Opinião

CPI da Pandemia: meu “mea culpa”.

Eu cheguei a pensar que a CPI da Pandemia tivesse pouca ou nenhuma serventia…

Eu estava errado.

Apesar de pouco ou nada avançar sobre seu tema original, além de nos proporcionar algum entretenimento (como no caso do show de Luciano Hang) a CPI da Pandemia nos mostrou outras questões importantes.

Não bastasse nos expor ao ridículo aqueles que a controlam, nos dando uma boa amostra da oposição que quer governar o Brasil, essas sessões da CPI nos permitiram entender a mentalidade arcaica de uma significativa parcela da classe política brasileira.

São inúmeras as passagens que poderiam ser destacadas desse circo de horrores.

Não se trata aqui de avaliar sua qualidade profissional ou o teor de seu depoimento, mas nunca antes dessa CPI, o parlamento brasileiro viu em suas dependências uma mulher idosa ser tratada com tanto desrespeito, como aconteceu com a Dra. Nise Yamaguchi. Um massacre moral, como bem descrito na ação promovida pela médica contra os Senadores Omar Aziz e Otto Alencar.

Dra. Nyse Yamaguchi em depoimento na CPI

Contudo, foi nessa mesma CPI que a “carta coringa do machismo” foi usada contra o Ministro Wagner do Rosário da CGU, quando esse em tom sereno e depois de ser ofendido disse que a Senadora Simone Tebet estava “descontrolada”. A “comoção” oposicionista foi geral. Geral e ridícula.

De dedo em riste, depois de ofender depoente a Senadora Simone Tebet
mostra todo seu “controle”

“O senhor me respeite por que eu sou um Senador”

Foi na CPI das “otoridades” que exigiam ser tratadas como tal, que vimos um relator com inúmeras acusações de corrupção chamar de Bobo da Corte, um empresário que emprega milhares de pessoas e gera milhões em tributos.

É tudo tão surreal que a responsabilidade da elaboração do relatório final ficará a cargo de um ser que em 2021 ainda não sabe pronunciar a palavra criptomoeda.

A condução dos trabalhos da CPI pelo Senador Omar Aziz é sem dúvida algo que merecia uma edição de ouro de seus “melhores” momentos.

Das tantas bobagens proferidas pelo senador amazonense, destaco a seguir uma recente, não por ser ilustrativa de suas claras limitações, mas por revelar um sentimento comum no Brasil: a mesquinhez diante do sucesso alheio. Para uma boa parte dos brasileiros o sucesso é imperdoável.

Quem empreende no Brasil sabe bem o quão hercúlea é essa missão. Da hora que se acorda até a hora que se dorme é uma luta desesperada pela sobrevivência contra um Estado voraz e paquidérmico.

Luciano Hang ironiza senadores da CPI da Covid. 'Está brincando com 600 mil vidas', diz Aziz - Sul 21
“O Senhor gera emprego, mas ganha dinheiro!”
(Isso aqui ô ô é um “pouquinho” de Brasil iá iá…)

A fala do Presidente da CPI é autoexplicativa, denota o pouco reconhecimento que se dá a quem gera emprego e demonstra o quão culposo é “ganhar dinheiro” para mentalidade tupiniquim média.

A manifestação do Senador ganha uma dose gigantesca de ironia vindo da boca de quem vem, alguém a quem não se pode chamar de “franciscano”.

Omar Aziz ao gritar que Hang ganha dinheiro, faz o caminho inverso do que seria razoável, condena o sucesso e a prosperidade, além de demonizar a quem deveria exaltar: quem gera riqueza.

É por conta de políticos como Aziz com sua mentalidade ultrapassada que o Brasil avança a passos de tartaruga.

O lado bom disso tudo é que sinto que essa minha percepção é cada vez mais crescente e políticos como esses, cada vez mais terão dificuldades em se reeleger. “Inshallah”.

Ao menos por isso, vejo hoje que essa CPI valeu a pena.

Marcelo Porto

Gênio do truco, amante de poker, paraíba tagarela metido à besta, tudólogo confesso que insiste em opinar sobre o mundo ao meu redor. Atuando no mercado financeiro desde 1986, Marcelo Porto, 54, também é Administrador de Empresas e MBA em Mercado de Capitais.

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