A polêmica sobre a ‘Bola de Ouro’
Um pouco de história e contexto sobre essa premiação de melhor jogador do mundo.
Em 1956 a revista France Football criou o prêmio ‘Ballon D’or’ para o melhor futebolista europeu da temporada, que vai de Julho a Junho. Permaneceu assim até 1995, quando abriram a possibilidade da participação de jogadores estrangeiros que atuassem na Europa. A partir de 2007, a disputa passou a ser efetivamente global, não se restringindo a atletas atuando no velho continente.
Entre 2010 e 2015, a FIFA se juntou à revista francesa, também intitulando como prêmio ao vencedor o ‘FIFA Baloon D”or’. Antes disso, não havia um reconhecimento oficial da FIFA, e nesse período (2010-2015) ocorreu uma espécie de “Joint-Venture” de premiações.
A partir de 2016, a FIFA resolveu criar seu próprio prêmio, o “The Best FIFA player award” que diferentemente da “France Football” , considera o ano calendário (Jan-Dez) como referência, com a cerimônia final ocorrendo em Janeiro do ano seguinte.
Os critérios também são distintos, no caso da revista France Football são 100 jornalistas representando os 100 melhores países no ranking da FIFA, portanto, um jornalista por país, que elegem os dez melhores jogadores em uma lista de 30. Os dez primeiros recebem uma pontuação baseada na sua classificação (no caso do futebol feminino, são 50 jornalistas). Apenas para constar, no caso brasileiro o jornalista indicado foi Cleber Machado, que revelou ter votado em Vini Jr em #1 e Rodri #2. Houve outros 99 votantes.
Me parece um pouco “fantasiosa” a versão de que Vini Jr perdeu por causa de sua militância anti racista ou algo do gênero. Não é a UEFA ditando quem ganha, tampouco é a revista, são os votos de 100 jornalistas, de 100 países diferentes. É um tanto sem lógica afirmar que houve um “acordão” para punir o Vini Jr pela sua postura, etc. “Menos gente, menos”, vamos aprender a perder. Só falta agora virem acusações que houve fraude na votação…
Mas e o prêmio da FIFA, qual critério? Bem, um grupo de ex-jogadores notáveis (o brasileiro da lista é o Kaká) define a lista de 10 melhores do ano e esses nomes são submetidos à votação. Participam dela os capitães das seleções nacionais, os treinadores das mesmas seleções, jornalistas dos países afiliados à FIFA (também é um por país) e ainda existe uma enquete popular, aberta ao público. Os três primeiros colocados pontuam e ao final o vencedor é quem faz mais pontos. Não tenho a informação de como é ponderada a votação popular no cômputo geral.
De qualquer maneira, no meu entendimento, o prêmio da FIFA, apesar de mais recente (concedido desde 2016), tem mais “autoridade” do que o da revista francesa, por englobar muito mais atores e genuinamente considerar quem é do ramo e está atuando (jogadores e treinadores). A France Football pode até ter mais fama, uma vez que está no ar desde 1956, mas entendo que o prêmio da FIFA é mais importante.
Vini ainda pode ganhá-lo. Só que não se trata de uma barbada. Ele também pode perder, mas e daí? Daí é tratar de focar no futebol e ganhar nos outros anos. Sem mi-mi-mi, sem chororô.
Em temas menores do cotidiano percebe-se como as pessoas perdem facilmente a âncora da racionalidade em discussões banais, assim como a velocidade com a qual uma teoria da conspiração ganha corpo…
Agora, mais uma constatação incômoda, Vini Jr não se dignou a cumprimentar Rodri pelo prêmio, uma atitude bastante antipática. O Vini tem o direito de se achar injustiçado, mas o Rodri não tem nada a ver com isso. É o que chamam de “fair play”, característica que parece faltar no comportamento do brasileiro e que talvez ajude a explicar a sua segunda colocação, além do desempenho muito abaixo do esperado com a camisa da seleção.
Assim que é, um dia vencemos em outro perdemos.
Onde eu assino?