Brasil

Hora de dar ‘PT’ no PT

Ao publicar esse texto em mar aberto, ouvirei uma série de xingamentos dos seguidores fanáticos que não aceitam pensamento divergente. Tenho direito de desejar uma derrota maiúscula do PT. Mas essa tarefa caberá ao eleitor, no crucial momento que se avizinha.

Antes de mencionar a corrupção, industrializada na era petista, concentrarei meus argumentos na incompetência, de efeitos colaterais terríveis e bem atuais.

O pior quadriênio da história do Brasil, concebido pela inigualável dupla Dilma e Mantega ceifou 8% do PIB, gerando a estrondosa marca de 13 milhões de desempregados e lançando 8 milhões de brasileiros de volta à condição de extrema pobreza, gente que sobrevive com menos de R$ 250 mensais.

O inchaço da máquina pública, uma questão ideológica, produziu um incremento de 463% nas despesas primárias entre 2001 e 2015, ante 166% do IPCA acumulado no período. A gastança desenfreada e irresponsável não poderia resultar em nada diferente de um Estado pré falimentar com déficit ascendente e praticamente incontrolável.

A educação, na melhor das hipóteses, estagnou no período a partir de 2002. O desempenho do Brasil no teste Pisa, mensurado desde o início do século, sempre foi vergonhoso. Os resultados das provas no ensino fundamental são igualmente desanimadores. Muito embora a responsabilidade pelo ensino público no período pré universitário seja dos Estados, cabe ao governo federal realizar a indução e coordenação desses esforços. No período petista, além de provas do Enem cercadas de suspeitas de fraude, quase nada se avançou. As universidades federais, sucateadas, são um sorvedouro de recursos, além de passarem vergonha nos rankings internacionais. Não há quem possa exemplificar a educação como um exemplo de gestão pública na era petista.

A taxa de homicídios cresceu 10% entre 2005 e 2015, quando atingiu a constrangedora marca de 29 assassinatos / 100 mil habitantes. Embora resultante também da ação dos Estados e do Poder Judiciário, a omissão do governo federal em prover segurança nas fronteiras e atuar com mais rigor na legislação penal ajuda a construir o caos. Afinal, que governante sério não agiria quando quase 60 mil de seus cidadãos são assassinados por ano? O assunto nunca esteve na lista de prioridades de Lula e Dilma.

Foram criadas 41 estatais nos 13 anos de petismo, que acumularam R$ 8 bilhões de prejuízo no período, além de outros tantos bilhões em gastos com a folha salarial. A Petrobrás, que chegou a ser uma das empresas mais valiosas do mundo, derreteu em quase R$ 500 bilhões sob a batuta de Dilma. As estatais do setor elétrico, também sob forte intervenção da mais inepta, geraram R$ 105 bilhões de prejuízo nos últimos anos. O uso pouco republicano dessas empresas, cujas diretorias são populadas por indicações políticas, causam prejuízo bilionário à população no atacado, decorrente de operações deficitárias que oneram o tesouro, e no varejo, desde pequenos delitos a roubalheiras gigantescas.

Não faltam outros exemplos, nos mais diversos setores. Mas a grande interrogação é o que pensa o partido sobre ações para economia em um período onde não teremos o boom de commodities a inundar nossos cofres, tampouco fartos investimentos externos. Na bonança, mesmo os mais incompetentes dão conta do recado. Na escassez é que são elas, e o PT já mostrou do quanto é incapaz. O candidato Haddad, a quem o paulistano enxotou de sua prefeitura em 2016, só sabe mencionar o nome do chefe na campanha, buscando explorar o fascínio que o presidiário mais querido exerce sobre parte da população, em particular aqueles com renda de até 1 salário mínimo e no máximo com formação até o quarto ano do ensino fundamental, especialmente suscetíveis ao voto de cabresto ou populista. Ao negar seus próprios erros, o partido reitera que irá repetí-los.

E o que dizer da corrupção, mal que abduziu as almas antes puristas do partido, que se refestelaram como poucos na esbórnia . O capitalismo de compadre, modelo tupiniquim levado ao estado da arte pelo governo petista, tornou muitos corruptos e corruptores milionários. O esquema, desbaratado pela Operação Lavajato, levou quase toda cúpula petista para cadeia, incluindo o grande chefe, ficha suja e condenado por unanimidade em segunda instância. Do xilindró, ele ainda manda e desmanda na máquina do partido, tornando-o refém de suas próprias vontades. Incrível que ainda existam inocentes úteis que relevem os crimes cometidos em série pela organização e vários de seus dirigentes, cada vez mais usuários da desculpa de que todos os políticos são iguais e que a corrupção é um mal menor.

Pois cá estamos nós diante do veredicto que pode converter o PT em um reles oposicionista ou trazê-lo novamente para o centro do poder. Voraz e vingativo, os vermelhos pretendem solapar de vez as operações anti corrupção e soberbos, dobrarão as apostas no modelo econômico que fracassou de maneira retumbante há pouco tempo. Julgados e condenados pelos tribunais, terão no eleitor seu magistrado definitivo.

O Brasil, de memória curta e facilmente influenciável por apelos emocionais, não pode falhar dessa vez, sob pena de mergulhar em um período tenebroso de recessão, que além de tudo pode estimular a veia autoritária do partido da estrela vermelha.

Já escrevi isso em outras ocasiões, e reforço novamente que se o PT, partido com o qual já simpatizei em um longínquo milênio passado, a quem um dia considerei honesto, enfrentar o capeta em qualquer eleição, eu abraço o ‘coisa ruim’ sem medo de errar. É hora de dar PT no PT. Que seja inapelável e inconfundível.

 

Victor Loyola

Victor Loyola, engenheiro eletrônico que faz carreira no mercado financeiro, e que desde 2012 alimenta seu blog com textos sobre os mais diversos assuntos, agora incluído sob a plataforma do Boteco, cuja missão é disseminar boa leitura, tanto como informação, quanto opinião.

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