Opinião

Não há nada para se comemorar

Não há nada para se comemorar..

Não há nada para se comemorar por conta da decisão do STF em barrar a inconcebível reeleição de Maia e Alcolumbre..

Não há nada para se comemorar diante de uma decisão por 6×5 para fazer valer o óbvio, para reafirmar que é proibido aquilo que é VEDADO. É uma vergonha sem tamanho..

Não há nada para se comemorar por conta da maioria que prevaleceu, ela é formada por gente que solta traficantes, por quem acha que condenação em duas instâncias é pouco para manter presos criminosos condenados ou por quem anula delação favorecendo bandido.

Não há nada para se comemorar, quando os chefes das casas legislativas são os primeiros a esfaquearem a Constituição Federal que foi criada nos plenários que agora comandam e que deveriam honrar.

Não há nada para se comemorar quando se vê que gente que deveria ter notório saber jurídico, ser imparcial e se orientar de forma digna em linha com suas convicções agir como lobistas, como corretores, operadores de grupos políticos sem nenhuma discrição ou pudor, fazendo da lei mero detalhe atropelado pelo interesse político de ocasião.

Não há nada para se comemorar pois é vergonhoso presumir (e acertar) por critério de “proximidade” o votos dos magistrados por conta de quem ou o que está em julgamento.

Não há nada para se comemorar neste episódio em que vimos até onde pode chegar o contorcionismo legal de alguns ministros, o que Dias Toffoli chamou sem corar de “inovação interpretativa”.

Não há nada para se comemorar quando nos deparamos com a alfaiataria legal que produz decisões sob encomenda, na medida do freguês e que chegou ao seu ápice no voto do novato Nunes. O mais recente membro da Suprema Corte conseguiu a proeza de ser contra a reeleição de Maia (desafeto do governo) e a favor da recondução de Alcolumbre (mais alinhado com Bolsonaro). Uma vergonha.

Não há nada para se comemorar quando é a indignação da população o fiel da balança nessa decisão entre o óbvio e o estapafúrdio.

Não há nada para se comemorar quando nossa última fronteira contra a escória da sociedade, contra aqueles que não tem pudor em ignorar a lei, contra os que atentam contra a ordem constitucional é isso aí, nada além de um catado de apadrinhados, pouco ou nada comprometidos com a Constituição que juraram defender.

Não há nada para se comemorar quando somente estando vazio é que se pode ter certeza que não virá do plenário do STF nenhum ataque contra a Constituição que ali deveria se proteger

Não há nada para se comemorar.

Marcelo Porto

Gênio do truco, amante de poker, paraíba tagarela metido à besta, tudólogo confesso que insiste em opinar sobre o mundo ao meu redor. Atuando no mercado financeiro desde 1986, Marcelo Porto, 54, também é Administrador de Empresas e MBA em Mercado de Capitais.

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