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Lula: desgraça ontem, continua igual

Lula não mudou nada, nada

Lula fala, em pleno 2021, coisas do seguinte quilate:

a) Lula elogia o “fomicida” Maduro, que lançou a outrora rica Venezuela na mais profunda pobreza da América Latina, trazendo-a para o nível do Haiti. No entanto para o Lula, Maduro é filho de Bolívar. Você conhece alguém pelo quilate das pessoas que ele admira…

b) Ele afirma que nem seria preciso aumentar o preço do combustível porque o Brasil é autossuficiente e é preciso servir ao povo brasileiro. Na verdade, o Brasil não é autossuficiente, o Brasil não não refina nem de longe tudo que precisa.

E não adianta partir para subsidiar a gasolina. Esse foi um dos pilares de destruição da economia venezuelana, que colocava o preço de gasolina lá no chão. É preciso destacar que o petróleo aumentou mais de 60% em 2021 no mercado internacional.

c) Ele elogiou abertamente o ditador da Nicarágua, Daniel Orterga, comparando sua longa estada no poder com o tempo de governo da Merkel na Alemanha, para mostrar a “razoabilidade”, tendo que depois aguentar ouvir que Merkel não prende opositores.

d) Lula, em entrevista com Reinaldo de Azevedo, afirmou que não há nada comprovado de roubo na Petrobras (e que se tiver, tem que ser apurado, o velho clichê), apesar do Reinaldo de Azevedo ter falado das devoluções miliardárias de diretores processados na Lava Jato (Esse dinheiro foi geração espontânea?)

e) Lula ainda reitera que a independência do Banco Central entrega o Brasil na mão de banqueiros; como se os banqueiros não tivessem adorado a era PT, vide Trabuco do Bradesco, mesmo sem a tal independência do Banco Central. A independência do BC apenas isola um pouco a instituição da politicagem vigente.

✱✱✱

Há muitas outras presepadas dita pelo Lula. Separei aqui só 5 para as pessoas terem uma ideia que o velho Lula está mais vivo que nunca.

O que se conclui disso?

Que os anos não deram nenhuma sabedoria ao Lula e que ele continua repetindo velhos e embolorados chavões.

Deus me livre de ter que aturá-lo novamente e que a terceira via se “viabilize”.

Adendo: Retrospectiva econômica da era PT

Introdução

Algumas pessoas, dentro do triste cenário atual, tendem a minimizar o mal que o PT fez na Economia, já que o tempo cura muitas feridas. Pensando nisso fiz uma breve retrospectiva econômica do período.

O PT engana muita gente, porque devido aos seus ilustres apoios dentre as celebridades e formadores de opinião, parece mais chique e elegante do que opções visivelmente toscas. No entanto, debaixo da superfície, desgraça pouca é bobagem.

Bonança inicial e glorificação

No início da era PT, a partir de 2003,  tiveram os áureos tempos com Palocci como Ministro da Fazenda, com ele  seguindo fielmente o tripé econômico deixado pelo governo FHC (câmbio flutuante, meta fiscal e metas de inflação), acalmando o mercado e fazendo o país ter altas taxas de crescimento do PIB, surfando com a ondas das commodities mundial pré crise de 2008.

Adicionalmente os níveis de emprego subiram bastante, o bolsa família ganhou protagonismo e houve inegavelmente expansão real do valor do salário mínimo, essa ajudada pelo crescimento da economia.

Esses anos ficaram no imaginário de muitos brasileiros.  

Sementes do que viria depois

Muitos dos males, como a implosão da Petrobras, estavam ocultos e só percebemos anos depois.

Por exemplo, em 2003 foi a época em que a quadrilha de diretores mal intencionados, todos funcionários de carreira pinçados a dedo, foi selecionada para a Petrobras, incluindo Renato Duque (Serviços), Paulo Roberto Costa (Abastecimento) e Nestor Cerveró (Internacional) seguido de Jorge Zelada (Internacional).

Comparativamente, a realidade não é tudo isso

Ao contrário do que muitas pessoas imaginam, o bolsa família e o aumento real do salário mínimo não foram inventados pelo PT…

A mortalidade infantil, uma métrica muito relevadora do lado social, surpreendentemente não melhorou em uma velocidade maior do que no governo FHC, como pode ser conferido aqui.

