nos meus sonhos mais otimistas, imaginava assistir ao vivo algo tão incrivel como foi aquela noite. Se você está aqui lendo este texto é porque deve ter assistido, ao menos pela TV. Te garanto: ao vivo foi ainda melhor! A sensação de estar numa arquibancada lotada, cercado por turistas de todos os países do planeta, e tendo orgulho, como brasileiro, do espetáculo que estava se desenrolando à nossa frente… é impagável!

A festa foi de uma concepção genial e realização impecável. Conseguiu transmitir, através do roteiro, da direção de arte, da música todos os principais valores e caracteristicas do brasileiro e do carioca.
Não foi tecnológica ou acrobática como as anteriores , de Londres e Pequim, mas mostrou todo o acolhimento, bom humor, espontaneidade, improviso e simpatia pelos quais os brasileiros são conhecidos no mundo. Não escondeu a principal mazela urbanística da cidade, as favelas, pelo contrario, as homenageou, na cenografia do palco. Usou e abusou do samba, do funk, do carnaval cariocas. Tom Jobim, Gil, Caetano e outros lembraram ao mundo a qualidade da nossa musica.

E, criou um novidade : a genial sacada do desfile das delegações por uma “avenida central”. Uma solução óbvia, inspirada nos desfiles das escolas no sambódromo, que substituiu a chatíssima volta olímpica feita até então. As bicicletas que puxavam o desfile de cada nova delegação era o símbolo do conceito de “gambiarra” que norteou o show.

O acendimento da pira olímpica é sempre o momento mais aguardado pela expectativa de como será feita e por quem.
O maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima foi o justo escolhido para acender a pira, mas confesso que o meu favorito para ter esta honra era o Pelé.
Já a escultura cinética criada pelo artista americano Anthony Howe, formada por centenas de esferas e pratos reflexivos impulsionados pelo vento, refletindo e potencializando o fogo ao girar em torno da chama olímpica, é simplesmente a mais formidável pira de todas as 32 edições dos Jogos da Era Moderna, desde Atenas em 1896.

A “Outra” Pira Olímpica:

Outra novidade no protocolo lançada pela anfitriã carioca.
Dentro do conceito de jogos mais inclusivos, foi a primeira edição com uma 2ª pira olímpica, com o mesmo conceito de escultura cinética da irmã maior dentro do Maracanã.

Esta segunda foi colocada em frente à igreja da Candelária, no Boulevard Olímpico, acessível à toda população da cidade, gratuitamente.

Parque Olímpico da Barra

O principal centro de competições para a Rio 2016 foi o Parque Olímpico, onde ficava o antigo autódromo de Jacarepaguá. Lá foram construídos os ginásios e arenas para abrigar a maior parte das competições de recinto fechado (uma exceção foi o vôlei, no ginásio do Maracanãzinho). Arquitetonicamente de muito bom gosto, com uso de materiais recicláveis e conceitos de sustentabilidade, planejada desmontagem e transformação futura em escolas, após os jogos, de algumas das instalações.

Porém, nada disso se confirmou e, infelizmente, o real “legado” dos bilhões de reais gastos nestas estruturas foi num elefante branco abandonado à beira da poluída e morta Lagoa de Jacarepaguá. A prometida despoluição das águas da Baía da Guanabara, não foi concretizada nem mesmo numa lagoa centenas de vezes menor e do lado do parque olímpico…
Durante a competição nota zero para os serviços de alimentação e bebidas, sombras inexistentes para enfrentar o veranico carioca naquela enorme área cimentada e uma menção desonrosa para o metrô não ter chegado até o parque olímpico, obrigando a fazer uma baldeação para um ônibus BRT no meio do caminho.

Lá no começo eu contei que não tinha sido sorteado para adquirir ingressos para nenhuma competição que tinha colocado como primeiras opções. Assim, acabei assistindo alguns esportes mais alternativos, como esgrima, ciclismo de velocidade e final do handebol feminino.

Confesso que teria me divertido mais vendo esses esportes pela TV e assistido ao vivo os jogos de tênis , natação com o Phelps ou basquete dos Estados Unidos.

