Atualidades

Uma grande província distante chamada Brasil

No período em que morei em Londres, nos longínquos anos de 2007/2008, me deparei com o nível máximo de “cosmopolitanismo” que um lugar no planeta pode ter. Você se sente um cidadão do mundo, não somente pelo fato de que 38% da população da cidade é estrangeira (de outro país), mas também pela “densidade” do noticiário internacional na imprensa, muito amplo e com profundidade.

Talvez pelo fato de um dia terem sido um império global, com colônias em todos os cantos , os britânicos são mais curiosos e acostumados a dar importância aos acontecimentos de outros países.

Esse sempre foi um aspecto muito positivo na minha experiência por lá, porque você simplesmente expande seu modo de ver as coisas para além dos temas cotidianos da sua “paróquia”.

Quando decidi pelo meu retorno ao Brasil (em 2009), sabia que perderia esse “toque de globalidade’, pois a nossa cobertura de causos do mundo é muito limitada. Somos um” continente” localizado a no mínimo 8 horas de voo dos grandes protagonistas do planeta. Longe de tudo e com uma vizinhança que nem fala a nossa língua, esse “provincianismo” é uma consequência natural dessas condições.

Por exemplo, está rolando uma tensão crescente entre EUA e China por causa da visita de Nancy Palosi à Taiwan,  e em algum momento durante o dia  busquei notícias sonbre o assunto nos principais portais brasileiros e não as  encontrei. Certamente voltaräo à baila, mas sempre sob forma de reportagens breves e superficiais. Quem deseja se manter informado sobre o mundo, não encontrará subsídio na imprensa local.

É verdade que os EUA tampouco são um bom exemplo nesse aspecto, focados em demasia no próprio umbigo  (assuntos internos), mas dada a sua relevância no âmbito internacional, também o noticiário lá sobre assuntos internacionais é mais completo que o brasileiro.

A nossa vizinhança está vinculada pelo mesmo idioma e laços culturais próximos, com uma história colonial similar, e decorrente disso há uma maior conectividade entre eles, ao menos com assuntos sul-americanos, dos quais também estamos relativamente afastados.

Ou seja, no quesito “envolvimento com assuntos do mundo”, somos uma grande província um tanto isolada do planeta, que se basta e cultiva seus assuntos internos como ‘grandes temas da humanidade’. Confesso que sinto saudade da “atmosfera” cosmopolita londrina, mas não se pode ter tudo na vida…

Victor Loyola

Victor Loyola, engenheiro eletrônico que faz carreira no mercado financeiro, e que desde 2012 alimenta seu blog com textos sobre os mais diversos assuntos, agora incluído sob a plataforma do Boteco, cuja missão é disseminar boa leitura, tanto como informação, quanto opinião.

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