O próprio aumento do PIB, quando analisado de forma comparativa aos outros país, perde parte do brilho, como pode ser conferida na figura abaixo:

Crescimento do PIB foi alto aqui (e lá fora!)

Início do fim

O que aconteceu depois apagou muito a bonança dos primeiros anos.

Com a queda da Palocci, em 2006, devido ao escândalo do caseiro Francenildo (depois soubemos que dezenas de milhões trafegaram na sua conta), tudo começou a desmoronar com a ascensão da era econômica do réu Guido Mantega, notório defensor de políticas econômicas heterodoxas, ainda sob a gestão do Lula

Ainda que oficialmente a desastrosa NME (Nova Matriz Econômica), enterrando o tal tripé econômico, foi só disparada em 2011, no início do governo Dilma; as práticas nocivas explícitas se iniciaram, destacando-se a gastança desenfreada, incluindo a notória  derrama no BNDES, sendo que o calote posterior e previsível de Cuba e Venezuela agora é fato inegável e só vai fazer crescer nos próximos anos.

Concentração de empréstimo para os grande continuou e em grande volume

Outros malefícios incluem o controle do preço do dólar (através dos caríssimos swaps cambiais), regulamentação da energia elétrica, controle artificial do preço do combustível, estímulos setoriais pífios, subsídios, alianças com países irrelevantes economicamente etc.

Keynes é o pretexto erudito de má gestão

A crise econômica mundial de 2008, apelidada de “marolinha” pelo Lula, agudizou esse processo em nome das chamadas políticas anticíclicas, que seria gastar em períodos de baixa, para pretensamente erguer o país, tese oficialmente defendida pelo ilustre economista inglês John Maynard Keynes (1883-1946)

Mesmo que as ideias de Keynes sejam questionáveis, como qualquer conjunto de ideias econômicas é, tenho certeza que ele é inteligente o bastante para saber que investimentos públicos podem ser muito ineficientes e improdutivos, particularmente em países como o Brasil.

De resto, pode-se dizer que a falácia da autoridade de se usar Keynes como justificativa para todas as ideias econômicas exóticas ligadas à esquerda não ficam de pé se alguém lê Keynes com atenção. Fiz uma breve pesquisa sobre isso aqui.

Dívida zerada? Mito!

Essa história que o governo pagou toda a dívida externa é uma grande balela: o Brasil apenas foi paulatinamente substituindo dívida externa por dívida interna (onde muitos credores são estrangeiros) e zerou sua irrisória pendência com o FMI, que é algo apenas simbólico.

E pior, estudos que fiz comprovaram que o governo, no afã de segurar a explosão do serviço da dívida em curto prazo, fez algo insidioso: alongou o perfil da dívida pública, deixando a rabuda para alguns anos depois.

Motivos da bagaça

Há 4 motivos, que se cruzam para se gastar muito e se obter pouco:

1) Gestão perdulária – Máquina cada vez mais  inchada representando uma despesa de custeio cada vez mais prevalecente, com cada vez menos recursos para investimentos e uma cada vez mais polpuda despesas com juros e amortizações.

2) Incompetência – A maioria dos quadros dirigentes são oriundos do meio político, com objetivos inconfessáveis, e que nada entendem do riscado. Nunca foi tão alto  o percentual de cargos comissionados ocupados por pessoas nem sequer são concursadas e, muitas delas, partidarizada. Dinheiro voa fácil em um cenário assim.

Por exemplo, 2 presidentes que transitaram na Petrobras, romperam a tradição de décadas de nomear executivos experientes:  José Eduardo Dutra, um geólogo que passava a maior parte do tempo agitando os sindicatos e Sergio Gabrielli, um presidente rainha da Inglaterra que deixou o território livre para a sanha dos diretores um nível abaixo. Ele foi sacado diretamente da sala de aula da UFBA, onde dava aula de Economia, mas sem nenhuma experiência executiva pregressa.

Vagner Freitas, ex-presidente da CUT,  que ostentava com orgulho o seu relógio Rolex, é um exemplo emblemático de achar que qualquer um pode ocupar qualquer posição só porque tem a ideologia “certa”: mesmo sem curso superior, tinha presença cativa no Conselho de Administração do BNDES.

