Opinião

O que aconteceu com o NOVO?

O resultado dessa eleição foi pra lá de decepcionante para o partido e seus apoiadores. A bancada federal de 8 foi reduzida a 3 deputados (destacados na foto). E apenas 4 deputados estaduais foram eleitos.

A lógica nos levaria a crer que uma bancada que faz um trabalho de excelência, não teve qualquer envolvimento em corrupção, foi a mais econômica da Câmara e votou sempre de forma responsável e coerente com princípios liberais teria tudo pra crescer e florescer.

Não foi o que aconteceu. Procurando um pouco de lógica nisso tudo, arrisco alguns palpites para tentar explicar o estrondoso fracasso do NOVO nas urnas:

1- O partido confiou demais na sua marca, achando que poderia dispensar da eleição legislativa nomes de peso como Vinicius Poit em SP, Tiago Mitraud em MG e Paulo Ganime no RJ. Esses deputados federais partiram pra eleição ao executivo, com baixíssimas chances de vitória. Os nomes acabaram fazendo falta. Minas e Rio ficaram sem representante e a bancada de São Paulo minguou de 3 pra 1.

Lição # 1: brasileiro vota em pessoas, não em partidos. Não dispense antes da hora seus candidatos mais proeminentes.

2- Fator Amoedo. Um dos principais fundadores e nome mais conhecido do NOVO, João Amoedo saiu num ataque desenfreado ao presidente, por vezes com razão, por vezes com certa obsessão, o que algumas pessoas classificaram como “anti-bolsonarismo psicótico”. Mas tem um problema. Ele se lançou ao ataque em carreira solo e esqueceu de combinar com os coleguinhas de partido. Muita gente achou que criticar Bolsonaro dia sim, dia também por cada palavra que ele dizia, mesmo que tosca (como de costume) era uma estratégia contraprodutiva. O partido rachou. Amoedo acabou sendo chutado pra fora da liderança, mas o estrago já havia sido feito.

Lição # 2: líderes de uma instituição precisam se trancar numa salinha, discutir, quebrar pau se necessário e saír de lá todos alinhados em uma única direção.

3- A polarização da eleição presidencial refletiu na eleição legislativa e arrebentou com o NOVO. Esse pra mim foi o fator principal. Os eleitores do Lula já não votam no NOVO por motivos óbvios: o partido prega todo contrário do que a esquerda defende. E aos eleitores do JB, muitos dos quais apoiam as pautas do NOVO, não bastava votar no presidente, quiseram votar em peso no partido do presidente também. O PL fez a maior bancada partidária da Câmara desde 1989. E por algum motivo, o NOVO não conseguiu se apresentar como uma opção melhor para representar a direita liberal. Talvez não tenha ficado claro pro eleitor a que time o NOVO pertence.

Lição # 3: deixar claras suas bandeiras e posicionamento ideológico. Não ter medo de se declarar abertamente liberal, de direita. Só ser contra fundão, não ganha eleição.

Enfim, deixamos de reeleger Alexis, um profundo conhecedor da área tributária, Marina Helena, uma gabaritada economista, Monica Rosemberg, especialista em combate à corrupção, Fernando Holiday, entre vários outros candidatos extremamente qualificados. Por outro lado, reelegemos pela 4a vez Tiririca, um palhaço que não entende nada de nada, um monte de candidatos X do PL, de qualificação e posicionamentos duvidosos, além de várias tranqueiras que Boulos arrastou com ele pro Congresso. Mas tivemos alguns avanços também. Essa parte fica pra outro dia.

Em relação ao NOVO, uma pena. Mais do que o partido, perde o Brasil. Agora é preciso recolher os cacos e decidir o que será feito daqui pra frente.

Tatiana Poroger

Tatiana Poroger

Paulistana, graduada em administração de empresas pela Pace University NY, trabalhou no mercado financeiro, em gestão de educação e na área comercial, até se descobrir no marketing digital, onde atua até hoje. É também ativista política, colaboradora do Ranking dos Políticos, além de curiosa e palpiteira.

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