Vinhos e Gastronomia

2020 – o ano da Pandemia e da “Safra das Safras” brasileira

Se você é uma pessoa antenada no mundo dos vinhos, já ouviu falar que o ano de 2020 foi ótimo para as videiras brasileiras, favorecendo não só as uvas vitiviníferas, mas também as uvas americanas, produtoras de sucos de uva e vinho de mesa, que terão mais cor e sabor, segundo afirmam os enólogos. Caso não seja um entusiasta do mundo dos vinhos, vou lhe dar um motivo para atiçar a sua curiosidade, e quem sabe, fazer você se interessar em experimentar esses rótulos agora em 2021 ou futuramente (alguns ficarão estagiando em madeira por 2 anos).

O fator determinante para que a safra de 2020 fosse considerada a “safra das safras”, disputando com safras ícones como as de 2002 e 2018 foram as condições climáticas que a região sul do Brasil, maior produtora de vinhos em nosso país, experimentou.

 Depois de sofrer com temporais em 2018, que devastou quase 16% da produção ou com geadas consecutivas em 2016, que comprometeu a safra com uma quebra de 57%, em 2020 o clima mudou completamente, apresentando período seco, com intensidade de sol e amplitude térmica, além de pouca chuva, o que fez com que as uvas colhidas apresentassem maior quantidade de açúcar, polifenóis e taninos, características que estão presentes em vinhos com qualidade superior.

Os primeiros vinhos que chegaram ao mercado em 2020, ainda no primeiro semestre, foram os espumantes moscatéis de fermentação curta, elaborados pelo método charmat. Após, no segundo semestre, os brancos entraram no mercado, trazendo a promessa de serem vinhos com intensidade aromática e equilíbrio entre acidez e sabor. Por fim, os vinhos tintos produzidos nessa safra ficarão estagiando em barrica de carvalho e serão comercializados no final do ano de 2022, salvo alguns tintos jovens que agora em 2021 já estão sendo lançados.

A safra foi promissora e trouxe muita qualidade aos vinhos brasileiros, e se deu a custa de muito esforço dos produtores e de todos que lutaram durante esse período de pandemia, que certamente refletiu demasiadamente na indústria produtora de vinhos.

Na região do Vale do São Francisco, no nordeste brasileiro, as condições climáticas sofreram poucas oscilações, e diante do baixo regime de chuvas, o manejo permaneceu quase inalterado, portanto, se manteve regular na maioria do ano, rendendo duas safras em 2020.

É de se valorizar o que produzimos, é hora de tecer um olhar humanizado para o nosso vinho, para os investimentos que os produtores brasileiros estão fazendo em suas vinícolas; é hora de olhar com orgulho para os nossos enólogos, profissionais dos vinhedos e para a indústria; é hora de abraçar o vinho brasileiro; é hora, por fim, de desburocratizar e popularizar a sua comercialização. Um brinde ao nosso vinho!

Dicas de rótulos safra 2020:

– Espumante Cave Amadeu Moscatel 2020 – R$ 68,00 – link

– Mario Geisse Costero Sauvignon Blanc – 90 pontos Descorchados 2020 e 92 pontos Descorchados 2021 e 91 pontos Marcelo Copelo  Wine Specialist 2021. – link

– Lídio Carraro Agnus 2020 Tannat – R$ 79,90 – link

Me contem nos comentários quais vinhos da “safra das safras” você já experimentou e como foi sua experiência! Saúde!!

Meyre Hellen Mesquita Mendes

Meyre Hellen Mendes, graduada em direito e especialista em direito público, enófila totalmente apaixonada por vinhos e gastronomia. Autora do Instagram @confraria_da_meyre_hellen, confreira e precursora da “Confraria das Meninas – Palmas-TO”, onde degusta vinhos e os estuda, juntamente com suas confreiras, sempre harmonizando cada rótulo com pratos específicos. Cá estou para falar de vinhos e incentivar as pessoas a degustarem essa bebida milenar sempre harmonizando com combinações perfeitas, desde pratos simples à sofisticados, pois o que importa é beber e comer bem, devidamente acompanhado de um vinho, é claro. Atualmente cursando WSET 1 (em andamento).

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