Pitacos olímpicos 1
Hoje o nadador brasileiro Guilherme Costa (Cachorrão) fez o melhor tempo de sua vida nos 400m livre (3m42′ 75″”), quebrou o recorde pan-americano, com uma performance que teria sido” ouro” em Tóquio. Terminou em quinto lugar, a 26 centésimos da medalha de bronze e a 56 centésimos da prata. Nessa distância, diferença irrisória, pouco mais de uma palma de mão em 8 piscinas de 50 metros.
Não é de se estranhar o estado do atleta brasileiro após a prova, aos prantos por não ter conseguido uma medalha. Em um momento como esse, de nada adianta dizer que foi um desempenho extraordinário e que pouquíssimos são capazes de fazer o melhor tempo da vida em uma final olímpica, com direito a recorde continental.
A rotina de um atleta que frequenta o panteão dos melhores do mundo é extremamente sacrificada. Nós, pessoas de vida normal, raramente temos ciência do grau de sacrifício que o cotidiano desses gigantes lhes exige e a olimpíada é o evento máximo, o apogeu de um ciclo de 4 anos, para o qual eles se preparam obsessivamente. Deixar de atingir seu objetivo por uma “nada centesimal” é doloroso demais.
Costa é a única esperança de medalha da natação brasileira em piscina nesses jogos, ainda disputará os 800m livre, prova em que também é um competitor forte. Espero que se recupere do baque psicológico e consiga subir ao pódio em Paris. O melhor nadador brasileiro da atual geração não merece passar em branco esse ciclo olímpico.
Pela TV, no conforto da nossas torcida nos sofás, o ritmo dos nadadores parece até coisa de gente normal, o que é o mais puro engano. A turma está se matando naquelas braçadas em um ritmo sobrenatural e um desfecho tão nivelado como o de hoje, definido por um detalhe, é de causar uma longa noite de insônia aos que perderam.
Os esportes individuais tem esse componente dramático que os diferenciam dos coletivos, onde seu time compartilha consigo a dor de uma derrota ou a glória de uma vitória. Isso amplifica a importância do psicológico e um deslize irrelevante pode lhe custar o trabalho de anos, algo que em um esporte coletivo normalmente pode ser “salvo” pelos colegas.
Por isso eu particularmente gosto mais das provas individuais nas Olimpíadas, em particular as de natação e atletismo. Frequentemente nos deparamos com histórias extraordináras, desfechos épicos, heróis e heroínas inesperados. Fica aqui a torcida para que o Guilherme Costa possa experimentar essa sensação ainda essa semana!
Sinto orgulho dos atletas brasileiros , porque com pouco apoio conseguem resultados incríveis. Imagino que se o Brasil tivesse uma Educação de qualidade, teríamos atletas com mais chances de ganhar medalhas.