EsporteOpinião

Últimas cornetadas sobre o Brasileirão 2023

Depois de dormir o sono dos aliviados, vamos para as cornetadas finais desse Brasileirão 2023.

O campeão, Palmeiras, resgatou o título que doou em 2009. Com apenas 70 pontos, segunda menor pontuação da história, levou o caneco, e Abel Ferreira atinge a impressionante marca de 9 ttriunfos em sua passagem pelo clube. Exceto por alguns jogos no meio de campeonato, quando engatou uma sequência ruim, o Palestra foi bastante regular e durante boa parte da competição esteve no G4. Podemos dizer que o momento definitivo se deu aos 37 minutos do segundo tempo da partida contra o Botafogo, que vencia por 3×1 e tinha um pênalti a seu favor, desperdiçado. A partir dele, o Palmeiras fez 3 gols, destruiu o frágil emocional dos botafoguenses e partiu para cima. Há quem não tenha gostado do desfecho, pelo limitado número de pontos do campeão. Eu prefiro assim do que ver o título definido com algumas rodadas de antecipação. Parabéns ao Palmeiras, que mantém uma hegemonia impressionante durante a “era Abel” .

Apenas dois pontos separaram o campeão do surpreendente Grêmio, que veio direto das sombras da Segundona para o topo da tabela, um feito típico do clube que vai do céu ao inferno e vice versa em um piscar de olhos. O sucesso tem nome, Renato Gaúcho, e sobrenome, Luisito Soares. Não fosse a inaceitável derrota em casa para o Corinthians, a poucas rodadas do final, o tricolor gaúcho teria sido campeão.

Atlético MG e Flamengo estavam cotados para disputar o título antes do início do campeonato e fecham o G4, o primeiro como melhor time do returno, despertou para competição um pouco tarde, tivesse engatado com umas cinco rodadas de antecedência, poderia ter melhor sorte. Felipão mais uma vez fez um trabalho consistente. O Flamengo, embora na Libertadores, não esteve à altura das expectativas do seu milionário elenco, o mais caro do Brasil, já com pinta de estar “envelhecendo”. Alguma renovação será necessária se quiser eliminar o estigma do “cheirinho”.

E o Botafogo? Sem palavras para descrever a maior entregada da história, mas sejamos justos, se no início do campeonato fosse dada à torcida duas opções, a certeza de chegar em quinto e disputar uma Pré Libertadores ou o risco de transitar pelo campeonato de 1° ao 20°, não tenho dúvidas de que quase todos optariam pela primeira.  O título do Botafogo seria tão surpreendente quanto sem lógica. Agora o risco é uma eliminação antes da fase de grupos da Liberta, o time fez um returno digno de rebaixado.

O Red Bull Bragantino termina em sexto e se consolida como um clube importante do futebol brasileiro. Desde sua chegada à elite, o tine do energético mantém uma consistente regularidade, jamais passou por apuros, volta e meia belisca uma vaga na Libertadores e usualmente faz boas campanhas na Sul-americana. Falta um título para o time de Bragança mudar de patamar. Aqui há que se fazer duas considerações, primeiramente é mais fácil competir sem tanta pressão por resultados de uma grande torcida. Por outro lado, a camisa também pesa menos nos momentos decisivos. Em alguns deles, durante a via-sacra do Botafogo ladeira abaixo, houve a oportunidade do Red Bull assumir a liderança e se distanciar no pelotão de frente. Falharam.

O Fluminense termina em 7° e deixa a sensação de que poderia ir mais longe, tinha potencial para isso, mas a priorização da Libertadores lhe custou a briga pelo topo da tabela. Não dá para ter tudo e  o saldo para o tricolor das Laranjeiras é amplamente positivo.

Já o Athletico PR não disputará a Libertadores no ano do seu centenário, frustrando as expectativas de sua torcida. O time teve um desempenho um pouco abaixo do usual, mas por outro lado, quando se diz que em um ano ruim o clube termina em 8° é por que ele já está na confraria dos melhores.

Em 9°, o Internacional, de muitos altos e baixos, também termina com a mesma sensação que deixou o Fluminense, mas sem o título da Libertadores, que em 5 minutos tenebrosos no Beira Rio, escorreu de suas mãos. O clube precisa ganhar algo além do campeonato gaúcho para se livrar da crescente fama de cavalo paraguaio.

