Sobre arte, pedofilia, zoofilia e exposições canceladas
O mundo contemporâneo não vive sem uma boa polêmica nas redes sociais. A discussão da hora está relacionada ao cancelamento de uma exposição de arte no espaço cultural Santander, em Porto Alegre.
A amostra contemplava obras de vários autores e supostamente sua ênfase seria na diversidade sexual. Até aí, tudo bem. Um artista tem o direito de expor qualquer caraminhola que venha à sua cabeça, denominá-la ‘arte’ e compartilhar pelos quatro cantos do mundo. O público irá consumí-la conforme seu gosto.
Ocorre que tal exposição continha algumas obras de conteúdo pornográfico (crianças em idade escolar eram um dos públicos alvo da amostra), outras que poderiam suscitar a pedofilia (a afirmação está longe de ser uma unanimidade), zoofilia (de extremo mau gosto), além de zombar de símbolos cristãos. Não sem razão, gerou imenso descontentamento nas redes sociais. Muitos clientes do banco reclamaram e ameaçaram cancelar seu relacionamento com a instituição, vídeos e posts proliferaram pela web criticando a amostra.
Assim como o direito à livre manifestação é sagrado, o direito à crítica também. Artistas e figura públicas estão sujeitos a isso. E a pressão de uma parte opinião pública foi tão ruidosa que o banco resolveu cancelar a exposição, certamente após uma análise de risco e recompensa. É possível que sua diretoria tenha tomado ciência da situação quando o estrago já estava feito. Obras polêmicas expostas em uma sala de acesso restrito a adultos teriam evitado a celeuma, o que não aconteceu. Não houve censura, como propagam alguns desinformados, mas sim reação a um boicote. Qual o problema nisso? Nenhum. O patrocinador é soberano para decidir quando é uais eventos apoiará.
O assunto estaria encerrado não fossem as manifestações de apoio à exposição e resmungos pelo cancelamento da amostra, feitas por artistas e intelectuais das mais variadas vertentes. O patrocinador agora era alvejado por ter se submetido à pressão de ‘segmentos conservadores e autoritários’ da sociedade. Mais uma vez a denominação fascista foi usada em vão, de forma recorrente. Santa ignorância.
Alto lá. Sejamos coerentes. Ninguém foi forçado a cancelar nada e quem é defensor da livre manifestação deveria tolerá-la, seja qual for seu direcionamento. Se o patrocinador mudou de ideia para atender aos reclamantes, a culpa não é deles, que tem o legítimo direito de reclamar do que quiserem, assim como os incomodados de momento podem fazê-lo à vontade.
Não foram poucas as ironias aos clientes que ameaçaram cancelar seu relacionamento caso a exposição prosseguisse. Ora, uma instituição patrocina eventos que estejam alinhados aos seus valores e se os mesmos destoarem daqueles que são caros aos seus clientes, é natural que os mesmos se incomodem e manifestem sua insatisfação.
As obras polêmicas são de péssimo gosto, mas esse não se discute, no máximo, lamenta-se. Aos inconformados com a não realização do evento, que ajudem encontrar outro espaço que dê guarida ao quadro de um jovem fornicando com uma cabra, ou ao da ‘criança viada travesti da lambada’. De quebra, ainda poderão se deleitar com a provocação de uma mala repleta de óstias com os nomes de genitais. Não faltarão mecenas para essa ‘arte’
Em tempo, a reação contra o estímulo à pedofilia ou ao conteudo pornográfico direcionado a crianças é digna de aplauso. O dia em que a sociedade permanecer neutra ou contemplativa em relação a esse assunto teremos chegado ao fundo do poço. Em muitos casos, diga-se de passagem, ela não reage. Nesse caso, reagiu.
Boa Victor, concordo totalmente com voce.
Ótimo texto. Isso foi uma palhaçada. Espero que o Santander tome mais cuidado em patrocinar algum evento.
Sempre ótimos textos.
Parabéns.
Parabéns pelo texto. Inteligente e perspicaz.
Parabens gostei do seucomentario imparcial e criterioso. Abominei a exposição!! Tem quem goste! Mas que o Santander pisou na bola isto nem se discute! Neta zero para o Santander!!!
Muito boa a sua percepção dos dois lados da moeda, Victor.