Opinião

A Guerra na Ucrânia – Capítulo 1: Introdução, Linha do Tempo e Referências

Motivação e capítulos

A ideia inicial dessa série era ser apenas um artigo para rebater um documentário produzido pelo Brasil Paralelo, “A Face Oculta de Zelensky”, que enquadra o presidente da Ucrânia como o culpado pela guerra em seu país. Segundo a narrativa do documentário, no final de 2019, Zelensky, pressionado por grupos nacionalistas nazistas, não teria dado continuidade a um acordo com Putin, que já havia sinalizado o fim dos movimentos separatistas da região do Donbas. A partir daí, continua a narrativa, Zelensky foi endurecendo cada vez mais, e foi questão de tempo para que Putin decidisse invadir a Ucrânia. O documentário vai além, insinuando que, para Zelensky, interessa que a guerra continue indefinidamente, pois assim, pode exercer seus poderes ditatoriais “legalmente”.

Comecei a pesquisar em materiais da época, para entender melhor a dinâmica dos acontecimentos. E, como tudo em história, uma coisa puxa a outra e, se não tomamos cuidado, a coisa termina em Adão e Eva. Assim, decidi colocar o início dos acontecimentos no referendo de independência, em 1991, que marca o início política da Ucrânia moderna.

Depois que comecei a escrever o artigo, percebi que estava ficando muito longo. Decidi, então, dividir em capítulos, e o artigo transformou-se nesta série. Os capítulos serão os seguintes:

  1. Introdução, linha do tempo e referências: este capítulo inicial servirá como uma referência para os próximos.
  2. Demografia e economia da Ucrânia: para entender os acontecimentos que se desenvolvem atualmente, é essencial termos ao menos uma ideia do terreno onde pisamos.
  3. Os referendos e as eleições presidenciais: entender a dinâmica das diversas eleições ao longo do tempo nos permite entender os movimentos da opinião pública ucraniana.
  4. A Revolução Laranja e a Euromaidan: o que nos dizem as revoltas populares a respeito dos ucranianos.
  5. O “neonazismo” ucraniano: a influência da extrema-direita na política ucraniana.
  6. O anschluss russo: a dinâmica de anexação de territórios de países vizinhos.
  7. A Rússia e a OTAN: a história da relação tumultuada entre a Rússia e a Aliança militar ocidental.
  8. Os acordos de Minsk: uma tentativa de entender porque os acordos de paz não funcionaram para evitar a guerra.
  9. Quem é Volodymyr Zelensky: uma análise do atual presidente da Ucrânia.

Linha do tempo

Colocar os eventos em uma linha do tempo é útil para relacionar eventos que parecem não ter relação entre si.

Década de 1990

19/ago/1991: tentativa frustrada de golpe de Estado contra Boris Yeltsin na União Soviética.

24/ago/1991: o Soviete Supremo da Ucrânia aprova a Declaração de Independência por 326 votos a 2, com uma abstenção. No mesmo dia, o parlamento ucraniano aprova a independência por 346 votos contra um, com 3 abstenções, e convoca um referendo para o dia 1º de dezembro. A declaração faz menção à tradição milenar do Estado ucraniano e à indivisibilidade e inviolabilidade do território do País.

01/dez/1991: a independência da Ucrânia é aprovada em referendo popular por 92,3% dos votos válidos e comparecimento de 84,2% da população. Mesmo as províncias mais russófonas votaram em peso pela independência.

01/dez/1991: no mesmo dia do referendo, os ucranianos elegem o seu primeiro presidente, Leonid Kravchuk, que vence no primeiro turno com 61,6% dos votos válidos. Kravchuk era o presidente do Soviete Supremo da Ucrânia até a sua dissolução, e havia atuado como presidente interino desde a declaração de independência até as eleições.

02/dez/1991: Boris Yeltsin, em uma declaração a uma emissora de TV, reconhece a independência da Ucrânia. Oficialmente, o parlamento russo reconheceria o novo País em 12/dez/1991.