Sim, estou vendo que você tem um Rolex …

3) Falta de cuidado com o dinheiro público – Um exemplo emblemático é o PRONATEC, que segundo a propaganda petista pagou cursos profissionais para 8,5 milhões de pessoas, com muito pouco critério e resultados práticos. Muitos cursos ruins e de curta duração. Serviu sim para forrar os bolsos de muitos donos de empresas de cursos, como atesta outro órgão do próprio governo. Muitas desses programas partirem de ideias boas, mas muito mal planejadas e executadas: Mais Médicos, Prouni, Fies, Minha Casa Minha Vida etc.

4) Corrupção – Esta não pode ser avaliada pelo valor das propinas, mas sim pelo valor em si do superfaturamento de bens e serviços, em todas as esferas da administração direta e indireta. A corrupção anda de mãos dadas, por afinidade, a atrasos monstruosos (transposição de São Francisco virou a obra que não quer terminar), problemas de qualidade (a compra da refinaria sucateada de Pasadena foi uma grande piada) e obras abandonadas (como grandes refinarias da Petrobras: Abreu e Lima, Premium I – Maranhão, e Comperj)

Um exemplo visível é a reforma do Maracanã para o Copa do Mundo de 2014, que fazia parte do PAC, em conluio com o apoiador Sérgio Cabral. Mesmo com laudo do TCE, não há nada provado na justiça, mas os números e fatos falam por si.

Sabem qual foi o custo final? R$ 1,2 bilhões da obra construída pelo consórcio formado pela Odebrecht (ela mesma), Andrade Gutierrez (Também controladora da Oi), alô sítio do Lula em Atibaia) e Delta Engenharia (uma das principais construtoras do Minha Casa Minha Vida).

E o estádio foi apenas reformado, não foi construído do zero. E o que foi feito nessa reforma? Cadeiras foram trocadas, camarotes mudaram de lugar, arquibancadas ganharam maior inclinação e cobertura existente foi removida e substituída.  A capacidade do estádio reduziu para 78,6 mil pessoas! Afinal, futebol é o esporte das multidões … selecionadas.

E ainda chegou a ter sérias inundações depois das obras concluídas, que geraram necessidade de ajustes.

Maracanã e água: amigos improváveis…

✱✱✱

É difícil quantificar de forma simples a importância de cada um dos fatores acima, incluindo a corrupção, na lambança geral.

O que fica como legado é um retrato sem retoques de um Brasil que não funciona.

E o que ficamos, de verdade, após toda essa chuva de dinheiro? Com pouco, muito pouco. Assim só se pode concluir que esse dinheiro todo foi, em grande parte, muito mal gasto.

Independentemente de qualquer argumento, o fato é que o legado (ou a falta dele) está mais do que documentado e pode ser comprovado, como se fosse um balanço patrimonial de uma empresa.

Qual a proporção exata dessa herança é corrupção, incompetência, burrice, açodamento e falta de cuidado?

É difícil dizer.

Maior recessão da história

Todos esses malfeitos anteriores, culminaram no déficit gêmeo em 2013 e 2014 (balança comercial, devido ao dólar subsidiado e déficit nominal) com estagnação do PIB em 2014, seguido logo depois na quedas sucessivas de PIB de 3,6% e 3,8% em 2015 e 2016, já no segundo mandato da Dilma, que representam a maior queda seguida do PIB da história brasileira, já 7 anos depois da crise de 2008.

Nem a pandemia de 2020, superou isso, já que em 2021 teremos elevação do PIB de mais de 4%, sendo que a queda do PIB em 2020 ficou em 4,1%.

Quem ainda ousa atribuir causas externas a esse “feito” da gestão PT, leia aqui.

Fragilidade financeira está entre nós

Financeiramente, em 2015 o Brasil entrou em uma situação financeira delicada, do qual praticamente não mais saiu nos anos que se seguiram, agora ainda mais agravado pelos efeitos da pandemia. O fato é que quando as contas públicas descarrilham, há um grande efeito inercial, porque é bem difícil se livrar de despesas correntes.

Nesse ano, ainda sob efeito das pedaladas que tomava crédito de instituições oficiais (o que conseguiu o “milagre” de frear o contingenciamento – cortes – necessário do orçamento da união, já que criava moeda do nada, sem entrar no estoque oficial de endividamento); o nível descontrolado de gastos públicos em 2015 chegou a gerar mais de 10% do PIB em déficit nominal, que foi então um dos mais altos do mundo e um salto de quase 14 vezes o nível de 2008 como mostrado aqui.