A temporada do Fortaleza acabou nos pênaltis da final da Sul-americana e a decíma colocação está condizente com as possibilidades do time, que entra para a história como aquele que pela primeira vez fechou a tampa do caixão do Santos, em plena Vila Belmiro.

Em 11°,  o São Paulo ganhou o ano na sua primeira Copa do Brasil. Diferentemente do Fluminense, que poderia ter ido mais longe não fosse a priorização na competição internacional, o tricolor paulista não tinha elenco para brigar pelo título e fez uma campanha protocolar, só vencendo a primeira partida fora de casa na 37° rodada. Não fosse o trunfo inédito na Copa, esse desempenho estaria sendo amplamente criticado pela torcida.

Em 12°, o Cuiabá se consolida como time da zona intermediária, desde que subiu à elite, não passou apuros e não dá sinais de que virá a ser um clube ioiô (que vai e volta da Segundona), falta começar a avançar na Sul-americana para ganhar mais musculatura e respeito.

O Corinthians, em 13°, teve mais um ano medíocre. É bem verdade que a ameaça de rebaixamento sempre esteve um pouco distante., o clube se manteve regularmente a alguns pontos da confusão, mas muito longe de ser competitivo. É bom abrir os olhos para não trilhar o caminho do alvinegro do litoral nos próximos anos.

Em 14°, o Cruzeiro decepcionou pelo conjunto da obra, mas saiu no lucro. Avistou o precipício na derrota para ao Coritiba, mas conseguiu um gás derradeiro, escapando a duas rodadas do fim. Claramente, um desempenho abaixo do esperado, mas a vaga na Sul-americana acabou valendo o ano.

Em 15°, o meu Vascão sem nenhuma dúvida foi o time que mas exigiu do seu torcedor. Ao final da 17° rodada, era o lanterna com 9 míseros pontos e dado como morto. A chegada de Ramon Diaz e mais alguns reforços decisivos mudaram o rumo da história, fez a sexta melhor campanha do returno e termina o ano deixando a impressão que o pior ficou para trás. O tempo dirá.

O Bahia, em 16°, também esteve muito abaixo das expectativas criadas pela SAF, manteve-se na primeira divisão após uma inesperada goleada em cima do Galo, depois de vacilar demais nas rodadas finais. Foi por um fio.

E o Santos, quem diria, amarga o primeiro rebaixamento de sua história. Na verdade, foi a colheita do que o clube está plantando há algumas temporadas. Um time horrível na maior parte do campeonato e melancólico na reta final. Eu assisti a Coritiba X Santos no Couto Pereira, ainda no primeiro turno do Brasileiro. Foi um show de futebol de várzea a ali estava claro que ambos os times tinham o DNA da queda.

Goias, Coritiba e América-MG se estabelecem como clubes ioiôs. Caíram, mas logo voltam. Aliás, quando subirem, podemos dizer também que logo cairão. O Coelho até ensaiou voos maiores nos últimos anos, mas é um clube com pouca torcida, esprimido entre a Raposa e o Galo, difícil manter a consistência por muito tempo.

Esse ano, foi a primeira vez que nenhum dos 4 egressos da Segundona na temporada anterior caiu. Eu acho que o fenômeno não se repetirá ano que vem, quando teremos Vitória, que há 2 anos estava na série C, Criciúma, após longo período afastado da elite, Juventude e Atlético-Go (dois ioiôs de tradição).

Foi o campeonato com melhor média de público da história, superando os 26mil por partida, ainda não está no nível das principais ligas europeias, mas é um grande avanço em relação ao passado recente, e seguramente um dos mais equilibrados dos últimos tempos.

Registro aqui os melhores do ano, na minha concepção:

– Maior surpresa: Botafogo na Libertadores
– Maior decepção: Botafogo na Pré Libertadores
– Melhor treinador: Abel Ferreira (Palmeiras)
– Melhor jogador :Luisito Soares (Grêmio)
– Melhor goleador: Paulinho, (Galo)
– Melhor goleiro: Ueverton (Palmeiras), menção honrosa para Léo Jardim (Vasco)
– Melhor frase: ‘No va a bajar” (Ramón Díaz, Vasco)

Que venha 2024 com menos sofrimento!!!

Victor Loyola

Victor Loyola, engenheiro eletrônico que faz carreira no mercado financeiro, e que desde 2012 alimenta seu blog com textos sobre os mais diversos assuntos, agora incluído sob a plataforma do Boteco, cuja missão é disseminar boa leitura, tanto como informação, quanto opinião.

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