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O grande desafio do covid-19

O grande desafio do novo corona vírus não é a sua letalidade, baixa e que tende a ser menor que o usualmente divulgado, à medida que conhecemos mais a doença, e sim o tempo de permanência na UTI para os casos graves. São duas semanas em média, e isso deve ser muito maior que o período de internação usual (peço aos médicos que se manifestem).

Então você imagine um vasto contingente de pessoas entrando ao mesmo tempo na UTI e com a perspectiva de ocupá-la por duas semanas. A doença tem o potencial de entupir os canais de saída de casos graves de um hospital.

Tome uma linha de produção que funcione perfeitamente até a última etapa, até que nesse momento uma máquina pifa e a indústria não consegue liberar o produto final. Ou um banco que aprova um empréstimo e se vê impossibilitado de efetuar o depósito na conta do cliente. Agora imagine essa situação de travamento ocorrendo por muito tempo. Seria um problemaço para a indústria e para o banco…

Analogamente, visualize os hospitais abarrotados de pacientes em suas UTIs por um período prolongado, sem conseguir atender à demanda usual, já que a capacidade está toda utilizada. Os óbitos por covid seguirão sua proporção normal, mas aí teremos os acidentados, enfartados, AVCs etc…sem tratamento adequado.

Três soluções:

A primeira é diminuir a demanda por hospitais através do isolamento, reduzindo a quantidade de gente infectada. Ganha-se tempo e mais pessoas vão ficando imunizadas. Para esse fim estamos ‘reclusos’ desde 18/03.

A segunda é ser o mais eficiente possível no tratamento em leito clínico, evitando a migração dos pacientes para as UTIs, onde está o gargalo. Aí entra a conversa do remédio. Há que se evitar a todo custo que ocorra essa mudança de estágio. Aparentemente, a tal Hidroxicloroquina está sendo usada em larga escala logo no começo do tratamento. Se em situação normal, x% dos clientes passam para a UTI e algum protocolo o reduz, é um alívio para sistema;

A terceira é ampliar a capacidade das UTIs, ou melhor, dos leitos com respirador. Não sei quanto evoluímos nesse item, pois falta-nos a essencial transparência.

Quando medimos os números de óbitos, eles comparativamente estão bem mais baixos que no hemisfério norte, o que é uma ótima notícia, pois no final, todo esforço é para evitá-los. Ocorre que somente essa info não nos permite ter uma visão sobre a possibilidade de colapso. Se ele ocorrer, o vírus passará a matar indiretamente pessoas com outras enfermidades, por falta de atendimento.

O números de óbitos parece ter estabilizado, e tal qual aconteceu com os europeus um pouco antes de nós, é possivel que tenhamos atingido o pico da doença nessa onda. A afirmação merece cautela, pois o óbito, como já foi dito, é o final do ciclo (assim como a cura).

E tão importante para sabermos se o sistema de saúde dará conta do recado são as informações de início do ciclo combinadas com a capacidade e ocupação dos leitos. Com só um pouco de competência e transparência teríamos acesso a elas…’sqn’.

Fosse o período médio de internação na UTI de uns 2 dias, provavelmente nem teríamos quarentena. Mas são duas semanas, é aí que o bicho pega.

De qualquer maneira, tudo indica que estamos no pior momento. Desse ponto em diante, só vai melhorar.

Victor Loyola

Victor Loyola, engenheiro eletrônico que faz carreira no mercado financeiro, e que desde 2012 alimenta seu blog com textos sobre os mais diversos assuntos, agora incluído sob a plataforma do Boteco, cuja missão é disseminar boa leitura, tanto como informação, quanto opinião.

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