08/dez/1991: assinado o Acordo de Belovezha pela Rússia, Ucrânia e Bielorrússia, que estabelece o Commonwealth Independent States (CIS) no lugar da antiga União Soviética. No seu artigo 5, o Acordo determina o “reconhecimento e o respeito à inviolabilidade e à integridade territorial de seus signatários”.

26/dez/1991: a União Soviética é oficialmente dissolvida.

22/jan/1993: os estatutos do CIS são aprovados sem a assinatura da Ucrânia.

10/jul/1994: Leonid Kushma é eleito o 2º presidente da República da Ucrânia, vencendo o incumbente, Leonid Kravchuk, por 53,6% a 46,4% no 2º turno, recebendo a maior parte de seus votos das províncias do Leste, de maioria étnica russa.

05/dez/1994: assinado o Memorando de Budapeste, em que Ucrânia, Bielorrússia e Kazaquistão aderem ao Pacto de Não-Proliferação Nuclear, abrindo mão das armas nucleares herdadas da antiga União Soviética. Em troca, recebem várias garantias por parte da Rússia, EUA e Grã-Bretanha, inclusive, de respeito às fronteiras reconhecidas.

31/mai/1997: assinado o Tratado de Amizade, Cooperação e Parceria entre Rússia e Ucrânia, estabelecendo uma parceria estratégica entre os dois países e reafirmando o respeito pela integridade territorial de ambos os países.

12/mar/1999: Rep. Tcheca, Hungria e Polônia tornam-se membros da OTAN.

14/nov/1999: o presidente Leonid Kushma é reeleito no 2º turno por grande margem (59,8% contra 40,2%) contra o seu adversário, Petro Symonenko. Ao contrário de sua primeira eleição, Kushma recebeu mais votos das províncias do Oeste, perdendo em Donetsk e Crimeia, províncias onde tinha vencido com facilidade 5 anos antes.

31/dez/1999: Boris Yeltsin renuncia ao governo da Rússia, sendo sucedido interinamente pelo seu primeiro-ministro, Vladimir Putin.

Década de 2000

26/mar/2000: Vladimir Putin é eleito, pela primeira vez, presidente da Rússia, com 53% dos votos no 1º turno.

28/mai/2002: É assinada a Declaração de Roma, em que se estabelece o Conselho OTAN-Rússia (NRC), um fórum de cooperação em que a Rússia entrava como um parceiro em igualdade de condições com os outros membros da OTAN.

02/nov/2003: depois de eleições parlamentares fraudadas, a oposição lidera o que ficou conhecida como “Revolução Rosa” na Georgia, que depõe o presidente pró-Rússia. É considerada a precursora da “Revolução Laranja” na Ucrânia pela mesma razão e com os mesmos efeitos.

14/mar/2004: Vladimir Putin é reeleito presidente da Rússia com 71,3% dos votos.

29/mar/2004: Estônia, Lituânia, Letônia, Bulgária, Romênia, Eslováquia e Eslovênia aderem oficialmente à OTAN.

03/set/2004: um ataque terrorista checheno em uma escola de Beslan, cidade na fronteira com a Georgia, mata mais de 500 pessoas, inclusive crianças. Putin dirá que “nós nos mostramos fracos, e os fracos são abatidos”.

21/nov/2004: Viktor Yanukovych vence o 2º turno das eleições por 51,5% a 48,5% contra Viktor Yushchenko. Os votos de Yanukovych vieram principalmente das províncias russófonas do Leste. Assim que os resultados são anunciados, uma onda de protestos contra fraudes nas eleições toma conta do país, na chamada “Revolução Laranja”, pois seus adeptos usavam laços cor-de-laranja.

03/dez/2004: a Suprema Corte ucraniana anula o 2º turno das eleições, e marca uma nova votação para o dia 26/12.

26/dez/2004: Viktor Yushchenko vence o novo 2º turno das eleições contra Viktor Yanukovych, por 54,1% a 45,9%, recebendo votos principalmente das províncias do Oeste.

