Esporte

Uma final de Libertadores do tamanho do Maracanã

Santos x Palmeiras, Palmeiras x Boca Juniors, Santos x River Plate, Boca Juniors x River Plate. Qualquer desse confrontos é digno de uma final no Maracanã, que provavelmente estará sem público.

            A Copa Libertadores da América segue em frente, aos trancos e barrancos, em meio à Pandemia. O que poderia ser uma festa final inigualável do futebol sul-americano no Maracanã, será um evento com futebol de gigantes, esvaziado na essência, sem geral, sem arquibancada, sem público. O que salva são os times gigantes que chegam à semifinal, abrilhantando um torneio bem “meia boca” nesse ano.

            Detentor de um título em 1999, o Palmeiras navegou em águas tranquilas no torneio, com uma tabela facilitada, de adversários fracos e sem tradição. Mesmo assim conviveu com crise e troca de treinador por conta da campanha inicial no Brasileiro.

            Ainda briga em três frentes, Libertadores, Copa do Brasil e Brasileiro (com menos interesse).

            Terá, sem dúvida o teste de fogo na semifinal contra o River Plate, no dia 05 de janeiro, fora de casa; decidindo a vaga para a final em casa, no dia 12 de janeiro.

            Será a terceira vez que enfrenta o River Plate pela Libertadores. Nas duas primeiras, o Palmeiras tem boa lembrança, pois eliminou os argentinos do então camisa 10 Gallardo (hoje treinador do River) na semifinal de 1999, ano do título alviverde, ao perder por 1 a 0 na ida e vencer por 3 a 0 no Parque Antárctica, com dois gols de Alex.

            É comum que times ditos gigantes como o Palmeiras elevem o nível de apresentação quando confrontam com outro gigante, e, portanto, mesmo tendo enfrentado adversários mais fracos, a equipe alviverde chega muito forte para essa semifinal histórica.

            O Palmeiras tem incríveis vinte participações na Libertadores (se pensarmos que no século passado apenas dois brasileiros participavam em cada edição). Chega a sua oitava semifinal. Foi finalista em quatro das sete anteriores, e venceu uma.

            O adversário do Palmeiras na semifinal, River Plate, é o time a ser batido na Libertadores.

            Semifinalista nas últimas quatro edições, um recorde, e campeão em quatro edições, sendo duas de 2015 para cá, o River Plate ressurgiu das cinzas depois de um rebaixamento no campeonato argentino nove anos atrás.

            Passou facilmente nas quartas de final com uma goleada histórica sobre o Nacional do Uruguai por 6 a 2.

            Portanto, pelo histórico recente e pela tradição eterna, o River Plate é o favorito entre todos, o que não significa muita coisa quando os confrontos são de gigantes.

            O Santos é o patinho feio da turma.

            Endividado, em constante troca de treinador, com uma crise institucional, o time da Vila Belmiro conta muito mais com a história e com Marinho, o craque da vez.

            Calou críticos ao longo do ano e surge com a camisa pesada do Rei Pelé.

            O alvinegro praiano possui três títulos (62, 63 e 2011). Fez final de Libertadores com o Boca Juniors, adversário da semifinal, em duas oportunidades, ganhou uma e perdeu outra.

            O Boca Juniors vêm chegando em finais de Libertadores, mesmo não apresentando um futebol à altura. Nesse ano passou perto de ser eliminado por Inter e por Racing, mas sobreviveu.

            Possui seis títulos, três deles em finais com os outros semifinalistas (2000 – Palmeiras, 2003 – Santos e 2018 – River). Perdeu uma final para o Santos em 63 e outra final em 79 para o Olímpia.

            Talvez seja o mais prejudicado pela falta de público no estádio. O La Bombonera é sem dúvida uma panela de pressão que pulsa intensamente.

            Santos e Boca decidem a vaga na final em dois jogos, dias 6 e 13 de janeiro.

            Uma final argentina seria justa pelo histórico de Boca e River, mas não pelo futebol apresentado.

            Além do que, a final entre eles em 2018 se transformou em um papelão inominável depois do apedrejamento do ônibus do Boca e a transferência da final de uma “Libertadores da América” para um estádio no país “Colonizador da América”. O jogo em si provou a distância quilométrica de qualidade entre os times europeus e os sul-americanos. A CONMEBOL “pagou mico”.

            Por essa patacoada, torço para que ao menos um brasileiro chegue à final.

            Se o Santos chegar, reviverá o título mundial conquistado no Maraca em 1963.

            Se o Palmeiras chegar, reviverá o título mundial (ou não) conquistado no Maraca em 1951.

            Seria muito bom termos uma final brasileira entre times paulistas no Maracanã, escancarando a vergonha que os times cariocas têm passado em seus torcedores todo ano.

            Mas, novamente entre a razão e a emoção (torcida), River Plate x Santos é minha aposta para essa grandiosa final no Maracanã.

Vinícius Perilo

Vinícius Perilo, 47 anos, é engenheiro civil apaixonado por todos os esportes. Tudo começou no Ursinho Misha em Moscou 80, e, a partir daí, acompanhando ídolos como Oscar, Hortência, Bernard, Jacqueline, Ricardo Prado, Joaquim Cruz. Ama futebol como todo brasileiro, faz parte da geração que chorou de tristeza a derrota de 82 e de alegria com o Tetra em 94. Realizou um sonho de criança e conduziu a Tocha Olímpica para a Rio 16. Ainda acredita no Brasil olímpico.

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