Estádio Olímpico:

Só consegui ingressos para uma noite do atletismo no Engenhão que achei que seriam de provas finais sem tanto interesse .

Se dentro dos ginásios eu já sentia falta dos recursos da TV para acompanhar melhor o que assistia ao vivo, na imensidão do estádio olímpico o gap fica ainda maior. E era dificil conseguir enxergar direito as corridas, no lugar do estádio que fiquei.

Tanto que eu nem me dei conta que o brasileiro Thiago Braz estava saltando para o ouro bem na minha frente …

Deodoro:

Fui assistir provas de outros 2 esportes, canoagem slalom e hipismo, no Complexo Esportivo de Deodoro, uma antiga área de treinamento do exército na zona oeste do Rio, que foi cedida para ser sede de competições de hipismo, ciclismo mountain bike, ciclismo BMX, pentatlo moderno, tiro esportivo, canoagem slalom, hóquei sobre grama, rúgbi e basquete nos Jogos Olímpicos.

A promessa de “legado” era que, após os Jogos Olímpicos, o circuito de canoagem slalom e a pista de BMX fariam parte do Parque Radical, com 500 mil metros quadrados (menor apenas que o Aterro do Flamengo). Instalações esportivas teriam uso combinado, como Centro Olímpico de Treinamento (COT) de atletas de alto rendimento, e lazer para público em geral, em uma região com poucas opções para a prática de atividades ao ar livre e grande concentração de população jovem carente.

Aparentemente, por esta reportagem aqui e esta outra aqui, o local vem tendo utilização.

Os transportes:

Rio 2016 não foi perfeita. Aliás, teve muitos defeitos. Vários deles são a cara do Brasil.
Porém, fazendo justiça: o transporte público, que era o maior temor antes do início, funcionou exemplarmente. Os modais de transporte ( metrô, BRT, VLT, trens urbanos e barcas) não colapsaram e deram conta de atender todo o fluxo intenso , permitindo deslocamentos em tempo viável entre as áreas de competições. Foi viável, por exemplo, assistir competições no Parque Olímpico à tarde e atletismo no Engenhão à noite.
Foi a olimpíada possível, dentro de nossas limitações de país emergente.
E, todos que entraram neste clima, se divertiram.

Ao ar livre, de graça:

Os ingressos eram caríssimos, como esperado para o evento esportivo mais importante do mundo. Porém, o Rio proporcionou muitas oportunidades para não-pagantes também participarem da festa, seja visitando instalações espalhadas pela cidade ou assistindo algumas competições que aconteciam em espaços abertos, como as de vela na Baía da Guanabara (que, obviamente, não foi despoluída como prometido no caderno de encargos) , canoagem e remo na Lagoa Rodrigo de Freitas, maratonas no Aterro do Flamego e ciclismo de estrada em Jacarepaguá e Recreio dos Bandeirantes.

Cerimônia de Encerramento:

As cerimônias de encerramento costumam ser as primas pobres das de abertura.
Mas, no Rio, optou-se por uma abordagem que funcionou muito bem:
menos deslumbrante que a de abertura, mas muito mais emocionante. Enquanto a primeira concentrava-se na cultura carioca, esta era uma homenagem que passeava geograficamente pelas contribuições de brasileiros de todas as regiões. Foi uma festa com menos ênfase no visual e mais no musical.
E, ao final, entrou num clima de rave de música eletrônica, pros atletas se despedirem em grande estilo da festa olímpica.

Conclusão:

O que faz uma olimpíada ser o que é são … as pessoas!
Dois tipos de pessoas.
Os moradores da cidade-sede precisam estar contaminados pela alegria e orgulho de serem os anfitriões do maior evento do mundo.
Os turistas, de todos os países, tanto os muito distantes como os de populações muito pequenas, tem que aparecer, trazendo seu entusiasmo de terem feito uma jornada até lá e se sentirem acolhidos pelos locais.


Infelizmente, este é um dos motivos de eu ter cravado no título deste post que a olimpíada de Tóquio será chocha:
É porque, devido à pandemia, os turistas foram impedidos de ir até o Japão e, mesmo que tivessem ido, os moradores da cidade não os estariam recebendo com este acolhimento, devido ao temor de contágio.
Serão competições fechadas para o público, exclusivas pra TV, e isso será triste e melancólico.