02/mar/2008: Dmitri Medvedev é eleito presidente da Rússia, para suceder a Vladimir Putin, com 70,3% dos votos. Putin é “escolhido” como primeiro-ministro pelo presidente eleito Dmitri Medvedev.

07/ago/2008: o Kremlin ordena a invasão da Georgia, nas regiões da Abkhazia e Ossetia do Sul.

01/abr/2009: Albânia e Croácia tornam-se membros da OTAN.

Década de 2010

07/fev/2010: em um 2º turno apertado, o candidato pró-Rússia Viktor Yanukovych, que havia vencido as eleições anteriores, mas teve o resultado anulado pela Suprema Corte, vence a candidata pró-Europa Yulia Tymoshenko, por 51,8% a 48,2%. Como na eleição anterior, Yanukovych tem a maior parte de seus votos vindos das províncias do Leste.

11/out/2011: Yulia Tymoshenko é sentenciada e presa em um processo anticorrupção. Os países do Ocidente condenam a prisão da principal líder da oposição.

04/mar/2012: Vladimir Putin é eleito presidente da Rússia com 63,6% dos votos para suceder a Dmitri Medvedev.

30/mar/2012: os termos de um futuro Acordo de Associação entre a Ucrânia e a União Europeia são finalizados.

21/nov/2013: o presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, anuncia que o País não iria assinar o acordo de cooperação comercial com União Europeia, que iria ser assinado uma semana depois. Começam os protestos populares contra a decisão.

30/nov/2013: pela primeira vez, a polícia reprime violentamente os protestos. A partir de então, as manifestações ganham volume.

11/dez/2013: a polícia tenta esvaziar a Praça da Independência com violência.

17/dez/2013: Putin assina um acordo com o presidente Yanukovych, comprando $15 bilhões da dívida externa ucraniana e baixando o preço do gás em um terço.

07/fev/2014: tem início as Olímpiadas de Inverno de Sochi, Rússia.

18-20/fev/2014: a repressão aos protestos atinge o ápice da violência, até que, no dia 20, snipers atiram nos manifestantes reunidos na Euromaidan, precipitando a perda de legitimidade do governo Yanukovich.

22/fev/2014: o congresso ucraniano vota unanimemente pela destituição de Yanukovych, que foge para a Rússia. Oleksandr Turchynov, presidente do Congresso, assume como presidente interino até que novas eleições possam ser organizadas (a próxima oficial seria no início de 2015).

23/fev/2014: o parlamento vota o fim do russo como 2ª língua do país, causando uma onda de revolta nas províncias pró-Rússia. A votação foi cancelada dias depois.

23/fev/2014: encerramento das Olímpiadas de Inverno de Sochi, Rússia.

27/fev/2014: a Rússia dá início à invasão da Crimeia.

18/mar/2014: Putin assina decreto absorvendo a Crimeia como parte da Rússia.

21/mar/2014: Ucrânia e União Europeia assinam um Acordo de Associação (Association Agreement), aquele mesmo que o ex-presidente Yanukovich se recusou a assinar.

07/abr/2014: manifestantes começam a ocupar prédios do governo em Donetsk e Luhansk.

15/abr/2014: o presidente em exercício, Olexander Turchynov, anuncia o início da “Operação Anti-Terrorismo” (ATO, na sigla em inglês) contra os separatistas pró-Rússia.

17/abr/2014: os chanceleres de Rússia, Ucrânia, EUA e UE se reúnem em Genebra e entram em um acordo para desescalar a crise no Leste. A Rússia afirma que a crise deve ser resolvida pelos ucranianos, e sugere que “mudanças constitucionais devem começar”, supostamente para dar autonomia a essas duas províncias.

11/mai/2014: os separatistas declaram a independência de Donetsk e Luhansk após referendos não reconhecidos pela comunidade internacional.

25/mai/2014: as eleições ucranianas (antecipadas) são vencidas no 1º turno por Petro Poroshenko (55,5%), seguido por Yulia Tymoshenko (13,0%) e Oleh Liashko (8,4%). O comparecimento nas províncias ocupadas do Leste é muito baixo.

