Brasil

Ainda vai demorar….

Em 2016 o Brasil se livrou do PT, mas as circunstâncias concebidas nos tempos de ‘Alibabá e sua criação’ seguem assombrando o país e dificultando a retomada da normalidade.

Quem achou que bastaria remover as laranjas podres do poder executivo para que a escuridão desse lugar a um céu de brigadeiro, enganou-se. O caminho é árduo e cheio de armadilhas.

A economia parou de piorar. Isso pode ter sido uma notícia alentadora há poucos meses, mas ficar estagnado no fundo do poço não é exatamente promissor. Essa é a perspectiva para 2017, que indica uma projecão de crescimento pífio, no máximo 1% de acordo com os mais otimistas.

Lembremo-nos que o governo atual, mesmo que bem intencionado e composto por quadros técnicos reconhecidamente competentes na área econômica, é fraco. Foi sócio minoritário daqueles que nos levaram até o brejo e como não poderia ser diferente nessa situação, tem vários de seus protagonistas suspeitíssimos de crimes de corrupção.

O Congresso Nacional, apesar de lhe prover ampla maioria, está aflito. Mais de uma centena de seus representantes estão em vias de serem alvejados oficialmente pela Lavajato, em virtude da oficialização da delação da Odebrecht. Assistem boquiabertos à prisão de políticos sem mandato outrora muito poderosos. Como é bom ter foro privilegiado!

O medo generalizado traz confusão. Nos bastidores, ensaia-se um confronto entre o Legislativo e o Judiciário, algumas frentes na Câmara e no Senado planejam solapar a efetividade da Lavajato através da inclusão de mal intencionadas ‘jabuticas’ camufladas dentro de projetos de lei em tramitação. No meio desse crescente clima de tensão, está nas mãos do Congresso a responsabilidade de votar reformas estruturais impopulares que recoloquem a economia nos trilhos.

Por serem emendas constitucionais, essas reformam demandam quatro votações, duas em cada casa. Um processo naturalmente lento, ainda mais enroscado pela efervescência do momento. Esse ano, a PEC do gasto público deve ser aprovada até meados de Dezembro pelo Senado. Além dela, a desobrigação da Petrobrás em investir em todos os campos petrolíferos foi um grande avanço, nos permitindo remover a política nacionalista tosca e ignorante antes vigente, uma das responsáveis pela ruína da empresa (além da roubalheira em escala industrial). Também percebemos sinais positivos nos processos recentes de concessão/privatização, prática demonizada pela gestão anterior, devota do estado gigante e ineficiente.

No campo econômico, esse foi o resumo prático do governo Temer até o momento. E a pergunta que vem à cabeça: seria possível acelerar o ritmo das mudanças? Considerando as complicações já descritas, não é razoável manter expectativas que superem o feijão com arroz básico. Esse governo é vítima do seu próprio passado de coadjuvante do petismo.

Para piorar, a provável política de expansão fiscal de Donald Trump, que prometeu aumentar o gasto público para revitalizar a infra-estrutura nos EUA, aumentará as taxas de juros por lá, valorizando mais o dólar e dificultando o combate à inflação por aqui, e consequentemente reduzindo a velocidade de redução nas nossas salgadas taxas de juros. A consequência disso seria menor crescimento do PIB e mais lentidão na retomada. Muitas instituições já estão revisitando suas projeções para baixo.

Infelizmente, para todos nós, ainda vai demorar para percebermos uma melhoria concreta no ambiente econômico. São os efeitos colaterais de anos de irresponsabilidade e incompetência. Haja paciência…!

Victor Loyola

Victor Loyola, engenheiro eletrônico que faz carreira no mercado financeiro, e que desde 2012 alimenta seu blog com textos sobre os mais diversos assuntos, agora incluído sob a plataforma do Boteco, cuja missão é disseminar boa leitura, tanto como informação, quanto opinião.

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