Vinhos e Gastronomia

O que são os icewines e por que custam caro?

Depois de um bom tempo sem postar por aqui, venho justificar minha ausência culpando a correria do trabalho, e, embora tenha me ausentado, degustei alguns vinhos, os quais resenharei para vocês, meus amigos do PDB.

Escrevi esse texto semana passada, mas perdemos um amigo, nosso querido Victor Llebot, e não consegui publicá-lo. Apesar do pouco contato, ainda que virtual, Victor era meu amigo de facebook e me marcava em tudo que lia sobre vinhos e harmonizações, comentava todos os post`s que eu fazia no meu instagram de vinhos (@confraria_da_meyre_hellen), era um enófilo estudioso, antenado, que curtia compartilhar seus achados. Sentiremos falta desse colega tão querido, o qual dedico hoje esse texto sobre os doces e encantadores icewines, que certamente Victor comentaria e traria alguma experiência vivenciada com esses vinhos.

Você sabe o que é ice wine? Já degustou algum?

Os vinhos icewine (Eisewein em alemão) são vinhos de difícil produção, elaborados com uvas congeladas e imediatamente prensadas, devendo a colheita ocorrer pela manhã, a uma temperatura de -7 graus. Os açucares e outros sólidos dissolvidos não congelam, mas a água sim, e esse líquido ao ser prensado se apresenta mais concentrado.

Já experimentou uvas congeladas? Congelei hoje uvas tompson (sem sementes) e experimentei para certificá-los de que elas ficam extremamente doces, mais do que em temperatura ambiente. Tentem em casa e me contem!

Voltando ao “vinho de gelo”, a origem dos icewines é na Alemanha, mas atualmente as regiões da Península do Niágara e no Vale do Okanagan, ambas no Canadá, tem se destacado na elaboração desses vinhos, sendo certo que atualmente produz 75% dos icewines consumidos no mundo. Atrás vem a Alemanha, Estados Unidos, Áustria e Eslovênia. E o Brasil? Sim, em São Joaquim-SC a Vinícola Pericó lançou o seu icewine em 2010 (o primeiro do Brasil), mas atualmente ele não consta no catálogo (verifiquei o site na data de hoje – 17/10/2021).
Esses vinhos não costumam custar pouco, até porque quando a uva é esmagada e o mostro se apresenta mais denso (elaborado com uvas congeladas), acaba rendendo menos do que renderia em seu estado
natural, e isso, aliado a outros fatores (inverno rigoroso, maior fiscalização das videiras a fim de se evitar pragas, colheita durante a madrugada, etc) faz com que esse vinho custe caro.
E como funciona o processo de fabricação? As uvas, depois de completamente congeladas, são colhidas manualmente quando a temperatura do vinhedo cai para – 8o (madrugada), o que garante um nível de açúcar ideal, e em seguidas são prensadas (separação de sólido e líquido), que ocorre em processo contínuo e sempre a temperaturas iguais ou inferiores a -8ºC.

As uvas utilizadas precisam ter pele grossa, por isso se utilizam riesling, vidal (cruzamento de Ugni Blanc e Rayon D ́or), além de cabernet franc, merlot, chenin blanc, entre outros.
Esse vinho da foto, o “Lakeview Cellars 2017” é elaborado com a uva Vidal, produzido no Canadá e foi servido por uma amiga quando fizemos um jantarzinho em sua casa. Ela o trouxe de Toronto e ganhou de seu amigo canandense, que, muito orgulhoso, fez questão de mostrar o vinho famoso e encantador de seu país.
Os icewines são comercializados, geralmente, em garrafas de 375 ml ou de 200 ml, isso porque, por ser tão concentrado, rende pouco, girando em torno de 50 dólares a garrafa.
No Brasil os icewines da Inniskillin, renomada e premiada empresa na fabricação destes vinhos, são comercializados pelo site todovino.com, e uma garrafa do “Inniskillin Vidal Pearl Icewine 375 ml” custa a bagatela de R$ 6.399,00 (seis mil, trezentos e noventa e nove reais), sendo o grande lançamento do icewine canadense o Vidal de 1989 da Inniskillin, que ganhou o “Grand Prix d`Honneur” na Vinexpo, em Bordeaux.
E o vinho? Vale a pena conhecer? É gostoso? Então, meus confrades e confreiras, se trata de um vinho doce, licoroso, de cor amarela, com sabor
persistente de mel e frutas brancas, com damasco ao final, tanto no aroma quanto em boca. Vinho que faz uma harmonização por contraste interessante se servido com queijos salgados/azuis, tornando a experiência sensorial um verdadeiro deleite se tomar um cálice e morder uma fatia de gorgonzola, por exemplo! Não o harmonizei com sobremesas, mas, com certeza, combina bastante, imaginei um pavê de pêssegos para acompanhar, creio que ficaria esplêndido.

Vocês conhecem os icewines? Vale a pena conhecer, principalmente aos apaixonados por vinhos doces, tais como sauternes, vinhos de colheita tardia, dentre outros.

Meyre Hellen Mesquita Mendes

Meyre Hellen Mendes, graduada em direito e especialista em direito público, enófila totalmente apaixonada por vinhos e gastronomia. Autora do Instagram @confraria_da_meyre_hellen, confreira e precursora da “Confraria das Meninas – Palmas-TO”, onde degusta vinhos e os estuda, juntamente com suas confreiras, sempre harmonizando cada rótulo com pratos específicos. Cá estou para falar de vinhos e incentivar as pessoas a degustarem essa bebida milenar sempre harmonizando com combinações perfeitas, desde pratos simples à sofisticados, pois o que importa é beber e comer bem, devidamente acompanhado de um vinho, é claro. Atualmente cursando WSET 1 (em andamento).

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