05/jul/2014: as forças ucranianas retomam a cidade de Sloviansk das mãos dos rebeldes. A retomada de Donetsk parece ser o próximo passo.

17/jul/2014: um voo da Malaysia Airlines que vinha de Amsterdam com 298 passageiros e tripulantes é derrubado pelos separatistas.

14/ago/2014: tem início uma “invasão furtiva” do Donbas por tropas russas.

26/ago/2014: 4 militares russos são capturados pelas forças ucranianas em território ucraniano, evidenciando o envolvimento da Rússia no conflito. O Kremlin afirma que os militares atravessaram a fronteira “por acidente”.

03/set/2014: pressionado pela ofensiva russa, Petro Poroshenko anuncia que chegou a um acordo de cessar-fogo com Vladimir Putin. O Kremlin nega, afirmando cinicamente que, não sendo parte no conflito, não pode entrar um acordo de cessar-fogo.

05/set/2014: Ucrânia e Rússia assinam o primeiro Acordo de Minsk, na capital da Bielorrússia.

03/nov/2014: separatistas elegem novos líderes das autodenominadas Repúblicas Populares de Donetsk e Luhansk em eleições apoiadas pela Rússia e contestadas pela Ucrânia e pelo Ocidente como uma quebra do acordo de Minsk. Alexander Zakharchenko é eleito o primeiro-ministro de Donetsk, e Igor Plotnitsky o primeiro-ministro de Luhansk.

12/fev/2015: o Acordo de Minsk II é assinado por representantes da Rússia, Ucrânia e OSCE, depois que o primeiro não surtiu os efeitos desejados.

16/nov/2015: vai ao ar o primeiro episódio da série Servo do Povo, estrelado por Volodymir Zelensky.

18/fev/2017: o Kremlin decide reconhecer documentos emitidos pelas autoridades rebeldes de Donetsk e Lugansk.

05/jun/2017: Montenegro torna-se membro da OTAN.

24/nov/2017: o líder separatista de Luhansk, Igor Plotisky, é deposto em golpe patrocinado por forças leais ao líder separatista de Donetsk, Alexander Zakharchenko. A República Independente de Luhansk é assumida por Leonid Pasechnik, um oficial de carreira ligado ao FSB, o órgão de inteligência russo.

30/nov/2017: Zelensky anuncia o fim de uma série chamada Matchmakers, que ele produzia na estúdio Kvartal 95, depois que o governo ucraniano impediu o ator russo Fyodor Dobroravov, protagonista da série, de entrar no país.

03/dez/2017: o estúdio Kvartal 95, produtora de Zelenksy, inclusive da série Servo do Povoregistra um partido com o mesmo nome.

22/dez/2017: a administração Trump permite, pela primeira vez, a venda de armas letais para a Ucrânia, revertendo uma orientação da administração Obama. No caso, foram fornecidos mísseis anti-tanques Javelin.

28/fev/2018: a Suprema Corte da Ucrânia entende como inconstitucional uma lei de 2012 que permitia o uso do russo em cortes, escolas e repartições públicas.

18/mar/2018: Vladimir Putin é reeleito presidente da Rússia com 76,7% dos votos.

30/abr/2018: a Operação Anti-Terrorismo (ATO) é substituída pela Operação Forças Conjuntas (JFO) no combate aos separatistas. A diferença é que, a partir de agora, as operações são comandadas pelas Forças Armadas, ao invés das Forças de Segurança Interna. O conceito é de que o inimigo não são os separatistas (considerados terroristas), mas a própria Rússia.

31/ago/2018: Alexander Zakharchenko, líder separatista de Donetsk, é assassinado em um atentado a bomba. Assume o seu lugar Denis Pushilin, ligado a Vladislav Surkov, ponto de contato entre o Kremlin e os separatistas.

22/nov/2018: o presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, envia ao Congresso um projeto de emenda à Constituição que prevê a adesão à União Europeia e à OTAN como objetivos estratégicos do país.