O déficit orçamentário e a dívida pública que o próximo governo (2019-2022) vai herdar, artigo de José Eustáquio Diniz Alves
Previsão em 2018, mostra a alta inercialidade da desgraça

Estatais e fundos de pensão seguem o baile da ilha fiscal

Além disso, as principais estatais não bancárias (Petrobrás, Eletrobras, Correios e Infraero) , destacando-se a Petrobras pela sua relevância perante as demais, estavam nessa época em situação que variava de ruim a péssima, como os balanços de 2014 e os anteriores à posse do PT não deixam margem a dúvida, fato que pesquisei detalhadamente na época. Uma das métricas mais importantes que apontava isso é o endividamento líquido muito elevado em relação ao lucro operacional (EBITDA), que estavam em níveis indecentes.

Para fechar o círculo, destaca-se ainda que a maioria dos fundos de pensão, controlados por apoiadores do governo, também ficou depauperada.

E o tão falado legado social?

Como “atenuante” o governo alardeou que fez tudo pelo social, inclusive afirmando reiteradamente que trouxe 35 milhões para a classe média e que o Brasil teria saído do mapa da fome. Ainda que o bolsa família e o aumento real do salário mínimo tiveram os seus efeitos benéficos, a verdade é que as afirmações no início do parágrafo não têm qualquer base factual e os pobres eram, fora da propaganda oficial, extremamente numerosos.

Um bom sinal de alerta dessa pretensa redenção social é observar a mortalidade infantil do Brasil em 2014, antes da crise que se iniciou em 2015. Ela ainda  estava em um nível totalmente vergonhoso para o nosso nível de renda per capita, ocupando a 134a. posição, só perdendo na América do Sul então para Venezuela, Peru, Paraguai e Bolívia.

Mesmo em relação ao déficit de moradias, o retrato não é muito diferente, segundo gente que trabalhou diretamente no governo. Ou seja, a afirmação do Lula em reunião com seus acólitos sobre a população de rua anterior ao seu governo, com todo o exagero cínico que lhe é ´típico, continua válida.

Em um levantamento feito 3 anos antes de 2014 (e o país não evoluiu nesse quesito de forma perceptível depois), o Brasil se posicionava ainda em 112o. país do mundo em saneamento básico, que é um dos pilares fundamentais de prevenção na área de saúde, com uma posição no ranking digna do que se chamava antigamente de Terceiro Mundo. Basta ver como a Zika se espalhou mais rápido aqui do que em qualquer outro lugar do mundo.

Muitos planos e programas, poucos resultados

Também relativo ao legado de infraestrutura o Brasil falhou de forma épica. O chamado “Custo Brasil” continuava e continua nas alturas, em qualquer item que se examine; mesmo depois de tantos “investimentos”.  

Os famosos PAC I e PAC II ( Planos de Aceleração do Crescimento) derraparam vergonhosamente  e isso ocorre em quase todos os quesitos, onde se vê obras inconclusas, de baixa qualidade ou elefantes brancos, como vários dos estádios para a Copa de 2014, fora o grande vexame  da altamente custosa e sempre adiada transposição do Rio São Francisco ou obras concluídas com péssima qualidade, como o BRT do Rio de Janeiro, em parceria com Eduardo Paes “Maricá” (lembram do telefone para o Lula?).

✱✱✱

Sonho em um país que não siga como está, mas que também não volte a um passado que já sabemos de antemão no que vai dar.

Será uma utopia impossível?

Acho que não, o Collor tinha 5% das intenções de voto no início de 1989, no mesmo ano em que ele se elegeu. Enfim, o “aquilo roxo” era um virtual desconhecido no Brasil. Foi um péssimo presidente, mas serve para mostrar que aquilo que parece que não pode acontecer teima em fazê-lo de vez em quando.

Enfim, o que se vê como um delírio, talvez não o seja.

Paulo Buchsbaum

Fui geofísico da Petrobras, depois fiz mestrado em Tecnologia na PUC-RJ, fui professor universitário da PUC e UFF, hoje sou consultor de negócios e já escrevi 3 livros: "Frases Geniais", "Do Bestial ao Genial" e um livro de administração: "Negócios S/A". Tenho o lance de exatas, mas me interesso e leio sobre quase tudo e tenho paixão por escrever, atirando em muitas direções.

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