Esporte

O sucesso da “bolha” da NBA

Muitos esportes reiniciaram suas atividades com diversas precauções com a Pandemia, mas a NBA consegue tirar o melhor proveito da situação, entregando produto de qualidade, sem perder a emoção, dentro e fora da quadra.

Esporte é business!
A pressão pela volta dos eventos esportivos foi grande, há muito dinheiro envolvido!
A NBA foi quem tratou melhor a situação. De longe. Consegue entregar o produto (jogos) com praticamente a mesma qualidade de antes da Pandemia e dribla os inconvenientes de forma criativa.
Mas primeiro, vamos aos insucessos:
O futebol brasileiro retornou às atividades com incontáveis casos de COVID-19 entre os atletas, tendo situações inusitadas como a falta de time disponível para uma partida de futebol, jogador que viajou com o elenco sem saber que estava positivo, árbitro substituído em cima da hora, já tendo se deslocado para a partida, e por aí vai.
Enfim, o início do campeonato brasileiro das séries A, B e C foi uma festa de adiamentos e situações constrangedoras. Com uma pitada de falta de empatia com o atual momento do país.
O estádio sem público contribuiu para uma aparente apatia nas finais da Champions League, que optou por realizar as fases finais numa “bolha” em Portugal, mas não entregou, no meu entendimento, jogos de qualidade, como em anos anteriores. O brilho do Bayern foi um alento, mas a torcida no estádio faz falta.
Tivemos também jogos de exibição de tênis que alastraram a contaminação da COVID-19, manchando a reputação de Djokovic. A “bolha” do US Open foi melhor conduzida, mas a ausência de alguns atletas acabou por esvaziar um pouco a competição.
A NBA, ao contrário, fez uma preparação criteriosa, com uma “bolha” de sucesso em um dos principais locais de turismo nos Estados Unidos, a Disney.

Protocolos rígidos garantiram uma adequada segurança com relação à Pandemia.

Conseguiram finalizar a fase de classificação do torneio, reduzindo as equipes participantes e a quantidade de jogos, sem que isso prejudicasse A ou B.
Entregaram os jogos para as TVs, que estão levando para o público em casa a emoção similar ao ginásio cheio, com torcedores virtuais nas grandes telas de LED, uma presença quase física. Ídolos e anônimos são flagrados nas telas, dando um atrativo a mais. Oscar Schmidt apareceu prestigiando os Lakers. Até a torcida se mexendo atrás dos lances livres para tirar a atenção do jogador foi pensada.
Os atletas garantem a emoção e o alto nível da competição.
A NBA consegue uma renovação incrível, apresentando aspirantes à ídolos das franquias sempre e esse ano não foi diferente, causando o frenesi entre os torcedores fanáticos.
Já ouvimos falar agora, com naturalidade, nomes como Jamal Murray, Luca Doncic, Nikola Jokic, Jasum Tatum, “Bam” Adebayo, decidindo os jogos.
Os já conhecidos astros não deixaram por menos. LeBron James, Anthony Davis, Kawhi Leonard, Jimmy Butler (finalmente jogando novamente em alto nível), James Harden, não retornaram da Pandemia em ritmo de festa, ao contrário, extremamente concentrados, preparados psicologicamente para jogar em um ginásio sem torcida.
Os jogos são em altíssimo nível, com a intensidade de sempre, viradas inesquecíveis, cestas arrebatadoras no último segundo, vitórias épicas.
Os playoffs são naturalmente contagiantes (Viva o mata – mata!), mas na NBA, eleva-se o nível para um evento único, e a ausência da torcida fisicamente não diminuiu em nada a vivacidade do jogo e a emoção.
Há de se entender que é mais fácil aplicar tudo isso em um espaço menor, como é o ginásio. Mas a diferença é gritante com outros esportes. Durante as transmissões, esquecemos que os atletas estão fechados numa “bolha”, sem torcida.
Estive uma vez em um jogo de fase de classificação entre os Knicks e os Spurs no Madison Square Garden, onde é fácil perceber que o que faz a diferença é o conjunto da obra, com espetáculo dentro e fora da quadra, e os americanos são “experts” nisso.
A criatividade e tecnologia apoiaram as ideias para a “bolha” e o “produto foi reembalado” sem perda de qualidade.
As finais são um mero detalhe, pois o campeonato está empolgante, imprevisível.

Vinícius Perilo

Vinícius Perilo, 47 anos, é engenheiro civil apaixonado por todos os esportes. Tudo começou no Ursinho Misha em Moscou 80, e, a partir daí, acompanhando ídolos como Oscar, Hortência, Bernard, Jacqueline, Ricardo Prado, Joaquim Cruz. Ama futebol como todo brasileiro, faz parte da geração que chorou de tristeza a derrota de 82 e de alegria com o Tetra em 94. Realizou um sonho de criança e conduziu a Tocha Olímpica para a Rio 16. Ainda acredita no Brasil olímpico.

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2 Comentários

  1. No Brasil tudo foi feito com improviso, sem grandes estudos e com algumas cópias de modelos utilizados em outros cantos. A volta do público aos estádios foi mais uma atitude insensata, que beneficiaria uns em detrimento de outros. Parece haver improviso em cima de improviso, visão de curto alcance, falta de sensibilidade nas canetadas. Consequências ruins, como estamos vendo.

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