31/dez/2018: Volodymyr Zelensky anuncia sua candidatura à presidência nas eleições do ano seguinte.

06/jan/2019: O Patriarca Ecumênico de Constantinopla, a principal autoridade do cristianismo ortodoxo, reconhece a independência da Igreja Ortodoxa Ucraniana, separando-a formalmente da Igreja Ortodoxa Russa, que mantém laços estreitos com o Kremlin e supervisionava a Igreja Ucraniana há séculos. Putin acusa os Estados Unidos de estar por trás do movimento.

07/fev/2019: o parlamento ucraniano aprova emenda à Constituição que coloca a adesão à União Europeia e à OTAN como objetivos estratégicos do país.

31/mar/2019: 1º turno das eleições nacionais. Volodymyr Zelensky tem 30,2% dos votos, Petro Poroshenko (o incumbente) tem 16,0%, Julya Tymoshenko tem 13,6% e Yurly Boyko (candidato pró-Rússia) obtém 11,8% dos votos.

21/abr/2019: 2º turno das eleições nacionais. Zelensky vence as eleições com 73,0% dos votos. Suas maiores votações ocorreram justamente nas províncias mais russófonas do Leste e do Sul do país.

24/abr/2019: o Kremlin publica o decreto no 183, que permite um fast track para a naturalização de ucranianos que vivem nas áreas dominadas pelos separatistas, diminuindo de 8 anos para 3 meses o tempo necessário para os trâmites. Os documentos necessários são as identidades emitidas pelas autoridades separatistas.

29/abr/2019: o Kremlin estende o direito para aqueles que residiam nessas regiões antes de abril de 2014 e que possuem documentos que lhes permitem ficar em território russo.

14/jul/2019: protestos começam a tomar as ruas de Moscou contra a interferência de Putin nas eleições municipais.

17/jul/2019: o direito de obtenção do passaporte russo é estendido para todos os habitantes da região do Donbas, mesmo aquelas partes controladas pelo governo ucraniano.

21/jul/2019: o partido de Zelensky vence as eleições parlamentares, com os deputados de seu partido levando 43% das cadeiras, enquanto o partido pró-Rússia – For Life – ganha apenas 13%. O parlamento teve renovação de nada menos que 80% das cadeiras, em uma demonstração da insatisfação da população com a elite política local.

25/jul/2019: em um telefonema, Trump pede um “favor” ao presidente ucraniano: uma investigação sobre os negócios do filho de Joe Biden, Hunter Biden, na Ucrânia. Este telefonema seria usado como base para o processo de impeachment de Trump, em dezembro.

08/set/2019: o partido de Putin é derrotado nas eleições municipais em várias cidades importantes, incluindo Moscou.

24/set/2019: a presidente do Câmara, a democrata Nancy Pelosi, anuncia que a Câmara começará os procedimentos de impeachment de Donald Trump por conta de um telefonema de 25/07/2019 em que Trump pede a Zelensky que investigue o filho de Biden.

25/set/2019: primeiro encontro oficial entre Zelensky e Trump, na Assembleia Geral da ONU.

01/out/2019: Zelensky anuncia que a Ucrânia assinou a sua concordância com a Fórmula Steinmeier para a implementação do Acordo de Minsk II, o que significa permitir eleições nos territórios ocupados e, se forem consideradas limpas, a devolução do controle da fronteira para Kiev com a retirada das forças russas do território ucraniano.

09/dez/2019: reunião de cúpula em Paris, entre Zelensky, Putin, Merkel e Macron. Muito pouco se avança.

09/dez/2019: a Agência Mundial Anti-Doping bane a Rússia por 4 anos de todas as competições olímpicas sob acusação de doping sistêmico.

Década de 2020

27/mar/2020: a Macedônia do Norte torna-se membro da OTAN.

12/jun/2020: a OTAN reconhece a Ucrânia como um “Enhanced Opportunities Partner”, juntando-se a Austrália, Finlândia, Georgia, Jordânia e Suécia como país com esse status.