A Eurocopa mostrou a importância dos torcedores nas arenas, o quanto eles são componente fundamental do espetáculo.
A olimpíada de Tóquio, que poderia ser a festa de comemoração do início do fim da pandemia, simbolicamente será uma metáfora que estamos ainda longe do fim do início do “Novo Normal”.


As famosas manifestações de congraçamento entre nações não irão rolar.
E, com isso , os anéis olímpicos não se unem…

O segundo motivo pra olimpíada que se inicia será chocha são os competidores .
Mas, não a maioria, e sim os favoritos para conquistar medalhas.

Marcelo Guterman publicou aqui no Papo de Boteco uma excelente análise econométrica sobre a olimpíada ( As chances do Brasil em Tóquio ). Finaliza com um gráfico da distribuição das medalhas de ouro olímpicas entre os países que participaram de cada Olimpíada, medida pelo índice de Gini.

O índice é próximo de 0,9 desde o final da 2ª Guerra (sendo que este índice mede quanto uma determinada distribuição se afasta da linear. Gini Ø é a distribuição perfeita, Gini 1 é a distribuição completamente imperfeita, ou seja, um único país vencendo todas as provas).

Os Jogos Olímpicos são uma festa para a qual todos são convidados (foram 207 países na última edição), mas somente alguns poucos se servem no bufê.

marcelo Guterman


O adiamento por 1 ano da competição prejudicou o treinamento desses atletas de elite, que fará com que esta olimpíada tenha o menor número de recordes sendo batidos, até porque a ausência de público nas arenas será desanimador e prejudicará a máxima performance dos competidores.


Também estamos numa entresafra das grandes nomes: Bolt, Phelps ou o Sir Mohamed Muktar Jama “Mo” Farah das fotos abaixo (venceu o bicampeonato olimpico dos 10.000m mesmo com uma queda durante a prova) se aposentaram. Vários dos melhores tenistas e jogadores de basquete na NBA já anunciaram que não participarão.

Perdem os japoneses, perdem os fãs de esportes pelo mundo, perdem os atletas, perdem os organizadores e perdem também os patrocinadores. Vários deles já anunciaram que não farão ações de ativação de patrocínio, devido à rejeição dos jogos junto a população japonesa e por acharem não conveniente em países que sofrem com altos índices de casos e óbitos pela covid19. Os que decidiram manter, adaptaram suas mensagens para passar exemplos de superação, mais em concordância com o zeitgeist de 2021.

Na Rio2016 o Brasil foi tão ruim de marketing de turismo que não aproveitou sequer que a cidade do Rio de Janeiro foi invadida por 400.000 estrangeiros para fazer propaganda de outros destinos brasileiros. A Argentina, espertamente, monopolizou com sua publicidade o transporte público e luminosos de rua cariocas com uma excelente campanha, em que se mostrava um país lindo e diverso para se viajar.

E, por mais que o lema olímpico cunhado pelo barão Pierre de Coubertin se se mantenha eterno, nós gostamos mesmo, assim como os gregos da antiguidade, é de ir assistir e torcer pelos grandes vencedores.

Gui

Sou o Gui. Fiz arquitetura, pós em marketing, MBA em comércio eletrônico. Desde criança , quando adorava ler Julio Verne, eu gosto de explorar, descobrir novidades. Aqui no Papodeboteco vou conversar contigo sobre descobrir como podemos explorar nosso tempo livre.

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3 Comentários

  1. Sensacional ! Um “passeio” pela olimpíada de 2016. Uma pena que a pandemia faça chocha a olimpíada de 2021.

  2. Um texto verdadeiro – e que, por isso mesmo, me dá raiva: como o Brasil não consegue entender o significado de oportunidades como essas, e que elas não tem nada a ver com política, mas com “aproveitar uma chance”.

    Hoje o Brasil é uma desgraça diante do mundo – mas, num paradoxo, mostra sua verdadeira face (e está satisfeito com isso). Pena.

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