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Vamos sair da toca?

Às 16:00 de 31 de agosto completamos 66,666% de 2020.

Nunca um ano esteve tão atrelado à matemática como este, em que diariamente milhões de pessoas pelo mundo acompanham as estatísticas da covid19.

O isolamento social que estamos vivendo vai contra nossa biologia. Nós, humanos , somos animais gregários por natureza.

A história nos levou a vivermos agrupados em cidades , nossos instintos nos faz procurar e gostar de atividades em grupo, seja num concerto de rock, num jogo de futebol, num bar com os amigos, numa estreia de blockbuster no cinema.

E você , já decidiu como irá retomar sua vida pós-quarentena e usar seu tempo livre fora de casa neste 1/3 que resta, com a queda dos indicadores críticos da pandemia levando ao relaxamento das restrições cada vez mais?

Cada um de nós tem seu ritmo , vai fazer isso de um jeito diferente.

No milênio passado, um psicólogo chamado Everett Rogers criou um conceito chamado “Curva de Adoção” . Ele descreveu como 5 perfis diferentes de pessoas adotam um novo comportamento em determinado tempo em relação às outras.

Aposto que você vai se identificar com algum desses que vou descrever.

2,5 % das pessoas são os “Entusiastas”. São os primeiros a aproveitar a reabertura dos restaurantes , academias com horário marcado para treino, se hospedar em pousadas e hoteis reabertos para poucos hóspedes, pegar praia . Gostam de estar na vanguarda, aceitam correr riscos , mesmo com toda a incerteza deste pioneirismo. Esses nem se importaram em saber os detalhes da reabertura, já foram correndo aproveitar.

O grupo seguinte são os 13,5 % de “Visionários”. Se parecem com o anterior, mas tem um pouco mais de “pé no chão”. Esperaram os primeiros dias da reabertura , para observar como as coisas estavam acontecendo, se os protocolos de segurança estavam mesmo sendo seguidos, se não estava rolando aglomeração de pessoas sem noção, selecionando quais lugares valia a pena voltar , mesmo com o incômodo das restrições e quais não compensavam.

A soma desses dois, desculpe o marketês, vamos chamar de “mercado Inicial” . Os outros 3 que virão a seguir é o “mercado principal”. Entre eles, existe uma lacuna chamada “o abismo”. Guarde este nome, é sobre ele que quero conversar no final, porque é o motivo principal deste texto.

O mercado principal é a maioria das pessoas. Os “pragmáticos” são os 34 % iniciais. Eles não correm riscos desnecessários. Vão observar o comportamento dos dois primeiros grupos , ver se é seguro ou não, se os números da epidemia pioraram ou se mantiveram apesar da reabertura e passarão a frequentar os lugares quando se sentirem realmente com uma segurança razoável.

A outra metade da maioria são os “conservadores”. Estes são os mais resistentes . Dificilmente sairão por vontade própria. Provavelmente só irão “arrastados”, por influência dos familiares ou amigos, para programas fora de casa.

Finalmente, os 16% finais são o oposto do primeiro grupo. Os “céticos” provavelmente só terão segurança de sair de casa por opção própria, pra lazer, após serem vacinados.

Existe esta diferença entre os tipos de comportamento das pessoas e com isso , nestes tempos de polarização, rolam críticas ao comportamento de parte a parte.

Os 16% iniciais são considerados imprudentes e irresponsáveis pelos céticos do outro lado que por sua vez são chamados de alarmistas pelos primeiros , e os 68% da maioria ficam no meio do caminho neste cabo de guerra, pendendo para um lado ou pro outro.

Só que, o que é importante, e eles nem percebem, é que um grupo depende do outro!

A minoria que encara a reabertura logo no início, deve agradecer ao grau de exigência e ceticismo da maioria, toda a segurança que os lugares foram obrigados a seguir para reabrirem.

E, a maioria que vêm depois usufrui do pioneirismo dos que foram cobaias no início, que proporcionou o ajuste fino e a comprovação que a vida pode sim ser retomada, gradualmente, com segurança.

Aquele “Abismo” só é ultrapassado pelos restaurantes, bares, shoppings, clubes, companhias aéreas, hotéis e destinos turísticos que conseguem entender esta dinâmica e conciliar e atender a essas demandas tão diferentes.

É esta diferença que enriquece , que aprimora, que resulta nas melhores soluções para conseguir dar conta de agradar a tantas expectativas diferentes.

Nós, como sociedade, somos a soma de pessoas diferentes. E esta diferença não precisa ser motivo para divisões. Subtraindo o que temos de diferente, multiplicamos o resultado para melhor.

E você, conte pra mim com qual dos 5 tipos você se identificou?

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Gui

Sou o Gui. Fiz arquitetura, pós em marketing, MBA em comércio eletrônico. Desde criança , quando adorava ler Julio Verne, eu gosto de explorar, descobrir novidades. Aqui no Papodeboteco vou conversar contigo sobre descobrir como podemos explorar nosso tempo livre.

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4 Comentários

  1. Boa reflexão. Nos resta tentar adivinhar a largura do chasm… e pensar se vamos ter sobreposição de 2 curvas, com um novo fechamento causado por uma segunda onda…

  2. Um artigo muito interessante nesse período em que se discute diversidade e como perfis diferentes geram resultados coletivamente melhores. Super legal! Nao conhecia! Embora tenha um um pé enorme na suposição de racionalidade. Há teorias de comportamento de manada q tb podem explicar mais o q está gerando essa segunda onda…, nesse caso do COVID, as pessoas assumiram perfis mais ousados pelo cansaço e porque um número “x” de pessoas começou a ousar, aí começou a invasão das praias… (aqui e aí) As “preferências” e perfis , no meio do caminho, devem ter mudado pro “viés” entusiasta … aí tá dando “xabu” e ja já o viés muda de novo, modo pânico… O resultado se aplicado essa teoria é menos ótimo coletivamente q no seu cenário. Concorda?

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