Economia

Preço dos combustíveis: o céu é o limite?

Já publiquei este estudo aqui, estou apenas atualizando com os dados até o final de outubro.

No gráfico 1, mostramos o preço do barril de petróleo do tipo Brent em reais. Ou seja, pegamos o preço em dólar e multiplicamos pelo câmbio entre o real e o dólar. Mostramos o preço sem ajuste nenhum (em azul) e o preço ajustado pela inflação (IPCA) no período.

Pode ser uma imagem de texto que diz "Gráfico 1: Preço do Barril de Petróleo (em R$) Petróleo (R$) Petróleo leo (R$) ajustado 500 450 400 350 300 250 200 150 100 50 0 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021"

Podemos observar que o preço do barril de petróleo, em reais, está na máxima dos últimos 10 anos, tendo dado uma estilingada nos últimos 2 meses, tanto em função do aumento do preço do petróleo, que saiu de US$61 para US$83, quanto do câmbio, que saiu de R$5,15 para R$5,64. Em termos absolutos, o barril de petróleo vale hoje 2,5 vezes mais do que há 10 anos. Ajustando pela inflação (IPCA), estamos um pouco acima do pico do governo Dilma.

No gráfico 2, mostramos a relação entre o preço do barril de petróleo em reais e o preço do diesel na refinaria. Este gráfico dá uma ideia da defasagem de preços: quanto mais alto o índice, mais defasado estará o preço do diesel em relação aos preços internacionais.

Pode ser uma imagem de texto que diz "Gráfico 2: Razão Petróleo/Diesel mA 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021"

Podemos observar que durante uma parte do governo Dilma (até outubro de 2014, mês da eleição, oh coincidência!), a média do índice é bem superior ao que temos no período seguinte. Hoje, no entanto, a defasagem alcançou a média do governo Dilma. Os preços dos combustíveis vão ter que andar mais. Ou rezamos para o preço do petróleo cair. Não parece que vai acontecer tão cedo.

Por fim, no gráfico 3, mostramos a variação, ano a ano, do preço do petróleo no mercado internacional (em dólar), a variação do câmbio e a variação do preço do petróleo em reais, que é a composição dos outros dois fatores.

Pode ser uma imagem de texto que diz "Gráfico 3: Preco do Petróleoe Câmbio 80% Petroleo (USS) 60% Câmbio oPetróleo (RS) 40% 20% 80% 0% 60% 20% 40% -40% 20% -60% 0% -20% 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 -40% -60% 2021"

Podemos observar que Bolsonaro é um azarado mesmo: até outubro, o preço do petróleo subiu nada menos que 60% no mercado internacional, a maior alta em um ano nos últimos 10 anos. Está certo que o governo não se ajuda: em 2016, por exemplo, o preço do barril subiu 50%, mas o dólar se desvalorizou 15%, amenizando uma parte dessa alta. Neste ano, pelo contrário, o dólar se valorizou 10%, piorando ainda mais a situação.

Enfim, tudo isso pra dizer que pode congelar ICMS, dar dura na Petrobras, falar em privatizar a empresa, dar cambalhota no Congresso. Nada disso vai resolver o problema da combinação explosiva do preço do petróleo nas alturas com uma moeda desvalorizada. A não ser que queiramos quebrar a Petrobras novamente.

Marcelo Guterman

Engenheiro que virou suco no mercado financeiro, tem mestrado em Economia e foi professor do MBA de finanças do IBMEC. Suas áreas de interesse são economia, história e, claro, política, onde tudo se decide. Foi convidado a participar deste espaço por compartilhar suas mal traçadas linhas no Facebook, o que, sabe-se lá por qual misteriosa razão, chamou a atenção do organizador do blog.

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3 Comentários

  1. Marcelo,

    A maioria do povão não tem noção de como são compostos os preços dos combustíveis, e muito menos que o preço do barril é controlado por um cartel. É mais fácil colocar a culpa no presidente.

    1. Quem controla o câmbio através de políticas que fortaleçam a moeda nacional se não a equipe escolhida e gerenciada pelo governo federal? Quem pode mudar a situação da Petrobrás, para que deixe de ser um comprador de combustíveis do mercado internacional e passe a desenvolver tecnologia para processar o petróleo no Brasil ou mesmo promovendo a abertura do mercado ou privatização da estatal? Seria o governo federal, certo? Então a culpa é de quem? Do ICMS que não muda há anos? Dos governadores e prefeitos? Da covid? Do cartel internacional de petróleo? Pra gente como vc que fala “povão” mas não enxerga o óbvio, a culpa é de qualquer coisa, menos do seu político de estimação…

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