Opinião

Um pouco mais sobre pesquisas eleitorais: além dos números consolidados.

Há algumas semanas o site Poder360 publicou uma pesquisa de intenções de votos para presidente, que me chamou a atenção pelos resultados estratificados.

Gostaria de propor uma reflexão usando essa pesquisa como base, justamente por conta dos resultados das estratificações.

Peço a vocês que olhem com bastante atenção o quadro – e somente este quadro, num primeiro momento.

Reparem no seguinte ponto: das 17 linhas que mostram as diversas situações de estratificação da pesquisa, em apenas 7 delas existe uma clara diferença de intenção de votos, sendo 6 favoráveis ao Lula. Ou seja, em 10 (mais da metade), o que se tem é o chamado “empate técnico”.

E o que quer dizer o tal “empate técnico”? Longe de mim explicar tecnicamente aqui, até porque vários dos habitués do PdB são muito mais versados em pesquisas estatísticas do que eu, que começo a engatinhar com mais frequência nesse tema. Eu entendo o empate técnico em uma pesquisa como sendo uma situação em que parece haver uma tendência, mas não há uma definição clara da intenção de voto. Ou seja, no final, o resultado pode pender para um lado ou outro.

Repare, por exemplo, a pesquisa por região. Lula tem uma grande vantagem no Nordeste, mas em todas as outras há um empate técnico, sendo que em três delas há ligeira vantagem de Bolsonaro.

Quando se lê o número total, o aglomerado, vê-se que Lula tem 43% de intenção de votos, contra 35% de Bolsonaro. Uma provável vantagem de 8%.

Eu faço a seguinte pergunta: se você fosse o responsável pela campanha do Bolsonaro, e tendo acesso a esse tipo de pesquisa, que caminho você tomaria? Procuraria desqualificar as pesquisas eleitorais, mobilizando a sua claque constantemente, com resultados práticos questionáveis ou analisaria a fundo essa estratificação para decidir os próximos passos de sua estratégia para conseguir votos?

Sim, minha pergunta é forçada, pois acredito que os responsáveis pelas campanhas usam as pesquisas, especialmente os dados estratificados de diversas pesquisas, para definir sua estratégia. Eu não duvido que todo esse movimento de desqualificar as pesquisas é muito mais “jogo para a torcida’ do que propriamente uma atitude pensada como parte de uma estratégia séria de marketing político.

É lógico que a mídia, de um modo geral, cria as chamadas (manchetes) com números “macros”. Sempre foi assim e sempre será. Sobre qualquer assunto, a manchete tem o objetivo de chamar a atenção para algo de forma a fazer a pessoa entrar na matéria. E por isso tendem a ser chamativas.

Porém, se prestarmos atenção nos resultados estratificados, percebemos que apesar da razoável diferença de 8% nos dados consolidados desta pesquisa em particular, uma possível virada a favor de JMB seria perfeita e racionalmente explicável a partir da interpretação da evolução dos dados estratificados e não necessariamente a partir de teorias conspiratórias, cujo principal objetivo, na minha opinião, é desestabilizar o ambiente e gerar dúvidas sobre a lisura do processo eleitoral.

(Fonte: https://www.poder360.com.br/poderdata/lula-tem-43-contra-35-de-bolsonaro-tebet-tem-so-tem-1/) (NOTA: por questão de visualização, cortei algumas notas que existem no quadro no site original, as quais copio ao final do artigo por questões de referência).

Marcel Fleming

Gerente de projetos, professor, cruzeirense, fotógrafo e ciclista nas horas vagas. Graduado em computação, sempre me interessei pela Política e pela Economia, tanto que atualmente sou mestrando em curso correlacionado.

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