Opinião

Mexeu com uma, mexeu com todas – ou não

A praga chamada “politicamente correto” só admite dois posicionamentos; o deles, descrito como “do amor, do bem, da inclusão e da democracia” e o de quem ousa discordar deles, rotulado como ultradireita fascista, racista, sexista e homofóbica. Não aceitam qualquer argumentação, por mais lógica que seja. E, embora se anunciem como “paladinos da democracia” se portam muito mal quando são derrotados nas urnas, e fazem o possível para atrapalhar tudo o que os “inimigos” eleitos tentem fazer.

Javier Milei, o novo presidente argentino, é a bola da vez. Acaba de apresentar seu ministério, com um percentual de participação feminina como nunca houve antes. Pensam que a “turma da inclusão” comemorou? Sabe nada, inocente. Grupos feministas já se manifestaram dizendo que “as mulheres nomeadas por Milei pensam que nem ele, por isto não são representativas. São mulheres machistas”.

Este novo conceito me confundiu um pouco. Estamos no “Mês da Mulher” mas, se eu entendi bem, o nome deve ser trocado por “Mês da Mulher Representativa”. Indo mais longe no raciocínio, entendo que, de agora em diante, se você souber de um caso de machismo, antes de denunciar é preciso saber em quem a vítima vota. Mulheres “Não-Representativas” não merecem ser apoiadas. Talvez por isto todo o alarido em torno do brutal assassinato da vereadora Marielle Franco tenha acabado de uma hora para a outra; o assassino, finalmente descoberto, não era “Representativo”. Pessoal, isto é muito feio…

Resumindo, a máscara da “Turma do bem” está se desmanchando; na verdade, é o velho fascismo de sempre, sob nova direção. Ou crê ou morre, Santa Inquisição na veia. Em algum lugar do inferno, Torquemada deve estar rolando de rir. O que eles querem não é igualdade ou inclusão, é mandar em todo mundo. Dizia Millôr Fernandes, “o poder corrompe, mas o poder absoluto corrompe muito melhor”. Mordaça na boca dos outros é chocolate.

Modéstia à parte, eu já tinha profetizado sobre o assunto aqui mesmo no Boteco (ver https://papodeboteco.net/opiniao-princ/a-luta-e-pela-inclusao-dos-meus-amiguinhos/ ). Como na maravilhosa metáfora da “Revolução dos Bichos”, de George Orwell, para esta turminha “todos os bichos são iguais, mas alguns são mais iguais que os outros”. E o pior de tudo é que, com sua hipocrisia e incoerência, prejudicam o bom combate, aquele que todos os cidadãos de bem, independente de orientação política, devem travar, diariamente, contra o machismo, o racismo, a homofobia, a censura…

Enfim, vida que segue.

Marcio Hervé

Márcio Hervé, 71 anos, engenheiro aposentado da Petrobras, gaúcho radicado no Rio desde 1976 mas gremista até hoje. Especializado em Gestão de Projetos, é palestrante, professor, tem um livro publicado (Surfando a Terceira Onda no Gerenciamento de Projetos) e escreve artigos sobre qualquer assunto desde os tempos do jornal mural do colégio; hoje, mais moderno, usa o LinkedIn, o Facebook, o Boteco ou qualquer lugar que aceite publicá-lo. Tem um casal de filhos e um casal de netos., mas não é dono de ninguém; só vale se for por amor.

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2 Comentários

  1. Hervé,
    Você tem razão. Desde que se faça parte do grupo que quer o poder ou o que luta para mantê-lo, os métodos são bastante parecidos. A retórica, as “fake news”, os ultrajes e assassinatos de reputação. Como se v6e, o tempo passa, mas a manhas para se manter encastelado ou conquistar o poder são as mesmas. O príncipe de Maquiavel sempre atual.

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