A reportagem que foi sem nunca ter sido
![](/wp-content/uploads/2021/03/reporter.jpg)
Recupero aqui uma reportagem do dia 11/11/2020. A chamada era: “Brasil segue na contramão do mundo e tem maior baixa nos óbitos por Covid”.
A reportagem dizia: “Dos dez países líderes em mortes no mundo, oito registraram aumento na média móvel de novos óbitos na última quarta-feira em comparação com o dado de 14 dias atrás. No mesmo período, essa média caiu 25,9% no Brasil, passando de 436 mortes diárias em 28 de outubro para 324 na quarta. O único outro país da lista que também registrou baixa foi a Índia, mas em patamar muito inferior ao brasileiro (-2,5%).”
“Enquanto isso, o Reino Unido, que também viveu a experiência de ter uma queda expressiva no número de mortes de abril a junho, acumula alta de 73,0%. Os Estados Unidos também registram alguma preocupação. No intervalo analisado, a média móvel aumentou 30,4%. Também tiveram aumento Espanha (+74,4%), Alemanha (+195,1%), México (+11,1%), França (+122,4%), Rússia (+20,1%) e Itália (+197,6%). A média de mortes em todo o mundo avançou 38,0% no período.”
E a reportagem continuava: “A presença de coordenação nacional para a resposta à pandemia, o engajamento do presidente Bolsonaro, medidas restritivas austeras, alta adesão da população e o não surgimento de uma variante criaram uma “tempestade perfeita” positiva, nas palavras de especialistas.”
Onde foi publicada essa reportagem? Em lugar algum. Eu inventei, a menos das estatísticas, que são verdadeiras. Na verdade, só fiz um espelho de uma reportagem de hoje no Estadão. Só que desloquei as estatísticas cerca de quatro meses para trás.
![](/wp-content/uploads/2021/03/estadao-1.jpg)
![](/wp-content/uploads/2021/03/estadao-2.jpg)
![](/wp-content/uploads/2021/03/estadao-3.jpg)
Até concordo com os “especialistas” quanto ao diagnóstico da situação atual. O que me intriga é que quatro meses atrás vivíamos o exato oposto e não me consta que os fatores apontados tenham mudado substancialmente de lá para cá, a não ser quanto ao surgimento de uma nova cepa. Ou bem esses fatores influenciam sempre, ou não influenciam nunca. As duas coisas ao mesmo tempo não dá.