04/jul/2020: a Constituição da Rússia recebe uma emenda sob medida para que Putin possa concorrer a mais dois mandatos consecutivos, além deste que está exercendo no momento. Com isso, Putin pode ficar no poder até 2036.

20/ago/2020: Alexei Nalvany, opositor de Putin, é envenenado.

14/set/2020: o governo ucraniano aprova a nova Estratégia Nacional de Segurança, que prevê as condições para uma parceria com a OTAN, com o objetivo de uma futura admissão à Aliança.

18/jan/2021: Alexei Nalvany é preso pelo governo russo para nunca mais ser libertado até a sua morte, em fev/2024.

02/fev/2021: o governo de Zelensky fecha três canais de TV pró-Rússia: ZIK, NewsOne e 112 Ukraine, supostamente pertencentes a Viktor Medvedchuk, o aliado mais proeminente do Kremlin na Ucrânia. Putin é padrinho de casamento da filha de Medvedchuk.

20/fev/2021: o governo de Zelenskyy impõe sanções a vários políticos ucranianos com laços estreitos com o presidente russo Putin, incluindo Viktor Medvedchuk.

14/abr/2021: o ministro da defesa da Ucrânia, Andrii Taran, afirma que 110.000 soldados russos estão se concentrando na fronteira em 56 grupos táticos do tamanho de um batalhão, citando as últimas informações da inteligência de Kiev.

14/mai/2021: Viktor Medvedchuk, aliado de Putin na Ucrânia, é preso pelo governo ucraniano sob acusação de traição, por ter supostamente usado recursos de suas empresas para financiar os separatistas.

19/mai/2021: o governo Biden levanta as sanções impostas pelo governo americano à construção do Nord Stream 2, o gasoduto sob o Mar Báltico, como uma política de boa vizinhança com o governo alemão.

16/jun/2021: Biden se encontra com Putin em Genebra.

23/jun/2021: a Rússia atira em um destroyer britânico no Mar Negro, que passou próximo da Crimeia.

12/jul/2021: Putin escreve um longo artigo, intitulado “Sobre a Histórica Unidade de Russos e Ucranianos”, defendendo que a Ucrânia sempre fez parte da Rússia.

07/dez/2021: em teleconferência entre Biden e Putin, o presidente americano deixou claro para o seu par russo as consequências de uma guerra na Ucrânia.

23/dez/2021: em uma conferência de imprensa com jornalistas russos, Putin afirma que os Estados Unidos querem a guerra.

10 a 13/jan/2022: Putin faz um périplo: conversa com Biden em Genebra, participa de uma reunião no Conselho OTAN-Rússia e de uma reunião na OSCE. As demandas de Putin: 1) que a OTAN renuncie a qualquer expansão adicional, não somente na Ucrânia ou Georgia; 2) os EUA devem abrir mão de proteger seus aliados com armas nucleares táticas e mísseis de curto e médio alcance; 3) não mais envio de tropas e exercícios militares nos países do leste europeu que fazem parte da NATO e 4) fim da cooperação militar com as ex-repúblicas soviéticas. Essas demandas são vistas como uma espécie de ultimato para justificar a invasão da Ucrânia.

24/fev/2022: a Rússia oficialmente invade a Ucrânia.

04/abr/2023: a Finlândia torna-se membro da OTAN.

07/mar/2024: a Suécia torna-se membro da OTAN.

17/mar/2024: Vladimir Putin é reeleito presidente da Rússia com estonteantes 88,5% dos votos. As próximas eleições serão em 2030, quando Putin poderá se candidatar novamente.

Referências

Livros, artigos e sites

Reportagens

Marcelo Guterman

Engenheiro que virou suco no mercado financeiro, tem mestrado em Economia e foi professor do MBA de finanças do IBMEC. Suas áreas de interesse são economia, história e, claro, política, onde tudo se decide. Foi convidado a participar deste espaço por compartilhar suas mal traçadas linhas no Facebook, o que, sabe-se lá por qual misteriosa razão, chamou a atenção do organizador do blog.

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